Um fim de semana bastante cheio. Desde aulas até no sábado, a jogos da Copa do Mundo (afinal é o meu esporte preferido) e o tempo necessário para preencher a minha outra diversão, o cinema (em casa, desta vez), impediu que eu pudesse ter atualizado antes este blog. A segunda-feira, para não ser diferente das outras, chegou carregada de compromissos. E mais uma vez a Copa, e dá-lhe Brasil, bem ao estilo Dunga.
Fica difícil, assim, a concentração para destacarmos questões polêmicas. Que continuam a acontecer mundo afora, mas não tiramos os olhos da Copa.
Resolvi postar um texto, então, para facilitar, que tivesse relação com os dois filmes que assisti no final de semana. Um deles, não entrou no circuito comercial brasileiro – onde provavelmente não vai estrear – mas já pode ser encontrado em algumas locadoras: Capitalismo: uma história de amor.
Documentário com roteiro e direção do polêmico cineasta estadunidense Michael Moore, nos apresenta uma edição bem feita dos males do capitalismo. Claro que ao estilo de Moore, com suas participações irônicas e provocativas, e uma montagem para juntar um estilo crítico à forte ironia. Assistimos este documentário na última aula do Núcleo de Estudos do Capital (NECAPI) e da disciplina, Crítica da Economia Política, onde discutimos o livro 3 de O Capital.
Achei que seria um bom instrumento para analisarmos os problemas típicos do capitalismo atual e comparar com as análises estruturais feitas por Marx na segunda metade do século XIX. Moore escancara as razões da crise, coloca o dedo na ferida do capitalismo e mostra fatos que, embora de extrema relevância para compreender a crise econômica mundial, foram omitidos pela mídia. Interessante observar que no livro 3 de O Capital, já desde a sua época, Marx analisava como se dava a especulação imobiliária, uma das principais razões da crise nos EUA e que agora se espalha pela Europa.
Juntamente com Corporation e Enron: os mais espertos da sala, Capitalismo: uma história de amor mostra com clareza as mazelas do capitalismo e o poder que exercem hoje em todo mundo, as grandes corporações. Pretendo tratar dessa temática, utilizando esses documentários, em um mini-curso que devo oferecer no próximo semestre.
O outro filme que ocupou, e bem, o meu tempo, era desconhecido para mim. Lançamento recente eu havia tomado conhecimento dele assistindo a um trailer que me despertou a atenção, principalmente pelos atores. Dois dos poucos negros a ganharem o Oscar: Denzel Washington (que também é o diretor) e Forest Whitaker. O Grande Desafio.
Por coincidência, visto que quando vi o trailer eu não havia me atentado para o período em que a história se passou, isso acontece na década de 30 do século XX, época de outra grande crise econômica, a grande depressão. Nesse ambiente, de dificuldades financeiras, principalmente nos Estados Unidos, um professor (Washington) inspira seus alunos a disputarem os tradicionais debates entre Faculdades, testando conhecimentos em diversas áreas, principalmente abordando questões políticas envolvendo direitos civis, cidadania e, claro, os problemas raciais que tanto marcaram a sociedade estadunidense e cujas marcas permanecem ainda hoje.
O Estado é o Texas, portanto, sul dos Estados Unidos, e a Faculdade (College), Wiley. Majoritariamente freqüentada por negros. Fortemente inspirados pelo professor, que tinha uma atuação política clandestina liderando a organização de pequenos arrendatários, em um dos Estados mais conservadores daquele país (e por isso acusado de comunista), a equipe de alunos destaca-se nacionalmente, até um momento que é o ápice do filme, mas não o fim dos debates: a disputa com a até então campeã dessa prática, a branca e elitizada Harvard.
O desfecho disso não será dito por mim, cabe a cada um que lê esse artigo buscar o filme e não só se distrair, como é de hábito o cinema possibilitar, mas conhecer um período turbulento da história dos Estados Unidos e como os negros foram oprimidos e massacrados diante de uma política violentamente discriminatória, a exemplo do que aconteceu no Brasil, África do Sul e muitos outros países. Claro que cada um com suas histórias diferenciadas no tempo e no espaço, portanto com especificidades e peculiaridades que as caracterizaram.
Eis então que, por boas razões, vi-me diante de dificuldades para escrever no Blog. Mas, por outro lado, ter assistido a esses filmes possibilitou que eu pudesse estrear, como eu já pretendia fazer, não como crítico de cinema, que eu não sou, mas em poder estar regularmente analisando alguns filmes neste espaço. Muito mais por suas temáticas do que propriamente pela estética, qualidade de roteiro e/ou desempenho de atores e diretores. Isso eu deixo para o meu amigo e professor da FACOMB-UFG, Lisandro Nogueira, em seu blog que aqui eu indico aos meus leitores: http://lisandronogueira.blogspot.com/.
O cinema acompanha a minha história de vida desde os 14 anos. Com essa idade pela primeira vez fui levado a assistir a um filme em tela grande por meu pai, também cinéfilo, como eu me tornei inspirado nele, para assistir “O Expresso de Von Ryan”, filme de guerra estrelado por Frank Sinatra. De lá para cá isso passou de simples diversão a um instrumento importante em minhas aulas de geopolítica.
Nessas férias de julho vou continuar fazendo referências a outros, na tentativa de incentivá-los a assistir filmes que tenham bons conteúdos. Sempre alertando que, mesmo baseado em fatos reais, como nos casos citados, o que é levado ao cinema exprime a visão do roteirista e do diretor. É preciso que, de nossa parte, busquemos pesquisar os fatos analisados, para aferirmos com melhores convicções até onde vai a realidade e quando ela se torna ficção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário