
Assim fez, confiando no conselho do
velho pároco. Uma semana depois o lavrador retornou e ouviu logo a pergunta do
pároco: “e aí, as coisas melhoraram em sua casa?”. De pronto, ele respondeu: “De
jeito nenhum, padre. Está muito pior. Todo mundo está chateado com essa
situação, é uma sujeira danada, a casa está caótica e fedida. Estamos mais
tristes do que antes”.
O pároco então deu a sugestão
final: “volte para casa, tire o bode da sala e verá o que acontecerá”.
Feito isso, o lavrador voltou e
retirou o bode da sala. Foi aquele alívio. A família lhe agradeceu efusivamente,
se prontificaram a ajudar mais e a não reclamar da situação, e elogiaram sua
bondade em solucionar aquele infortúnio.
Assim, se conta o que acontecerá
nesta segunda-feira. Os setores de direita, a grande mídia golpista já deu a
senha: Tirem o bode!! E todos ficarão felizes.
Eduardo Cunha é o “bode” na sala.
Ou melhor, é o “bode” na Câmara dos Deputados. Foi posto ali por grande parte
daqueles que hoje o imolam. Após fazer o serviço sujo, a aceitação do
impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e tendo sua ficha suja chegada ao
conhecimento da sociedade, ele emporcalhou o ambiente, atraiu toda a ira hipócrita da
direita e, naturalmente, da esquerda, e se constitui agora em um bode que já
soltou muito excremento em um ambiente que já não era tão limpo, mas que
precisa dar a impressão de limpeza, depois que aplicaram um golpe de estado, cujas
aberrações à Constituição não importaram e nem serão alteradas pela Suprema
Corte.
É um “bode” sujo, é verdade.
Sabidamente e conhecidamente sujo, há décadas na política. Portanto, não foi
posto no cargo de presidente por acaso. Era para ampliar mais ainda a sujeira, e a sua
retirada, agora, precisa dar a impressão de uma limpeza profunda.

Mais do que retirar um bode, é
preciso limpar todo o ambiente. Afinal, há centenas de outros bodes a serem
retirados. E a profusão de discursos moralistas de direitistas que botaram esse
bode pra fazer suas sujeiras, exala um hálito com um odor que não pode ser
botado na conta dos coitados desses bichos. E isso se espalha por toda a
esplanada.
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