domingo, 11 de setembro de 2016

A FÁBULA DO BODE NA SALA. E O “BODE” DO CONGRESSO BRASILEIRO

 Conta-se que um lavrador vivia em uma pequena e modesta casa, mas perdia a paciência com as reclamações da mulher e filhos com as condições em que viviam, com o desconforto da casa e impacientes com ambiente ruim. Ao pedir conselho ao pároco ele chegou a se espantar com a solução apontada por este: “bote um bode na sala, e volte daqui a uma semana”.
Assim fez, confiando no conselho do velho pároco. Uma semana depois o lavrador retornou e ouviu logo a pergunta do pároco: “e aí, as coisas melhoraram em sua casa?”. De pronto, ele respondeu: “De jeito nenhum, padre. Está muito pior. Todo mundo está chateado com essa situação, é uma sujeira danada, a casa está caótica e fedida. Estamos mais tristes do que antes”.
O pároco então deu a sugestão final: “volte para casa, tire o bode da sala e verá o que acontecerá”.
Feito isso, o lavrador voltou e retirou o bode da sala. Foi aquele alívio. A família lhe agradeceu efusivamente, se prontificaram a ajudar mais e a não reclamar da situação, e elogiaram sua bondade em solucionar aquele infortúnio.
Assim, se conta o que acontecerá nesta segunda-feira. Os setores de direita, a grande mídia golpista já deu a senha: Tirem o bode!! E todos ficarão felizes.
Eduardo Cunha é o “bode” na sala. Ou melhor, é o “bode” na Câmara dos Deputados. Foi posto ali por grande parte daqueles que hoje o imolam. Após fazer o serviço sujo, a aceitação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e tendo sua ficha suja chegada ao conhecimento da sociedade, ele emporcalhou o ambiente, atraiu toda a ira hipócrita da direita e, naturalmente, da esquerda, e se constitui agora em um bode que já soltou muito excremento em um ambiente que já não era tão limpo, mas que precisa dar a impressão de limpeza, depois que aplicaram um golpe de estado, cujas aberrações à Constituição não importaram e nem serão alteradas pela Suprema Corte.
É um “bode” sujo, é verdade. Sabidamente e conhecidamente sujo, há décadas na política. Portanto, não foi posto no cargo de presidente por acaso. Era para ampliar mais ainda a sujeira, e a sua retirada, agora, precisa dar a impressão de uma limpeza profunda.
Que a sociedade brasileira não acredite que um bode posto lá, e retirado estrategicamente, seja a solução para um parlamento que não está sujo somente por causa do tal caprino posto ali propositadamente, e que, como tal, se adaptou perfeitamente ao ambiente como condutor.
Mais do que retirar um bode, é preciso limpar todo o ambiente. Afinal, há centenas de outros bodes a serem retirados. E a profusão de discursos moralistas de direitistas que botaram esse bode pra fazer suas sujeiras, exala um hálito com um odor que não pode ser botado na conta dos coitados desses bichos. E isso se espalha por toda a esplanada.