domingo, 25 de novembro de 2018

A ONDA – OS DEMÔNIOS QUEREM NOS AMORDAÇAR


Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace”1
(John Lennon)
Filme "A Onda" - Alemanha, 2009
Experimentamos nos últimos tempos importantes transformações sociais. Apesar de todas as intempéries ocorridas em todo o mundo por intensos conflitos, guerras e crises financeiras, avançamos no tocante a direitos fundamentais em nossas condições humanas, e tudo isso registrado por leis e tratados internacionais. Nessas duas décadas do século XXI muitas conquistas sociais se tornaram realidade. Se não foram suficientes para acabar com as desigualdades e injustiças, o que é pedir demais dentro de uma lógica sistêmica que não pode prescindir disso, pelo menos garantiram um mínimo de proteção a segmentos marginalizados e a setores muito visados por se manifestarem cada vez mais ostensivamente por seus direitos, e pela garantia de poderem ser o que desejarem.
Mas porque entramos numa onda regressiva e a intolerância e ódio se disseminaram acentuadamente? Não é difícil entender isso, apesar do elevado grau de alienação em boa parte das pessoas. Podemos começar tentando entender como as questões econômicas definem as escolhas da população. É inegável que as sociedades capitalistas são condicionadas pelo elemento “economia”. Por isso a estabilidade política mantém as pessoas passivas, principalmente se os resultados apontam para empregos garantidos, possibilidades de consumo, créditos disponíveis e melhoria das suas condições de vida. O inverso disso, a instabilidade econômica, torna mais difícil a qualquer governo se manter incólume e a sociedade, inquieta e insatisfeita, segue em qualquer direção que possa servir de alento para retomar suas capacidades numa lógica que é comandada por um sistema que não permite a quem não tenha recursos financeiros se inserir como cidadão num ambiente que é por essência consumista. 
Num país de desigualdades crônicas, qualquer política econômica que resulte em mais do que equilibrar a economia, inserir um número considerável de famílias nos patamares superiores ao que elas se encontravam, gera um frenesi positivo e cria expectativas de que tais melhorias seguirão indefinidamente. Principalmente se nesse processo for garantido créditos que acentuem o consumo e possibilitem melhorias na qualidade de vida. É claro que a concessão de créditos implica necessariamente em acúmulos de débitos, que se sucedem na medida em que a expectativa seja positiva face ao futuro. Trocando em miúdos, para as classes médias e baixa isso quer dizer: endividamento.
Agora, imaginar que exista uma base eleitoral simplesmente porque políticas econômicas estão garantindo melhorias financeiras e elevando pessoas para a classe média, é um grande equívoco. Se não houver uma manutenção dessas condições econômicas essas pessoas se voltarão com força contra os que controlam o governo, já que imaginam que suas conquistas se devem ao poder de um Deus e que os seus fracassos diante de um desequilíbrio fiscal do Estado e a impossibilidade de garantir as mesmas políticas que os fizeram ascender socialmente, são jogados nas costas dos governantes. A segunda premissa é verdadeira e é inevitável que isso aconteça, já que as crises econômicas, cíclicas, a cada vez encurta o tempo em que aparecem.
Esse comportamento, inicialmente por meio de insatisfações contidas, tornam-se revoltas latentes quando são estimuladas por opositores, ou quando interessa estrategicamente a algumas forças externas vinculadas a governos ou corporações, desestabilizar politicamente um país e envolver multidões em atos que leve a reações violentas. Isso tem ocorrido com frequência na última década, e tem um nome: “guerra híbrida”.
No entanto, nem mesmo o discurso anticorrupção é suficiente para abalar o otimismo das pessoas em um ambiente onde a economia esteja equilibrada e as projeções são positivas. Aí, os problemas existentes, são congelados, como se não existissem, mas existem e cabe a quem tem o poder ter a capacidade de compreender isso buscar corrigi-los, antes que o caldo entorne.
Vejamos, por exemplo, o que ocorreu aqui no Brasil durante as investigações do escândalo denominado de “Mensalão”, também fruto de esquemas vinculados a desvios de recursos públicos para cumprir compromissos de Caixa 2 e assegurar apoio parlamentares aos partidos da base de sustentação do governo, ainda na primeira gestão do presidente Lula. O governo se manteve forte e a reeleição foi garantida.
Mas essa linha, entre apoio a um governo por conta de suas situações econômicas e a revolta com o mesmo, é muito tênue. Se desfaz rapidamente. Então é preciso que os que estão no governo pensem estrategicamente. Primeiro na inevitabilidade das crises e como prevenir-se diante da eminência de que elas ocorrerão. Segundo criando as condições para que essa massa de pessoas tenham a compreensão de como a realidade funciona e dos interesses escusos que muitas vezes levam governos à bancarrota em meio a disputas ferrenhas pelo poder.
Não é tarefa simples. Principalmente nos dias atuais, em que as notícias se proliferam pelas redes sociais, sem que necessariamente relatem fatos que tenham efetivamente acontecidos, ou que sejam verdades devidamente comprovadas ou comprováveis. Some-se a isso uma massa que segue como gado o discurso e as pregações vociferadas a partir dos púlpitos no estilo tradicional de especialistas em lidar com o medo das pessoas e controlá-los mediante a exposição de frases milenares e de vingança divina a uma possível traição aos valores religiosos. Constrói-se, pelo medo, o ódio a quem porventura se constituir em liderança e porta-voz de um povo, e que ouse ameaçar substituir sua divindade pela fidelidade a um mortal. A materialização das crenças de um povo, por meio da identificação de personagens reais, constitui-se em um perigo para dogmas que sobrevivem milenarmente e para os que se empoderam a partir disso e enriquecem às custas do medo e da ignorância popular. Ironicamente, foi assim que aconteceu com o criador do cristianismo. Deuses, existiam muitos, no imaginário que percorria o Império Romano, mas bastou aparecer alguém que diziam ser filho de um deus, e sua existência material provocar revoltas aos valores existentes a partir de pregações vistas como subversivas, e isso fez com que o grande Poder se manifestasse e procurasse eliminá-lo. E isso foi feito, tragicamente com apoio popular, que o trocou por um marginal.
Mas por aqui, uma conjunção de fatores contribuíram para reverter a situação que até 2015 era favorável à esquerda. Alie-se a essas questões os erros cometidos na condução dos governos Lula e Dilma, ao negligenciarem bandeiras agora tidas como moralistas, mas que foram carros chefes em outros momentos da história política do Brasil, como na luta para destituir um presidente identificado como corrupto na década de 1990, Fernando Collor de Mello.
Ao seguir um modelo corruptível, base da estrutura política brasileira, mas não só aqui, como de todas as democracias capitalistas embora com gradações diferentes e até mesmo com mecanismos legalizados de compra de parlamentares (como os lobbies autorizados nos EUA), os governos de esquerdas se viram vítimas de um discurso que foi se tornando eficaz, na medida em que passou a atingir muito mais do que pecadores, mas principalmente os pregadores. Aquelas vozes que foram marcantes na denúncia das corrupções no Estado e na identificação de personagens pérfidos por essa política, como Paulo Maluf , em São Paulo, e Antonio Carlos Magalhães, na Bahia, entre tantos outros, naturalizaram um mecanismo perverso da política brasileira: o Caixa 2 das campanhas políticas.
A esquerda, no poder, tornou-se assim, parecida com a direita, tanto no período militar quanto na redemocratização, até a virada do século XX no tocante à malversação dos recursos públicos, não importa se para manter um projeto de poder político visando atacar as desigualdades sociais. Os fins não podem justificar os meios, se estes forem pérfidos. E isso nos faz lembrar de uma frase marcante da política brasileira: “Nada mais parecido com um Saquarema do que um Luzia no poder”. Denominação dada aos políticos conservadores e liberais no Império, durante o segundo reinado da monarquia brasileira.2 Esses dois segmentos se revezavam no poder político, mas mantinham políticas parecidas no tocante ao uso do poder para a manutenção de privilégios. Isso não é uma comparação, mas a constatação que a esquerda não aprendeu com a nossa história, e foi incapaz de identificar uma onda que vinha de outras partes do mundo e poria abaixo essa forma de governar.
Sub-repticiamente, semelhante a uma serpente na maneira silenciosa de se mover e preparar o ataque, e pouco a pouco tendo se preparado para se colocar em condição de confrontar as ideias transformadoras de realidades sociais por séculos conservadoras, um movimento evangélico reacionário, neopentescostal, fundamentado na teologia da prosperidade e no “design inteligente”, pelo qual se tenta explicar cientificamente a teoria da criação, assumiu o discurso da política e ungiu o seu eleito para colocá-lo como porta-voz das ideias mais retrógradas desse movimento. O objetivo é disseminar esse poder difundido pelos púlpitos, fundamentado no medo, e no conservadorismo dos costumes. Diante da crise e da desesperança construída no meio do povo, o ataque foi frontal e certeiro nos valores progressistas que se disseminaram na sociedade, principalmente entre os mais jovens, na maneira de lidar com as políticas sociais, com os direitos humanos e as liberdades individuais e coletivas.
O ungido era porta-voz também de um discurso virulento, intolerante e claramente adepto da estrutura ditatorial militar que vigorou no Brasil nos anos 1960 e 1970, os 21 anos de trevas que se abateu sobre o país. Defensor de torturas e tendo como heróis torturadores julgados e condenados, e da militarização da política e da sociedade. Seu discurso se conjugou com o medo imposto às pessoas pelas pregações de púlpitos e dos programas religiosos nas mídias e foi atrelado ao medo da violência, esse bem real, consequência do desequilíbrio social, do desemprego em alta escala e da desesperança da juventude. A criminalidade crescente e o uso disso por “abutres” do jornalismo sensacionalista, fez com que gradualmente fosse tomando conta das mentes das pessoas o perfil de um presidente que pudesse acolher novas expectativas, desta feita geradas não pela esperança de um futuro radioso, mas pelo pessimismo de uma realidade perversa potencializada pela perversão do discurso.
A história nos mostra que movimentos políticos ou sociais que transformam-se em ondas, tendem a consolidar-se de forma tirânica, seja como ditaduras, teocracias, totalitarismos, absolutismos ou arremedos de democracias. Não importa o formato, se houver o apoio da maioria da sociedade e que esta assimile o discurso imposto por impostores, com perdão da redundância, as dificuldades para retomar um curso mais racional e progressista se tornam enormes e demandam tempo. E o que se vê, mais do que as questões que envolvem as políticas de Estado, do grande Poder, por assim dizer refletindo os estudos de Michel Foucault3 bem explicado pelo geógrafo francês Claude Raffestin4, é um ataque às liberdades individuais que vieram se consolidando desde o final do século XX.
Desta feita, o movimento em curso pretende portanto, mais do que o Poder, assim, com P maiúsculo, pois que se refere ao Estado. Se organiza para tentar impor barreiras aos avanços culturais da sociedade e a disseminação de valores que confrontem dogmas caros a segmentos religiosos e a igrejas que veem na ampliação de seus séquitos a condição para o enriquecimento crescente de seus líderes. Miram também nos pequenos poderes, nas relações familiares, na verdadeira doutrinação como é feita nas igrejas e que se desejam fazer nas escolas públicas.
Entendo que o movimento “Escola sem Partido”, uma aberração que tenta impor mordaças a professores/as de escolas e universidades, tem por objetivo impedir as liberdades individuais e o que eles denominam de “liberalismo nos comportamentos”, que são vistos como pecaminosos e desvirtuadores de princípios basilares do cristianismo. Não é um movimento restrito ao Brasil, embora com algumas nuances características da nossa cultura e da importação de um evangelismo que se mescla com interesses empresariais na condução da religião, tem muita semelhança com o que foi construído nos EUA nas últimas décadas, mais especificamente desde a primeira eleição de Barack Obama. Com o tempo, e seguindo-se essa estratégia que vemos ser aplicada hoje no Brasil, culminou na eleição de um presidente com as características de um personagem de uma ópera bufa e um discurso antipolítica, escorado nos valores conservadores do fundamentalismo religioso evangélico daquele país.
Mas não é somente um movimento contra esse liberalismo comportamental. Ele visa também conter o avanço das ciências na direção cada vez mais certeira de indicar as razões pelas quais existimos, e a indicação de que quase tudo teorizado por Charles Darwin no século XIX, tem sido gradativamente comprovado, e até mesmo ido mais além, através da investigação científica. Quanto mais a ciência avança, mais se coloca em xeque dogmas tradicionais que representam a base dessas religiões. Por esta razão surgiu para fazer o debate com o evolucionismo, o “design inteligente”, ou a tentativa de provar cientificamente o mito da criação do mundo. E a partir daí se estruturou fortemente, primeiro nos EUA, e de lá se espalhou para outras regiões, principalmente América Latina e Brasil, um fundamentalismo religioso, fortemente militante, que se estrutura por aqui a partir do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (CIMEB), que tem como vice-presidente o ultra-conservador e pastor Silas Malafaia, um dos que mais tem se envolvido nos últimos anos nas eleições brasileiras, desde as municipais até a presidencial, reforçando a cada processo eleitoral bancadas evangélicas que tentam impor por meio de projetos de leis valores cristãos, à revelia da condição de estado laico estabelecido pela Constituição Brasileira. Embora essa laicidade seja, de fato, questionável, pela influência que até aqui foi exercida pela igreja Católica, outro ramo do cristianismo. Isso explica o excesso de feriados religiosos santificados que existem no Brasil.
Mais do que tentar impor discussões sobre gêneros, o que esse segmento religioso fundamentalista deseja é manter seus dogmas intocáveis, tentar controlar o conhecimento científico a partir desse movimento tentando influenciar nas destinações de verbas para pesquisas, tendo como foco, principalmente, as áreas de humanas, vistos por eles como ambientes permissivos controlados por marxistas.
Assim, nos deparamos com dois movimentos em meio a uma estratégia clara de Poder. O controle do Estado, etapa vencida com as eleições, que passará a sofrer transformações para adequar políticas sociais e culturais a esses objetivos conservadores fundamentalistas religiosos; e o embate com a academia, na tentativa de impor pelo silêncio e o amordaçamento de intelectuais e professores, seus fundamentos religiosos como elementos explicativos de nossa existência no mundo e a escravidão e dependência que devemos ter ao seu deus, como se esse fosse único, em meio a tantas diversidades espalhadas por todos os continentes e aqui no Brasil. Essa última etapa visa também impor restrições à atuação dos professores do ensino fundamental e médio.
É absolutamente equivocada a afirmação que o ensino brasileiro se baseia em ideologias marxistas. Profundamente falso, já que majoritariamente os professores não são de esquerda e sequer marxista, com uma diminuta, ínfima, exceção. Que se concentram nas áreas de humanas porque Marx e Engels, assim como Comte, são referências acadêmicas nas Ciências Sociais, e não necessariamente militantes. E o fato de terem seus textos citados não tornam os professores automaticamente socialistas ou positivistas. Mas por trás de toda essa algazarra que se faz, e nitidamente com objetivos ideológicos, está a gradativa intenção de retirar do Estado esse caráter laico, e impor ensinos, valores e culturas baseadas no cristianismo, em especial nesse mais tosco, que tem como base a intolerância, a estupidez, o ódio e reflete todo o caráter reacionário construído a partir dos púlpitos de igrejas de linhagens protestantes, ultraconservadoras dos Estados Unidos. Esse fenômeno foi relatado em um livro, sintomaticamente pouco divulgado, denominado “Os demônios descem do Norte”.5 Publicado no final da década de 1980, já analisava todo esse movimento que transformou a política naquele país, e que se espalhou por tantos outros lugares, objetivando impor valores conservadores às sociedades e consolidar o domínio dos poderes capitalistas.
Como se vê, e parafraseando a velha frase shakeasperiana, “há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vâ filosofia”. Teremos tempos conturbados, e acredito ser pior do que aqueles pelos quais minha geração passou. Já experimentamos um modelo de governo ditatorial, de imposição de valores, cerceamento de nossas liberdades e censura sobre o que se podia noticiar e ensinar nas escolas. E foi um tempo de perseguições políticas, prisões, torturas e mortes, por quem divergia politicamente do governo militar. Um tempo em que as pessoas eram “suicidadas” e morriam assassinadas com laudos de latrocínio, embora as causas fossem a militância política, e os cartazes de terroristas, ladrões e estupradores eram espalhados pelas cidades adjetivando principalmente jovens militantes da oposição. Os dias de hoje nos jogam num cenário tão pérfido quanto aquele, que se acentua em função das ferramentas tecnológicas, das fake news, que podem transformar alguém em criminoso e justificar ações beligerantes, pelo que se fala, até mesmo com o uso de “snipers”. Hipocritamente, “em nome de Deus”.
A verdade só é crível se pudermos investigá-la. Mas nesses tempos o que se deseja não é a verdade, é a manipulação, a alienação, a disseminação de valores inspirados em uma única crença. E a excrescência do “escola sem partido” representa exatamente a tentativa de ideologizar o conhecimento na direção de um pensamento único, é o oposto de tudo que diz querer acabar. Intimidar os professores, tentar nos silenciar, amordaçar-nos impedindo nossa liberdade de cátedra, impedir avanços da ciência, somar-se-á à tentativa de eliminar a laicidade do Estado e impor uma espécie de “sharia” cristã, por meio da qual o comportamento e a cultura seriam controlados. Às mentes iluminadas cabe resistir ao obscurantismo, naturalmente, afinal, como dizia Vinicius de Morais, “a liberdade é a essência do ser humano”.
“E pur si muove!”6
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1 https://www.youtube.com/watch?v=D2yeUGpRfVs
2 https://alunosonline.uol.com.br/historia-do-brasil/saquaremas-luzias-os-partidos-imperio.html
3 FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. São Paulo: Graal Editora, 2008.
4 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Editora Ática, 1993.
5 LIMA, Delcio Monteiro de. Os demônios descem do Norte. Rio de Janeiro: Francisco Alves editora, 1987.
6 Frase que teria sido pronunciada por Galileu, logo após o final de seu julgamento à “Santa Inquisição”. Seu crime: ter dito que a terra girava em si mesma e em torno do sol. Embora absolutamente correto, ele foi obrigado a se retratar. “Ainda assim, ele foi condenado e obrigado a permanecer em prisão domiciliar pelo resto de sua vida. Conta-se que após o veredicto, Galileu proferiu a seguinte frase: ‘eppur se muove’ – e, no entanto, ela se move”. (https://brasilescola.uol.com.br/fisica/galileu-ciencia-santa-inquisicao.htm)