quinta-feira, 1 de julho de 2010

GEOPOLÍTICA, NATUREZA, SOCIEDADE... E O CAPITAL!

Encerrei mais um ciclo de apresentação de trabalho dos meus alunos. Pretendo fazer uma análise deles, embora de forma sucinta. Foram mais de 20 grupos, distribuídos em três disciplinas: Natureza e Sociedade (Ciências Geoambientais); Geopolítica e Geografia Política (Geografia) e Crítica da Economia Política – O Capital Vol. III (Núcleo Livre). Pretendo abordar neste blog principalmente o conteúdo dos temas que tratamos, mas também a forma que escolhi para a apresentação desses trabalhos.

À exceção daqueles do núcleo livre, organizei e orientei os alunos para produzirem vídeos, inovando um pouco minha metodologia, tentando adequá-la às novas ferramentas tecnológicas. Ainda assim, sei que estamos aquém dos avanços obtidos pela informática nos últimos anos. É melhor falar nos últimos tempos, devido à rapidez com que isso acontece.

Vou começar falando do conteúdo apresentado na disciplina Natureza e Sociedade. O tema, claro, tem a ver com o programa da disciplina que aborda essa relação, ultimamente bastante em evidência, em decorrência dos sucessivos “eventos extremos”, expressão designada para identificar “comportamentos” exagerados na natureza. Os impactos desses descontroles, aparentemente causados por questões naturais, afetam sobremaneira as sociedades pela forma como o ser humano construiu seu habitat. Já tratei disso em um dos textos publicados no blog, e pretendo prosseguir na discussão (“Um novo fundamentalismo I”).

Utilizei como referência para as discussões, e posteriormente edição dos vídeos, o livro de Jared Diamonds, “Colapso”. Nele, o biogeógrafo norte-americano, nascido nos Estados Unidos e professor da Universidade da Califórnia, analisa como ao longo da história algumas sociedades lidaram com a relação ser humano-natureza.

Procurando entender os erros cometidos, que levaram ao colapso de algumas delas, bem como o sucesso obtido por outras poucas, Diamonds tenta encontrar respostas para os dilemas atuais das sociedades contemporâneas. Aliando conhecimentos geográficos, biológicos, geológicos e antropológicos, dentre outros, ele apresenta cinco pontos que seriam responsáveis pelas dificuldades do ser humano em lidar com a sustentabilidade na relação com a natureza:

1. dano ambiental; 2. Mudança climática; 3. vizinhança hostil; 4. Parceiros comerciais amistosos; e, 5. Respostas da sociedade aos seus problemas ambientais. (DIAMONDS, Jared. Colapso. São Paulo: Ed. Record, 2005)

Embora aparente alarmismo, até pelo título da obra, Diamonds é bastante criterioso em sua análise para identificar os problemas, mas eu diria que, por outro lado, otimista demais frente às possibilidades de sucesso a partir de intervenções equilibradas e responsáveis na busca por alternativas às ações destrutivas da sociedade humana.

Em oposição à essa visão Guillermo Foladori, em seu livro LIMITES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, afirma que somente com a substituição do sistema econômico capitalista, se poderá pensar em estabelecer novas relações com a natureza e buscar uma nova cultura que defina outro estilo de vida para o ser humano. Procurei fazer um contraponto entre essas duas opiniões, ao longo do semestre.

Os trabalhos feitos, em vídeos de meia-hora, demonstraram um amadorismo natural, visto que falta ainda experiência para lidar com esse novo formato de trabalho. Por outro lado mostrou como a internet ainda é usada também de forma amadora, e de como a própria tecnologia é mal utilizada por uma juventude que é a representação desses tempos de orkut, facebook, twitter e outros canais de expressão que virou moda para a geração atual - e também para alguns veteranos que ainda lembram-se do velho e muito usado mimeógrafo (provavelmente os jovens de hoje sequer tenham ouvido essa palavra, quiçá saber o que ela significa, e olhe que estou falando de algo bem recente no curso da história humana). Significa que essa geração lida apenas com o básico, o necessário para conversar e assistir vídeos.

Mas, apesar dessa análise um pouco rígida, para não fugir do meu estilo, o resultado foi altamente positivo. Que demonstra a existência nesses alunos de um potencial que devemos explorar com mais firmeza, embora isso os assuste. Tenho dito que a nós professores cabe a tarefa de explorarmos ao máximo a capacidade, às vezes inerte, de nossos alunos. Creio que quanto mais exijamos deles mais conseguiremos formar bons profissionais. É um desafio, que eu, particularmente, encaro sem receio que eles me demonizem. Afinal, como não acredito em demônios não me preocupo com isso. Sei que depois os mais dedicados agradecerão. Os insatisfeitos certamente aprenderão também, mas esses demorarão mais tempo para compreender que certas oportunidades não se repetem. Ainda assim não será tarde para agradecer às impertinências do mestre.

Finalizei as aulas com um documentário que também recomendo a todos: HOME – NOSSO PLANETA, NOSSA CASA. Com belíssimas imagens, sempre filmadas do alto, de mais de 50 países, e um texto muito bem articulado, este documentário bem que poderia ser visto como a síntese do que Diamonds aborda em seu livro, muito embora os dois trabalhos não tenham conexão. Pelo menos não que eu saiba.

O documentário, produzido pelo fotógrafo e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand, está com livre acesso, inclusive para download no site, http://www.home-2009.com , ou em partes no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=uf8Nt759-y0&feature=player_embedded. Mas também já pode ser encontrado em DVD nas locadoras.

Volto depois para falar sobre os demais trabalhos apresentados, com os clássicos da Geopolítica e do Núcleo de Estudos de O Capital.

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