Desafeto de Chavez, e aliado de primeira hora dos Estados Unidos, Uribe, tal qual fez no ano passado em relação à Roberto Correia do Equador (outro que eventualmente freqüenta o eixo do mal), responsabiliza a Venezuela pela presença de guerrilheiros das Farcs na fronteira entre os dois países, obviamente, do lado da Venezuela. Onde teoricamente as tropas colombianas não poderiam atacar.Quais as razões que levam, assim como no caso do Irã, os EUA e seus aliados, criarem fatos que causem atritos com aqueles países que praticam uma política que desdenham do poder imperial? Não é estranho, em conseqüência, que as manchetes ampliem incidentes provocados deliberadamente com o intuito de repercutirem de tal forma que justifiquem ações retaliatórias, quando não ameaças de ações militares. Veremos depois que o mesmo acontece com a Coréia do Norte.
Em muitos desses casos as ações são provocadas com a participação de espiões infiltrados, disfarçados até mesmo de executivos de empresas estratégicas ou da própria estrutura de um Estado. Tudo isso pode ser devidamente comprovado pelo depoimento transformado em livro de um ex-espião: CONFISSÕES DE UM ASSASSINO ECONÔMICO, de John Perkins (e de uma outra publicação dele mesmo, com ajuda de outros “assassinos econômicos”: História Secreta do Império Americano), publicado pela Editora Cultrix.
(Ver entrevista de Perkins em: http://www.youtube.com/watch?v=vH3qK_bnQCg&feature=related)
Mas não quero entrar no mérito das divergências entre a Venezuela e a Colômbia. Porque este país é apenas uma peça no tabuleiro de xadrez da América Latina, nas mãos de um jogador poderoso. O importante é compreendermos que, muito além das bazófias de Uribe, está em disputa fronteiras que possuem uma importância estratégica vital para os EUA. A Colômbia é nada mais do que um imenso paredão a proteger as fronteiras existentes entre a Venezuela e o Panamá. Isso pelo que a Venezuela representa hoje.
Na Venezuela uma enorme reserva de Petróleo, que inclui aquele país dentre os maiores produtores de petróleo do mundo, e um dos membros ativos da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP. E, do outro lado da fronteira colombiana, no que antes formava a Gran-Colômbia (separados a partir de ações dos EUA), o Panamá, localizado estrategicamente, com um canal controlado pelos EUA, que faz ligação marítima com dois oceanos. Ao olharmos o mapa (sim, a cartografia constitui-se em um elemento importante para desvendarmos alguns mistérios) podemos entender melhor as preocupações dos Estados Unidos.Na década de 1980 aconteceu uma mudança bru
sca na política panamenha, com a eleição de Manuel Noriega, ex-agente da CIA, mas que rebelou-se contra os EUA ao assumir o poder naquele país. O resultado foi uma ação militar estadunidense em 1989, sob o comando de Bush (pai), que terminou com o seqüestro e prisão de Noriega e a morte de mais de 3.000 pessoas, a maioria civil.
O Canal de Panamá possui uma importância vital para a economia dos Estados Unidos. Possibilita o encurtamento de uma enorme distância na ligação entre as duas costas daquele país, banhadas por diferentes oceanos – o Pacífico e o Atlântico. É importante economicamente, mas é fundamental militarmente. Essas duas razões impõem a existência de uma série de bases militares na região, ampliadas recentemente em novo acordo com a Colômbia, sob pretexto de combate ao narcotráfico.
Vê-se assim, a real preocupação dos Estados Unidos em não aceitar um discurso beligerante como o de Chavez, e muito menos a sua intenção de expandir a “revolução bolivariana” pelos demais países da América Latina e Central.
E, como por trás de todo o aparato de comunicação existe a influência de grandes corporações, os interesses se combinam, e determinam a maneira como o perfil dos governantes desses países, contrários à essa política tradicionalmente hegemonista em nosso continente, vai ser destacado. De forma a gerar uma antipatia das populações contra essas lideranças. Por isso mesmo o tom das notícias devem ser não somente de tratá-los como inconseqüentes e/ou irresponsáveis, mas de ironizá-los por suas idéias e muitas vezes tratando-os com desdém e os desqualificando. Bem se vê, que independente das críticas que se façam às ações de cada um desses governantes, é preciso ir muito além dos discursos, e descobrir os interesses estratégicos que faz das notícias transmitidas pelos grandes meios de comunicação, informações suspeitas, a servir aos interesses hegemônicos dos EUA e às grandes corporações que operam milhões de dólares em todo o mundo e contribuem para manter a própria mídia em funcionamento.
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