segunda-feira, 4 de maio de 2020

ESTAMOS ATINGINDO OS LIMITES DA NATUREZA HUMANA E DO ECOSSISTEMA


Imagem: Fenafar
O momento que atingimos, em termos do desenvolvimento humano, e de ações antrópicas sobre a natureza, pode ter chegado a um ponto da curva de difícil retorno, a depender do tempo para reação. A aceleração marcante das inovações e transformações geradas por um novo ciclo do capitalismo, na virada do século XX para o XXI, indicam uma destruição imponderável do nosso ecossistema. Saímos, séculos atrás, da situação em vivermos numa sociedade contemplativa, teocêntrica, e avançamos rapidamente para um novo mundo onde a criatura humana se tornou ela própria deus de si mesma, e justificou o mito da religião ocidental, da representação divina como correspondente a figura humana. Mas o “homo-deus”, na expressão de Yuval Harari, suplantou qualquer poder divino, porque este é abstrato. Na concretude de seus atos, e do racionalismo que imperou na lógica antropocêntrica, cada vez mais, nos deparamos com uma rapidez estonteante nas técnicas, nas ciências, no desenvolvimento tecnológico e na facilidade de comunicação. Tornamos o tempo refém de nossos desejos, mas foi preciso nos acelerarmos pela imensidão de objetos que criamos e precisamos nos adaptar. E buscamos criar inteligências artificiais que podem nos superar em capacidade de construção de novos meios e formas de “vida”. Caminhamos para fazer de nós mesmos seres obsoletos, em essência.
Esse destino que tem sido construído a partir da obsessão por ganhos financeiros e pavimentou uma lógica sistêmica que sobrepõe a busca pelo lucro incessante, desvalorizando a vida e impondo pela ganância, que mecanismos de governanças determinem os custos da vida humana pelos padrões dos gráficos e algoritmos que dominam os mercados financeiros e o viés neoliberal da economia. A guerra, a disputa ao extremo pela riqueza, as estratégicas frias e calculistas para se obter ganhos a qualquer custo, tornou um dos clássicos da estratégia, o livro “A Arte da Guerra”, de Sun Tsu, escrito há mais de dois mil anos, como dos mais consumidos por administradores, CEOs de grandes empresas e os que lidam com grandes negócios. É um livro que se encontra mais nas prateleiras dessas áreas, do que no interesse dos estudiosos de História e Geopolítica, onde ele deveria estar.
Assim, atentos a esses processos, torna-se mais fácil entender as perigosas escolhas feitas pelos governantes em suas políticas e em quais setores estratégicos se investem mais, ou menos. As consequências batem à nossa porta, às vezes em forma de microrganismos difíceis de serem identificados e, principalmente, combatidos. Chega a hora, então, de escolher quem dentre os humanos serão sacrificados. A análise, pura e simples, dos mecanismos de funcionamento do sistema capitalista, nos dá facilmente essa resposta.
Imagem: Irgur.com
As decisões políticas de um governo sobre ações, por exemplo, que afete a nossa biodiversidade de maneira extrema, sucumbindo à aceitação da devastação da natureza, por omissão ou por política deliberada, causa, inevitavelmente, reflexos e consequências devastadoras por toda uma cadeia de relacionamentos que nos conectam em fluxos complexos mas que estão umbilicalmente ligados. Há um equilíbrio natural que comanda a vida em nosso planeta, nos mais diversos biomas e ambientes diversificados que se espalham pelo globo terrestre. Qualquer quebra nesse equilíbrio afeta em um efeito dominó sequencialmente uma diversidade enorme, de seres vivos que se completam até mesmo nas suas incompatibilidades.
Para não discorrer muito nessa direção, basta citar o mal que se faz atualmente o uso descontrolado de agrotóxicos com alto poder de destruição sobre diversas espécimes, que tem afetado abelhas e, por consequência, impactado fortemente no processo de polinização de plantas, levando a ocorrência de desaparecimento da flora, e a própria dizimação das abelhas. Isso é indescritível para compreensão da dimensão que atinge esses processos danosos e devastadores. Imaginemos o quão destruidor é o desmatamento de matas e florestas, de destruição de biomas, e os desequilíbrios causados pela ausência de populações mais variadas de seres vivos, desde microrganismos até animais e árvores de grande portes. Deixamos de ser o que sempre fomos e construímos um mundo esgotado em termos de biodiversidade, de descontrole socioambiental e onde a ausência de predadores naturais de diversas espécies podem levar, e estão levando, a um ambiente totalmente descontrolado.
As cidades, por seus entornos destruídos, empurram espécies silvestres para convivência com seres humanos já debilitados em termos de capacidade imunológica, pelo afastamento com a natureza e pela vida em um ambiente disseminador de doenças pela absoluta ausência de estruturas adequadas de saneamento. A água, fonte da vida, torna-se um importante vetor de transmissão de doenças e geração de organismos destruidores, que afetam com destaque crianças e os mais velhos, mas não deixa ninguém imune. Principalmente os mais pobres, que representam a maioria da população mundial, e em alguns países correspondem a dois terços de suas populações.
Ter a dimensão dessa realidade é fundamental para compreendermos as decisões sobre os investimentos estatais, e para onde eles serão alocados. O que temos vistos nos últimos anos, embora tenha crescido muito fortemente as pressões sobre governos e governanças mundiais e nacionais, é uma negligência de atores principais, porque administram grandes nações ou aquelas mais poderosas economicamente. Uma absoluta falta de consenso sobre o que deve ser prioritário, e a necessidade de preservar o que ainda resta de uma natureza terrivelmente atingida pelas ações gananciosas de grupos insensíveis e insensatos, mas com objetivos claros e definidos na linha especificada anteriormente.
Imagem: Câmera Record
Entro aqui no elemento principal, objeto desse artigo: a saúde. Sabemos, e já abordamos isso em textos anteriores, que a cidade se tornou o polo atrativo no interesse do desenvolvimento de um sistema produtor de mercadorias. E essas se realizam, são produzidas, e circulam majoritariamente nas cidades. Os mercados consumidores exponencialmente cresceram a partir do desenvolvimento acelerado das cidades. As condições de vida, no entanto, não acompanharam o processo de urbanização. A utilização da mão de obra assalariada, cada vez mais disponível à medida em que as pessoas deslocavam-se do campo para cidade, beneficiava os proprietários dos meios de produção, e os baixos salários pagos se refletiam no crescimento de periferias, e nessas de bairros desprovidos de infraestruturas adequadas, principalmente sanitárias, com falta de água, higiene e saneamento básico. A pobreza se tornou uma doença, que potencializava a disseminação de outras doenças crônicas transmissíveis ou não-transmissíveis, endêmicas, epidêmicas, metabólicas etc. Seja ligada ao estilo de vida urbano ou às condições sanitárias inadequadas. Mas como o Estado passou a lidar com essa situação, de uma população fragilizada pela miséria, e que aumentava junto com as cidades, de forma desordenada e descontrolada?
O século XX, já vimos, passou por momentos cruciais, que exigiram do Estado a intervenção necessária para conter surtos epidêmicos ou crises econômicas graves, depressivas. Em cada um desses momentos o desafio principal foi como lidar com um número muito elevado de pessoas que viviam em condições de vida miseráveis. Foi preciso uma forte intervenção estatal para recompor empregos e ganhos salariais que garantisse a essa população consumir numa escala que viesse a tirar o sistema da crise, em função de paralisação da economia, nos dois cenários citados. A Europa agiu acertadamente, com base na aplicação de políticas keynesianas e com forte incremento financeiro a partir do Plano Marshall. Instituiu-se, assim, o que ficou conhecido como “Welfare State”, ou Estado de Bem-Estar Social. Naturalmente existia o interesse do bloco capitalista em demonstrar que havia também em seus interesses uma preocupação com as questões sociais, a fim de se contrapor no âmbito da guerra fria, ao socialismo representado pela União Soviética.
A Globalização, ou Mundialização, traria outras concepções, a partir da crise dos países socialistas, e da subjacente crise do sistema capitalista. Intensificou-se um outro viés na economia e uma inversão na maneira como o Estado até então agia, no sentido de manter a economia sob controle a partir da necessidade de garantir aos cidadãos o pleno emprego e níveis salariais que tornassem seus estilos de vida compatíveis com segurança social, saúde e educação.
A partir de então tornou-se mantra o discurso de retirar as amarras que os estados impunham as empresas. A desregulamentação da economia tornou-se o novo objetivo a ser alcançado, para limpar o caminho de controles que continham as possibilidades de ganhos, e, consequentemente impediam que as empresas pudessem crescer e oferecer melhores oportunidades àqueles trabalhadores mais capacitados, num mundo marcado pela necessária especialização em setores importantes que surgiam e se tornavam motores do crescimento. Um novo processo da revolução tecnológica capitalista se impôs, agora alimentando mais fortemente a ganância, erigida ao patamar de quase divindade, e apregoada como algo essencial para o desenvolvimento.
Essa nova valorização da ganância se tornou marcante em um filme clássico no final dos anos 1980, época em que começava a se desconstruir o estado de bem estar social na Europa e EUA: Wall Street – Poder e Cobiça, no discurso expressado pelo personagem central, um megainvestidor Gordon Gekko:
“A questão é, senhoras e senhores, que a ganância — na falta de uma palavra melhor — é boa. Ter ganância é certo. Ter ganância funciona. A ganância esclarece, separa e captura a essência do espírito evolucionário. A ganância, em todas as suas formas — ganância pela vida, pelo dinheiro, pelo amor, pelo conhecimento — marcou a evolução da humanidade. E a ganância — lembrem-se de minhas palavras — irá salvar não apenas a Teldar Paper, mas aquela outra empresa chamada Estados Unidos da América. Obrigado.”[1]
Essa redução da influência do papel do Estado na economia abriu caminho para um mais forte protagonismo das empresas, grandes corporações, em atividades antes controladas e, cujo objetivo, era garantir as condições básicas para que as pessoas fossem respeitadas em seus direitos de cidadania. Naturalmente o foco dessas empresas seriam aqueles setores caráter estratégico, e com maior demanda no mercado e potencial de crescimento pela incorporação de novas tecnologias.
Um desses setores, que pela própria característica da urbanidade teria um forte potencial de investimento e retorno lucrativo, era a indústria da saúde, principalmente a farmacêutica. Alguns países, pela própria característica de suas democracias, com uma maior e mais efetiva participação da população em reivindicações e na garantia de seus direitos, foram forçados a manterem muitos mecanismos conquistados no Walfare State, e a garantir proteção à saúde das pessoas, por meio de seguros ou planos bancados pelo Estado de forma universal. Evidente que com o tempo e as transformações geradas pela economia muitos desses serviços foram terceirizados, embora pleno e quase gratuito, eram administrados por empresas que recebiam do Estado para isso. Os modelos foram se diferenciando, mas em muitos países europeus se manteve o atendimento às pessoas à saúde como direito de cidadania.
Mas nos EUA isso se deu de forma diferente. A radicalidade gerada pela guerra fria opunha qualquer mecanismo de atendimento à população que pudesse ser caracterizado como controle do Estado. As vozes ultra-conservadoras elevavam o tom de seus discursos e atacavam essas propostas como sendo de caráter socializante. Evidente que por trás disso estavam interesses de grandes corporações farmacêuticas, de empresas que começavam a despontar com força na administração hospitalar e que aliavam essa atividade com a venda de planos de saúde, apresentadas como eficientes na proteção da vida.
Esse forte poder, que emergiu com muita força e se impôs, escondia uma perversidade que traria fortes consequências. O interesse econômico e a ganância presente na forma como esses planos de saúde se estruturavam desrespeitavam, assim como continuam fazendo até nos dias de hoje, a condição dos indivíduos em momentos em que suas vidas estavam necessitando urgentemente de internações hospitalares ou de acompanhamento de doenças crônicas. Isso foi muito bem abordado pelo cineasta estadunidense Michael Moore, no documentário premiado em 2008 com o Oscar, “Sicko – SOS Saúde”.[2]
Moore usa uma linguagem bem típica em seus documentários, onde mescla a crítica ferina ao estilo de vida “americano” (american way of live) com fortes ironias. Mas ele consegue construir bem a crítica ao sistema de saúde naquele país, e o forte discurso conservador que se impunha e se impõe, por meio de lobbies no Congresso e de uma política agressiva das corporações farmacêuticas. Em trechos onde percorre outros países, cujos sistemas de saúde são mais abrangentes, protecionistas e gratuitos, como Canadá, Reino Unido (cujo modelo em parte foi copiado para a constituição do Sistema Único de Saúde – SUS – no Brasil) e França na Europa; e Cuba, na América Central. Neste último, a exposição de como os prisioneiros da prisão de Guantánamo eram atendidos, com maior proteção e atenção que os estadunidenses que haviam participado dos resgate de corpos no Wall Trade Center, e não conseguiam ter um cuidado em suas saúdes protegidos pelo Estado, pode ser questionado pela forma como Moore se manifesta, mas o objetivo, creio, era demonstrar uma incoerência com a maneira como o governo de seu país tratava o seu povo. Em Cuba, Moore mostra um sistema de saúde com outro viés, não curativo, mas preventivo, e oferecido de forma universal e gratuita para a população.
Mas em relação à Europa alguns elementos de como isso passou a funcionar após a década de 1980, principalmente na segunda década do século XXI, não foram abordados, como o crescente processo de terceirização. E, até pela data em que o documentário foi produzido, não estão contempladas as mudanças que se tornaram constantes em diversos países, reduzindo os direitos de atendimento à saúde, previdenciários e de aposentadorias. Essas tem sido as principais batalhas que têm levado às ruas centenas de milhares de pessoas, principalmente na França, só contidas pela disseminação da Covid19.
As propostas dos governos tem sido de reduzir os impactos causados pelo que eles consideram “gastos” excessivos e rombos gerados por um desequilíbrio devido a um envelhecimento da população e à estagnação do crescimento demográfico. Esses são argumentos usados praticamente em todos os países que, após a crise de 2008 tiveram que lidar com forte déficit causado pelo custo de ter que intervir naquele momento para salvar os bancos e o sistema financeiro da bancarrota. Ao fim, e ao cabo, a corda quebra para o lado mais fraco, a não ser naqueles países que conseguiram realizar grandes manifestações populares e greves nacionais.
Nos EUA, em nenhum momento se consolidou um modelo padrão de atendimento à saúde que fosse universal e gratuito. Apesar de alguns programas voltados para atendimentos básicos às camadas mais pobres, isso não atingia o acompanhamento a doenças de alta complexidade. Aliás, algo que também terminava não ocorrendo em grande parte dos que possuíam planos de saúdes, que lá funciona de forma diferente. O paciente precisa ser atendido e depois os seus gastos serão restituídos pelas empresas, na maioria dos casos. Às vezes isso não acontece, porque determinadas enfermidades não são identificadas como incluídas nos contratos, levando a situações de falências pessoais ou de necessidade em se desfazer de algum bem para cobrir os custos hospitalares ou dos altos custos dos medicamentos.
Mais recentemente, após proposta de Barack Obama, em 2010, em criar um sistema de saúde que possibilitasse a todos um atendimento amplo e de caráter estatal, uma vez que cerca de 40 milhões de pessoas não possuem nenhum tipo de atendimento médico, gerou uma forte disputa com os setores conservadores, resgatando comportamentos radicais semelhantes aos que existiam durante a guerra fria, com acusações de ser um projeto estatizante e socializante. Obama passou a ser visto como defensor do Socialismo, em função dessas propostas. Apesar de aprovado o “Obama Care” como ficou conhecido, ou “Affordable care act” (Lei de Assistência Acessível) se tornou foco de uma forte disputa entre democrata e republicanos, até ser deformado por ação da justiça. Com a eleição de Trump o “Obama Care” foi mais ainda atacado, o que já estava acontecendo mesmo durante a campanha, e sua derrota se tornou uma das principais bandeiras do governo Trump.
Na essência, e de forma cruel, o que identificamos é a mais clara mercantilização da vida. O que, em verdade, tem acontecido nas últimas décadas, no âmbito de uma globalização perversa, é a ganância em sua forma mais acentuada, e, após a desregulamentação da economia a partir da década de 1990, uma transformação radical com praticamente todos os setores, inclusive aqueles onde o Estado ainda dava alguma cobertura social, sendo objeto de cobiça de grandes corporações. O adoecimento se espalhava celeremente em uma sociedade onde a cobrança por resultados e competências se davam de forma agressiva. O stress e a angustia potencializavam os sintomas de diversas outras doenças e elevava os riscos nas vidas das pessoas, impondo a elas o uso de alguma forma de droga, ou medicamento, que as fizessem lidar com as cobranças em um mundo onde o desemprego se acentuava e a meritocracia se impunha acentuando os desequilíbrios sociais.
No entanto, o outro lado dessa moeda, se fazia transparecer de forma mais nítida. A pobreza enfraquecia uma enorme população, desprovida de atendimentos básicos à saúde e vivendo em condições insalubres e miseráveis. Nesses ambientes a disseminação das doenças se alastrava rapidamente, ceifando vidas de crianças recém-nascidas e reduzindo o tempo de vida. Embora essas condições gerassem também altos custos ao Estado, a insensibilidade e a frieza daqueles que controlam a riqueza, termina por fazer surgir uma nova nomenclatura na abordagem e entendimento da política que negligencia a vida dessas pessoas pobres, malnutridas, idosas e que possuem doenças crônicas: a necropolítica. Afinal, suas mortes não seriam mais do que estatísticas em uma conjuntura que retirava dessas pessoas as mínimas condições de sobrevivência, por meio da exclusão de seus direitos a viver com dignidade e na velhice.
De dois modos o mundo se transformou e nos levou para situações como de pandemias como vivemos nos dias de hoje. Por um lado, a destruição dos biomas e de suas biodiversidades causou um forte impacto no equilíbrio ecológico, fazendo com que animais silvestres invadissem as cidades em busca de recolhimento e alimentação, e dessa forma trouxessem consigo vírus e bactérias potentes, com nossos anticorpos sendo incapazes de contê-los. Dentre outras coisas que são agravantes nessa nossa relação com a natureza, em parte citada no início desse texto.
Por outro lado as condições de vida nas cidades, com uma alta taxa demográfica e populações concentradas em cinturões de misérias em megalópoles com milhões de pessoas, em sua maioria vivendo em condições precárias e em meio a todo o tipo de podridão causada pela ausência de proteção do Estado e planejamento que ordenasse suas habitações e garantisse um mínimo de saneamento básico e água tratada.
Muito se diz atualmente que o mundo não será o mesmo depois dessa pandemia. É na verdade um sofisma. Porque “tudo muda o tempo todo, no mundo” (Lulu Santos). Vivemos em uma escalada de transformações e de mudanças, que nos dias atuais assume uma aceleração gerada pelos avanços tecnológicos, mas que determinam um novo tempo, marcado por fortes ações antrópicas, que serão determinantes no que alguns estudiosos já falam da “sexta extinção”, com o desaparecimento de uma quantidade muito grande de espécies, da fauna e da flora, que nos afetará sobremaneira, a partir do que já se evidencia nos grandes eventos climáticos extremos.
As transformações só advirão no sentido desejado àqueles que tem juízo e desejam a manutenção da harmonia ser humano-natureza, se houver uma mudança na lógica como o mundo está sendo governado. As desigualdades sociais, as diferenças existentes nas cidades e a destruição do ecossistema são os pontos cruciais que precisam ser atacados com políticas que sejam absolutamente contrárias àquelas que estão sendo implementadas por governantes de países que até então se constituem em empecilhos para a construção de um futuro mais harmônico e de respeito à vida humana.
O Covid19, por si só, e mesmo com a imensidão de mortes que ela carrega, não significará nenhuma postura sensível, ou de virada na política desses países e do conservadorismo que os conduzem. Será necessário muito protagonismo das pessoas que se guiam pela ciência, pelo sentimento de solidariedade e pelo desejo de construir um outro mundo, onde a cobiça e a ganância sejam substituídas pela resiliência e cooperação.



NOTAS:

[1] Filme: Wall Street Poder e Cobiça. Dirigido por Oliver Stone, 1987.
[2] Sicko – SOS Saúde. Dirigido por Michael Moore, 2007.

REFERÊNCIAS:

Ciência, saúde e doenças emergentes: uma história sem fim

SiCKO – SOS Saúde e a mercantilização da vida

Entenda a reforma no sistema de saúde dos EUA

A desindustrialização também colapsou a Saúde

''Se não mudarmos nosso estilo de vida, seremos vítimas de monstros ainda mais violentos que este coronavírus''

O discurso de Gordon Gekko, no filme Wall Street (1987)

Coronavírus não vai mudar a crença de que é possível vencer a morte, diz Harari

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