Essa pretende ser a última parte de
uma análise que comecei a fazer sobre a realidade política brasileira, mas que
tinha como objetivo chegar a uma conclusão em um único artigo. Impossível.
Assim como também será fechar essa avaliação nesta parte.
É chavão dizer que a política é
dinâmica. Na verdade tudo é. A vida é movimento, e todas as ações que
desenvolvemos são marcadas, cada vez mais por uma intensidade no conteúdo, pela
radicalidade na forma e pelo encurtamento do tempo para suas realizações. A
rapidez é a marca da contemporaneidade, mas o dinamismo é uma característica
natural do nosso desenvolvimento enquanto espécie humana, e, mais do que isso,
enquanto parte da própria natureza. Num mundo dominado pela tecnologia e pela
profusão de objetos, é natural que o nosso tempo seja insuficiente para lidar
com todas essas transformações.[1]
Isso se incorpora em nosso
cotidiano. A política é um reflexo das nossas relações em sociedade. E,
porquanto ela carrega fortemente a perspectiva do Poder, eleva a um patamar
diferenciado as formas disseminadas na sociedade com um elemento crucial: a
estratégia. Embora nos dias de hoje seja fundamental ter noções de estratégia,
em qualquer situação, é na política, e na guerra – quando os elementos da
política se esgotam – que o tabuleiro de xadrez requer uma competência
diferenciada para lidar com as contradições que cercam um ambiente de constante
disputa.
Eu não tenho muito a acrescentar a
um artigo que escrevi em 2016, aqui neste Blog, em que analiso a crise
brasileira inserindo-a numa realidade mais ampla, em parte como consequência da
crise mundial.[2]
Na época tudo se encaminhava para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Parecia inevitável, e foi. Hoje podemos olhar para o passado, analisarmos o que
escrevemos e fazer uma somatória de todos os elementos que projetamos e
daqueles que se consolidaram com o passar do tempo.
A crise política brasileira, que
levou a destituição de uma presidenta não tem a ver com a “crise fiscal”. Era
natural que o afastamento de Dilma Rousseff ampliaria os problemas. Os déficits
fiscais, ou as fragilidades nas contas públicas, foram meros pretextos para se
assentar um golpe que tinha com objetivo a correção de rumos no Brasil e a
proteção de poderosos grupos da política que se acostumaram a roubar os cofres
públicos e a construir fortunas e consolidar poderes regionais a partir dessas
práticas. Há muita complexidade por trás desses acontecimentos. E numa
sociedade marcada pela alienação em relação à política, e com uma geração que se
perde em um mundo virtual construindo realidades em outras dimensões, o
despertar para o mundo real às vezes age como numa crise de labirintite, com
tudo girando aceleradamente podendo levar ao desfalecimento. O que é a absoluta
ausência da realidade.
A sociedade reagiu assim. A
juventude, que em 2013 bradava nas ruas contra o aumento das passagens dos
coletivos e por passe livre estudantil, de repente se viu em meio à outras
demandas na política e tiveram seus desejos sequestrados. A alienação, por trás
de uma pretensa combatividade revolucionária, aliás uma tendência natural na
juventude, não permitiu que se tivesse a percepção dos rumos. Os meios de
comunicação de massa, de imediato entraram em campo, conduziram a multidão numa
direção que era conveniente com o que já se fazia em outras partes do mundo.
Nas sombras agiam grupos organizados, financiados por agências de espionagem,
ONGs estrangeiras e até mesmo empresas de grandes investidores, como Georges
Soros, bilionário que enriquece cada vez mais à custa da desestabilização de
governos que trazem como consequência a desvalorização de ações de empresas
nacionais desses países que veem a economia e a política instáveis. Para os
ajudarem na especulação e nas ações rapaces entram em campo as agências de
classificação de riscos: Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s. Todas elas
envolvidas em manipulação de informações no interesse de grandes corporações.[3]
Outras demandas, de interesses de
setores corporativos, mas que coincidiam com objetivos que já estavam sendo preparados
para atingir o governo brasileiro, ou a estrutura corrompida sabidamente
existente, mas nunca fiscalizada e punida, foram incorporadas às manifestações,
sem que a maior parte daqueles que estivesse nas ruas soubesse, de fato, por
que estava lutando. O maior exemplo disso foi a execração da PEC-37,[4] na
época das Jornadas de Junho em discussão na Câmara dos Deputados, que limitava
às polícias o poder de investigação dos crimes cometidos, restringindo o poder
do Ministério Público, que se limitaria às acusações.
Seguindo um roteiro previsto, já
conhecido pelos fatos ocorridos em diversos países que desde quando a crise
econômica se tornou visível para o mundo levou multidões para as ruas, que
geraram desestabilizações em diversos governos e em alguns casos até mesmo
guerras civis e assassinatos de governantes, as “jornadas de junho” se
constituíram na oportunidade para que o país se transformasse no “inferno”. Mas
haviam muitas brechas para que isso acontecesse e a incapacidade da esquerda de
perceber o que estava acontecendo no mundo e que batia à nossa porta,
desguarnecida e fragilizada, sob um aparente manto de avanços na economia, de
ações na infraestrutura, de programas sociais elogiados no mundo todo. Se havia
uma multidão vagando pela rua, como na figuração dada por José Saramago em
“Ensaio sobre a Cegueira”, certamente alguns dirigentes políticos que
comandavam o governo também se perdiam em meio ao deslumbramento do que
acreditavam estarem fazendo de “mudanças”.
As chamadas jornadas de junho, em
2013, representou o começo do fim de uma era, de governos de esquerda que
tentaram fazer algo de diferente, mas se perderam em meio à práticas políticas
arcaicas, corruptas e comandadas por uma oligarquia ferozmente gananciosa e
usurária. O que viria a seguir, numa desconstrução da política e de ações que
mudaram a feição do país, teve nas eleições de 2014 o golpe fatal. Mas toda a
desestruturação do governo, da economia, da política, da democracia e do país,
se deveu não somente aos erros da esquerda, mas também aos seus acertos, às
propostas de inclusão social de camadas marginalizadas e à tentativa de botar o
Estado como condutor de políticas econômicas que visassem pagar uma dívida
histórica com esses setores. Como afirmado no artigo anterior faltou a
necessária compreensão que a luta de classes sempre conduz as disputas no
âmbito da política. E por ações de interesses externos nos vimos mergulhados
nos intestinos de uma estrutura política viciada. Como nos momentos de nossa
história em que governos populares ousaram mudar seus focos, a corrupção,
doença endêmica na estrutura social brasileira, tornou-se a arma pela qual os
setores de direita se serviram para implodir a base política do governo e abriu
caminho para a destituição da presidenta.
Mas isso se tornou possível porque
faltou tomar medidas necessárias para alterar a forma de fazer política. A
reforma eleitoral, a reforma do sistema político, a atuação da agência de
informação para monitorar ilícitos no âmbito do Estado, além da ação da
Controladoria Geral da União, e uma aproximação com o povo mediante a criação
de mecanismos de participação popular, que reforçasse inclusive a própria
defesa do governo. Essas ações não foram desenvolvidas, ao contrário se
repetiram práticas sobejamente combatidas de uso abusivo de dinheiro público
para financiamento de campanha, mediante a existência de caixas 2, e o
loteamento de setores importantes do estado, principalmente alguns de valores
estratégicos imensuráveis, como os de energia, transporte e comunicação, para
agregar grupos políticos comandados por velhas raposas rapaces, espécies de
coronéis políticos regionais, na quase unanimidade pouco merecedores de
confiança. Todos eles carregando em si a essência de serem escorpiões na
política.
Optou-se por garantir o poder a
qualquer custo, numa disputa que envolveu, do outro lado, o que poderia ser na
oposição um oponente qualificado, a social-democracia tucana. Por aspectos
conjunturais da política passamos a ter uma esquerda aliada a segmentos
oportunistas e conservadores para manter o poder, e uma social-democracia que
se aliara à direita e confundia-se muitas vezes com a própria, pela postura
virulenta de caráter absolutamente reacionário. A política brasileira caminhou
visivelmente para a direita, por todos os flancos. E, como o ambiente em outras
partes do mundo já espalhara o vírus da intolerância e do sectarismo político,
pela intensidade da crise que se disseminava e perdia perspectivas de ser
solucionada, não encontrou dificuldade de transformar a realidade brasileira,
de uma euforia que ia além de nossas fronteiras, para um caos que mergulhou o
país na estupidez, na intolerância, no comportamento fascista de grupos
sectários e no medo, um sentimento tradicional a projetar os piores indivíduos
ao longo da história humana.
A verdadeira caçada que se
transformou a “Operação Lava Jato”, que desde o começo teve como objetivo
atingir o ex-presidente Lula da Silva encontraria facilmente atos corruptos, e
roubo do dinheiro público por onde investigasse, nas estruturas do Estado.[5] Os
atos que se combatem agora, tornaram-se crônicos na estrutura política
brasileira e se espalha pela sociedade como um caldo de cultura. No âmbito da
política sempre existiu e era ignorado pela Justiça, pelos tribunais eleitorais
dos estados e pelo TSE. Só passou a ser objeto intenso de correção, e de prisão
de corruptos e corruptores, quando se viu a possibilidade do retorno de Lula da
Silva e a continuidade por outros tantos anos dos grupos ligados à esquerda,
notadamente ao Partido dos Trabalhadores.
Malgrado essa questão, e ela é
óbvia a menos que não se queira enxergar a realidade, houve um erro inequívoco
e que deve ser assumido pela esquerda. Sabe-se que a estrutura do estado
capitalista é corrupta, por essência. A própria lógica que move a sociedade
nesse regime aponta nessa direção para aqueles que anseiam ter Poder: a
ganância, a usura e o individualismo. A esquerda sempre teve uma posição avessa
a esse comportamento, por tanto tempo combatido enquanto oposição. Era
inadmissível que persistisse uma prática que sempre foi criticada quando
estivesse à frente do Estado. Até pelo próprio conhecimento de nossa história,
quando os conservadores usaram do discurso, hipócrita, de combate à corrupção,
meramente para destituir governos que estavam adotando medidas populares, já se
saberia que em algum momento isso também se voltaria nos tempos atuais. Mas não
só por isso, como também pela necessidade de inspirar nas pessoas confiança em
uma nova forma de governar, que se coadunasse com o discurso apresentado pelos
partidos de esquerda para combater grupos que por décadas se beneficiavam da
estrutura do Estado e se fortaleciam à custa do empobrecimento de seu povo.
Caia-se na mesma armadilha que derrubara Getúlio Vargas, ameaçara Juscelino
Kubitscheck e destruiu o governo de João Goulart por meio do golpe que nos
legou uma ditadura militar.
Já analisei aqui em outros artigos,
e pontuei ainda neste também, os interesses externos que existiam na
desestabilização do governo da presidenta Dilma Roussef, para conter novos
governos de esquerda e atingir os países que buscavam construir uma nova
hegemonia geopolítica, no caso, os BRICS.[6] A
incapacidade de se fazer uma leitura e se prevenir para o que viria após as
jornadas de junho, somou-se à insistência em fazer da prática política o jogo
dos setores conservadores, distanciado do povo e sustentado em ações de
marketing pagas a peso de ouro. Por esse caminho a oposição conservadora, de
forma oportunista, se escorou para desestabilizar o país e golpear de morte uma
aposta que se fazia na transformação do Brasil e na elevação à condição de
grande potência mundial, que pudesse trazer equilíbrio social e distribuição de
rendas.
Mas, depois da derrota em 2014 esses setores que não tinham mais nada a
perder na política, temiam perder na economia caso viesse pela frente uma nova
eleição de Lula da Silva e o temor que desta feita algumas reformas profundas
pudesse acontecer. Não seria como se parecia, pelas próprias características já
demonstradas no jeito de governar de Lula, mas existiam muito mais questões
complexas que não somente essas aqui postas, que incendiavam a oposição em sua
radicalidade destrutiva da política e da democracia: as novas estratégias
adotadas pelas classes dominantes, no âmbito do sistema capitalista mundial.[7] Um
sistema em crise, que busca se reestruturar e que não tem pudor em destruir a
democracia, caso haja uma ameaça visível aos seus interesses, não propriamente
local, mas nacional, comandados pelas grandes corporações e por Estados-Nação
belicistas.
Esses equívocos na forma de manter
o poder e a submissão a uma casta de políticos que sempre estiveram ao lado
daqueles grupos que estão no poder, em quaisquer circunstâncias, embora sendo
uma contingência em governos de coalizão e como consequência de uma diminuta
força da esquerda no Congresso Nacional, macularam a imagem da esquerda,
potencializado pela forma como a mídia passou a retratar essa relação e com as
seguidas denúncias das corrupções que irromperam de forma dura no imaginário do
povo brasileiro. Levantar-se dessa derrocada não será fácil, e só será possível
com a unidade em torno de objetivos que possam atender à demanda da população
pobre, resgatar a confiança da classe média e ter coragem de enfrentar uma
realidade de uma crise que vai para muito além do Estado brasileiro.
Retomar a força daquilo que foi
construído ao longo de uma década não acontecerá em curto tempo, e dependerá de
mais do que força para derrotar a base política permissiva montada por
ex-aliados e o ex-vice-presidente, juntamente com toda a casta oportunista e
corrupta que lhe cerca. Será preciso um novo tipo de protagonismo das forças de
esquerda e uma necessária aproximação com segmentos de centro-esquerda que se
oponham abertamente às medidas neoliberais e aos comportamentos reacionários e
intolerantes que vicejam na política e contaminam a sociedade. É necessário
resgatar a crença de que a política não pode ser retratada pelo perfil de
sicofantas e corruptos que abominam e causam náuseas às pessoas honestas que
labutam incessantemente para sobreviverem em meio à realidade adversa.
É necessário olhar para o mundo, e
ver aqui no Brasil o reflexo da desordem mundial que intensificam os conflitos
e ampliam as guerras, atendendo interesses belicistas e hegemônicos do império
estadunidense e de seus aliados. Mas também que outra estratégia tem sido
colocada em curso, como aqui em nosso país, e agido com eficácia na
desestabilização de diversos governos por meio de ações de agentes que se
infiltram em empresas e principalmente em ONGs, financiadas por organizações
similares nos EUA, institutos e megainvestidores do sistema financeiro. Tudo
isso tem sido fartamente demonstrado em diversos trabalhos de jornalistas e
cientistas sociais, com destaque para as duas publicações de Moniz Bandeira,
recheada de informações e comprovações de como essas ações se realizam.[8]
Mais do que tudo isso, é dever
dessa esquerda renovada encarar com vigor a luta ideológica, e fazer as pessoas
compreenderem que vivem em um sistema repleto de contradições, que perpetua a
desigualdade e amplia o fosso entre os ricos e os pobres de forma crescente e
cada vez mais intensa com a continuidade e profundidade da crise econômica
sistêmica. Não é possível, depois de tudo que atingiu o Brasil, tentar passar
uma ideia de que é possível retomar o caminho de um desenvolvimento sustentável
em vias de reduzir as desigualdades, sem o forte protagonismo do Estado, mas
deixando bem claro em quais condições isso pode ser possível. Mediante um
embate ferrenho com uma classe dominante perversa que adota um comportamento
insensível diante das dificuldades do povo. As medidas que estão sendo adotadas
pelo governo de Michel Temer, isentando ricos de pagarem dívidas milionárias e
impondo dificuldades aos trabalhadores é uma demonstração clara de qual é o
foco desses segmentos, senão fortalecerem e ampliarem cada vez mais suas
fortunas. Ou seja, como sempre, é o uso do poder do Estado em benefício dos
mais ricos.
A organização popular e a luta
ideológica, para que as pessoas tenham outra dimensão da realidade e reconheçam
a importância da política, constituem-se nos elementos fundamentais,
principalmente com o envolvimento da juventude, para nos reerguermos do limbo
no qual fomos jogados pelos erros cometidos à esquerda, pelas traições de
aliados impróprios e pela estupidez de uma elite perversa e insensível. Resgatar
a esperança de milhões de brasileiros não será uma tarefa fácil, mas é a única
maneira de retomar o caminho que o Brasil e o seu povo merece.
[1] O MUNDO NÃO É PLANO.
DESCONSTRUINDO A PÓS-MODERNIDADE - https://gramaticadomundo.blogspot.com.br/2017/08/o-mundo-nao-e-plano-desconstruindo-pos.html
[2] CRISE: O BRASIL NO OLHO DO
FURACÃO - DA CRISE ECONÔMICA MUNDIAL A UMA DISPUTA ENCARNIÇADA PELO PODER E À
QUEBRA DO ESTADO DE DIREITO - https://gramaticadomundo.blogspot.com.br/2016/03/crise-o-brasil-no-olho-do-furacao-da.html
[3] MOODY’S,
FITCH E STANDARD & POOR’S, AGÊNCIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO SERVEM A
QUEM? - https://www.brasil247.com/pt/colunistas/claudiodacostaoliveira/292278/Moody%E2%80%99s-Fitch-e-Standard--Poor%E2%80%99s-ag%C3%AAncias-de-classifica%C3%A7%C3%A3o-de-risco-servem-a-quem.htm
[5] AS
VÍSCERAS DA CORRUPÇÃO E O MÍTO DE SÍSIFO - https://gramaticadomundo.blogspot.com.br/2016/06/as-visceras-da-corrupcao-e-o-mito-de.html
[6] CRÔNICAS
DE UM MUNDO EM TRANSE – A LOUCURA CONTINUA - https://gramaticadomundo.blogspot.com.br/2015/04/cronicas-de-um-mundo-em-transe-loucura.html
[7] A
DERROTA DA POLÍTICA, A ESTUPIDEZ E AINDA A UTOPIA! - https://gramaticadomundo.blogspot.com.br/2016/10/a-derrota-da-politica-estupidez-e-ainda.html
[8]
BANDEIRA, LUIS ALBERTO M. A segunda guerra Fria. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2013.
______________________. A Desordem Mundial. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2016.
LEIA
TAMBÉM:
1
- BRASIL, DA EUFORIA AO CAOS E À INCERTEZA: A LUTA DE CLASSES REDIVIVA –
PARTE I
2
- BRASIL,
DA EUFORIA AO CAOS E À INCERTEZA – PARTE II – NA SOMBRA DA LUA CHEIA.
3
- BRASIL, DA EUFORIA AO CAOS E À
INCERTEZA – PARTE III – GIGANTE COM PÉS DE BARRO - https://gramaticadomundo.blogspot.com.br/2017/08/brasil-da-euforia-ao-caos-e-incerteza_14.html
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