quarta-feira, 31 de agosto de 2011

COBAIAS HUMANAS – AS EXPERIÊNCIAS CRIMINOSAS DOS EUA NA GUATEMALA


Imaginem se essa notícia dissesse respeito a países como Cuba, China, Rússia, Irã ou qualquer um outro que não se alinha diretamente com as políticas dos EUA.
Nos anos de 1946 a 1948 os Estados Unidos, através de um programa conduzido pelo National Institutes of Health, agência ligada ao Departamento de Saúde, realizou uma série de experimentos em seres humanos na Guatemala. Ao estilo dos cientistas geneticistas nazistas, tipo Mengele, foram usados pacientes psiquiátricos e prisioneiros para testarem se a penicilina poderia ser usada preventivamente, sem que nenhum deles soubessem que estavam sendo submetidos ao tratamento. Os médicos usaram prostitutas contaminadas pela sífilis e gonorréia para que as mesmas tivessem relações sexuais com aquelas pessoas.
Segundo denúncia de uma professora-pesquisadora, Susan Reverby, do Wellesley College, de Massachusetts. De acordo com notícias publicadas pela Agência Estado “ela pesquisava sobre ensaios clínicos realizados pelo médico norte-americano John Cutler quando encontrou documentos sobre as experiências na Guatemala”. Isso teria sido descoberto e divulgado em 2010.
Certamente abafado pela grande mídia internacional essa notícia somente agora vem à tona depois que foi divulgado um relatório elaborado por uma comissão criada por Barak Obama. “Os autores do relatório concluíram que quase 5,5 mil pessoas foram submetidas a exames e um total de 1,3 mil guatemaltecos foram infectados com doenças venéreas”. Das pessoas infectadas cerca da metade receberam tratamento médico, sendo que mais de 80 faleceram como conseqüências dessas doenças que podem, além de matar, causar problemas cardíacos e também cegueiras.
Coube à Secretária de Estado Hilary Clinton, as costumeiras desculpas por esse crime cometido, em suas palavras “desumanos e antiéticos”, durante o governo de Harry Truman. Na época os EUA travestia-se de defensor da liberdade, título que busca ostentar até hoje às custas de atos como esses, e preocupava-se em demonizar para todo o mundo as “barbáries do comunismo soviético”.
Indignado, o presidente atual da Guatemala considerou o ato um crime contra a humanidade e deu ordem para que uma comissão guatemalteca se encarregasse de fazer sua própria investigação e ameaça levar o caso aos tribunais penais internacionais. Segundo a pesquisadora responsável pela denúncia, o próprio governo da Nicarágua na época teria aceitado a experiência, em troca de ajuda financeira.
Cabe ressaltar que a mesma professora já havia denunciado, à época do presidente Bill Clinton, após a realização de outra pesquisa sobre o “experimento Tuskegee”, que cientistas dos Estados Unidos usaram pacientes negros naquele país, para fazer acompanhamento da doença, sem que eles soubessem que tinham contraído a doença.
Obviamente não nos estranha  a maneira complacente como esse caso, típico de enredo de filmes sobre as experiências nazistas, é mostrado. Mas não é também novidade, embora não hajam as mesmas cobranças quando se exige democracia naqueles países não alinhados aos EUA.
Um romance de John Le Carré, ele próprio um ex-espião da CIA que se tornou um dos maiores escritores de histórias de espionagens, foi transformado em filme dirigido pelo brasileiro Fernando Meireles: O Jardineiro Fiel.
O enredo do filme gira em torno do desaparecimento de uma cientista que descobre a utilização de cobaias humanas, pessoas de países africanos, que eram (e certamente ainda são) submetidas à tratamentos com medicamentos ainda em fase de identificação de possíveis reações adversas em seres humanos. Esses medicamentos são distribuídos sem que essas pessoas saibam de seus possíveis efeitos colaterais. Os resultados, de conseqüências muitas vezes funestas, serviriam para identificar os problemas daquele medicamento antes deles serem comercializados nos Estados Unidos e demais países ocidentais.
O poder das grandes corporações vai pouco a pouco sendo provado e denunciado, bem como suas práticas criminosas e desumanas, mas não consegue ter repercussão porque essas informações são sufocadas tanto pelas demais corporações que comandam a mídia internacional, como pelos próprios países de onde elas mantêm toda a sua rede criminosa. Os governos desses países, acorrentados ao poder que elas possuem, e que são manifestados nos processos eleitorais completamente corrompidos e financiados abertamente por elas, tornam-se cúmplices dessas ações criminosas.
É por essas e outras que devemos cada vez mais duvidar da forma como as notícias chegam até nós, e também pela diferença da indignação quando se trata de crimes praticado pelos EUA. Ainda esta semana, como feito no Iraque quando da ocupação da prisão de Abu Graib (ela própria depois tornada palco de tortura pelos soldados estadunidenses), foi mostrado a prisão onde eram mantidos os prisioneiros políticos líbios.
No entanto até hoje não se tem notícia de nenhum grande órgão de comunicação que tenha entrado na prisão de Guatánamo e mostrado imagens sobre como os prisioneiros ali são tratados. A maioria sem condenação.
Quando se fala de direitos humanos o que se espera é que não haja contemporização da mídia e dos governos, estabelecendo padrões diferenciados de tratamento para crimes que são semelhantes.

3 comentários:

  1. Caro amigo Romualdo, o seu artigo está excelente. Lúcido na crítica. É preciso questionar a unilateralidade nas relações internacionais, direitos humanos são quesitos de uma bandeira universal.
    Os crimes contra a Humanidade devem ser apurados e punidos, não importando quanto tempo passou escondido da opinião pública internacional.
    A mentalidade de porões (suja e desonesta) experimentada pelas agências de inteligência e de pesquisa nos EUA deve ser questionada. Há Tribunal Internacional competente para tanto.
    Denunciar e cobrar ações governamentais dos parceiros dos EUA na lida cotidiana também é outro caminho para a autêntica democratização das relações internacionais.
    É justa a indignação!

    o resto do mundo

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  2. CARO AMIGO, EU SEI ONDE, AQUI NO BRASIL, FAZEM UMA PESQUISA CIENTIFICA INÉDITA, DIFERENTE DE TUDO QUE JÁ VI, PRA COMEÇAR QUE NÃO FAZ NADA DE SURPREENDENTE, MAS APENAS OBSERVAR E MANTER UMA COBAIA DENTRO DE SUA PESQUISA.....BEM, NÃO POSSO FALAR; PODER ATÉ POSSO, MAS VOCÊ CERTAMENTE NÃO ACREDITARIA POIS TODA VERIFICAÇÃO DA VERACIDADE DO QUE FALO SERÁ DESACREDTADA PELO SIGILO QUE ESTES CIENTISTAS MANTÊM DE FORMA RÍGIDA TAL COMO NUMA RELIGIÃO FANÁTICA....BOM, É ISSO...

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