13 de dezembro de 2020. Reescrevo e atualizo esse
texto a cada dois anos, desde 2016 quando o publiquei pela primeira vez no Blog
Gramática do Mundo. E agora inserindo também em vídeo no meu Canal do You Tube.
É uma necessidade, uma catarse, escrever algo sobre minha filha nessa época.
Gosto quando muitos o leem, compartilho alguns sentimentos necessários,
principalmente nesses tempos turbulentos, mas fico aliviado somente por
escrever.
Há 13 anos vivíamos o pior momento de nossas vidas. A
pequena Carol falecia aos dez anos de idade em 13 de dezembro de 2007. Tudo
mudou para nós, e por muito tempo passamos a conviver com a necessidade de
lidar com uma situação absolutamente cruel. Ver a morte de uma filha, ou quando
acontece a um filho, nos empurra para o fundo de um poço, e temos assistido
tantos pais e mães a perderem seus filhos, isso é cruel, seja qual for a razão.
A depressão é praticamente inevitável, e evitá-la é muito difícil, só possível
se buscarmos nos envolver em alguma atividade que tenha relação com aquele ente
falecido, para que a lembrança de sua presença fique latente desde os momentos
iniciais de sua morte. O sentimento da ausência, porquanto durar, somente nos
faz despencar cada vez mais no abismo de um vazio que se transforma em doença.
É muito difícil equacionar essa perda. Tive muitas
dificuldades em sentir a presença de minha filha em sua ausência. É uma
dialética perversa, o limite de uma contradição presente sempre por todo o
tempo em que vivemos. Podemos conviver com a ideia da morte, sabendo que ela
naturalmente nos atinge, dentro de uma lógica inevitável. Mas nossas forças não
são suficientes para suportar a perda de uma filha, ou de um filho. É uma
sensação de fracionamento de seu corpo, de tal forma que somos acometidos de
uma enfermidade denominada no ambiente da medicina como “síndrome do coração
partido”.
Uma das formas de suportar essa dor foi me dedicar a
escrever. Neste blog, e, antes dele na edição de um livro de crônicas dedicadas
à minha filha e que intitulei, “Depois que você partiu”. Assim o fiz por um
ano, logo depois da morte dela. E, nos anos seguintes, sempre que a angústia me
tomava conta, ou naqueles dias cujas datas são marcantes, porque elevam a
saudade a patamares insuportáveis. A proximidade do dia em que, fatidicamente
perdemos nossa pequena Carol, sempre nos deixa reflexivos, tristes. Isso ter
acontecido no final do ano torna as festas deste período menos alegres do que
antes, quando ela vivia entre nós. Esses momentos perderam parte de seus
brilhos, tornaram-se, pelo menos para mim, até mesmo sombrios. Fico torcendo
para que os dias de dezembro passem mais depressa.
O tempo ameniza a dor, aprendemos sempre isso. É
verdade. Porque também precisamos encontrar formas de continuar vivendo. Sempre
digo que a melhor maneira de ter minha filha ao meu lado continuamente, em boas
lembranças de sua presença em vida, é estar vivo e saudável.
Mas aprendi a sair das tristezas e, aos poucos, fui reforçando cada vez mais a sensação de tê-la comigo, em meu coração, em minhas lembranças, ao meu lado. Aprendi que tristeza e alegria convivem mutuamente, e que felicidade é um conceito muito relativo, que se adéqua somente a momentos precisos, nunca a felicidade pode ser algo permanente em nossas vidas.
Como posso ser feliz, sem minha filha? Não sou. Tenho
alegrias e tristezas, e aprendi a viver dessa maneira, porque minha vida segue
ao lado das pessoas que eu amo. E minha filha segue comigo, bem apegada ao meu
peito, do lado esquerdo, e a sinto na pulsação das minhas veias e nas batidas
do meu coração.
Depois que minha filha partiu muita coisa mudou em
minha vida. Se já não somos os mesmos à medida que envelhecemos, deixamos de
ser muito mais, quando perdemos uma filha. Nos tornamos mais emotivos,
sensíveis com a realidade que nos cerca, a presença dos familiares e amigos, em
gestos solidários a nos confortar, desperta uma sensação altruísta, um
sentimento que sempre nos acompanhou enquanto humanos, apesar de esquecido em
algum canto nos dias atuais.
Afastei-me por um tempo de diversas atividades,
profissionais e políticas. A condição depressiva me desestimulava. Somente a
sala de aula, onde por diversas vezes me emocionei em frente a meus alunos e
alunas, me dava algum alento. O prazer de dar aulas me aliviava das angústias,
paradoxalmente tratando nelas as contradições de um mundo em transe. Aos
poucos, os anos, o tempo, diminuiu meu desalento. A não ser em datas
específicas, quando não podemos fugir da amargura, da angústia e da ansiedade. As
lembranças vêm com muita força. A pandemia causada pela Covid19, essa doença
perversa que nos isola e nos distancia torna mais difícil reviver aqueles
momentos de treze anos atrás, que sempre retornam nos finais de ano. Nessas
condições em que nos encontramos, a distância dos amigos e amigas, até mesmo
dos parentes, de quem sempre nos encontramos para reconfortar das angústias, deixa
os dias mais tristes ainda.
São treze anos que parecem uma eternidade, mas, paradoxalmente,
parece que foi ontem que nos debruçamos pela última vez sobre o corpo de nossa
filha, já sem vida, numa imagem que ficará retida em nossas mentes até o último
dia de nossas vidas. Cada momento, cada segundo, daqueles infortúnios desde
quando soubemos de sua morte, em que o chão se abriu para nós, e, que alguns creem,
os céus se abriram para ela, se repetem como flashes em nossa memória, ou, como
no linguajar das novas tecnologias das redes sociais, como “gif”.
Imagens em movimento que se repetem. Somente no cotidiano de nossas atividades,
a nos ocupar pelo que necessariamente precisamos fazer, encontramos lapsos de
tempo, que nos distraem, e seguimos o curso de nossas vidas. Mas, jamais, como
antes. Perdemos um pouco de nosso corpo e de nosso jeito de ser. Como diz
Antoine de Saint-Exupéry: “Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos
deixam sós, deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Mas, parafraseando Chico Buarque, em uma das tantas músicas que nos lembram da Carol, o tempo passou na janela, e ela não mais estava aqui para ver as transformações aceleradas de um mundo e um tempo que deveria ser seu, que certamente lhe traria dissabores, mas que inevitavelmente a faria se incorporar às lutas contra as injustiças sociais, por liberdade, respeito e tolerância. Essa sempre foi nossa luta, e por dez anos ela conviveu conosco em ambientes de debates, discussões e lutas sociais.
Quando a Carol faleceu o nosso país vivia momentos de
expectativas positivas. As esperanças deixavam as pessoas animadas com as
possibilidades de adentrarmos em um outro mundo, de desenvolvimento e de
redução de desigualdades sociais. Apesar de já naquele momento, escândalos de
corrupção também serem a tônica dos noticiários, era nítido uma mudança no
país, que crescia em termos de aumentos de empregos, de sensação de melhorias
nas condições de vida das pessoas, de perspectivas positivas. Em 2007 já se
estremeciam por todo o mundo os alicerces de um sistema econômico que avançou o
sinal, e onde a ganância expôs as debilidades de uma estrutura que era tênue,
porque escorada numa especulação financeira desenfreada.
Por todo aquele ano alertei em minhas aulas para o
desastre que se apresentava como eminente, apesar de escondido pela grande
mídia. Mas isso já era abordado por especialistas e publicado inclusive em
livros. O ano em que minha filha morreu, pode-se dizer, foi o último ano
tranquilo do resto de nossas vidas. E isso não é uma análise amarga causada
pela perda que tivemos com sua morte. O ano de 2008, que nos levou a uma imensa
escuridão, por ser o primeiro ano sem a presença dela entre nós, foi também o
momento de uma grande virada na conjuntura econômica e geopolítica mundial. Tudo
seria diferente a partir de então.
Como a acompanhar nosso calvário, naquele sentimento
de dor, que ainda nos acomete, mas sufocado pelo tempo e superado por nossas
forças de viver, também nossas expectativas de um mundo melhor, de um país
diferente, começou gradativamente a se desvanecer. Diferente de nosso
infortúnio, repentino e aos poucos restrito a parentes próximos, mas
fundamentalmente a mim, como pai, e a minha esposa, como mãe, as desgraças que
afetaram o mundo e o país foi, pouco a pouco ampliando e atingindo um número
cada vez maior de pessoas.
E, ao passo em que fui me transformando pela minha dor
e sensibilizado pelo número grande de pessoas amigas que demonstravam sempre o
afeto e a solidariedade com nosso sofrimento, percebendo cada vez mais a
importância de entendermos o sentido de alteridade por todos os momentos de
nossas vidas, o mundo e o nosso país caminhava num sentido oposto, marcado pela
disseminação do ódio, do preconceito, da rivalidade política extremamente
agressiva (antessala do fascismo), pelo aumento perigoso da intolerância e na
incapacidade de entender, compreender e escutar o outro. A crise econômica, num
ambiente de consumismo exacerbado e de disputa cada vez mais individualista,
arduamente e duramente competitiva, jogou a sociedade humana num enorme poço de
dimensões profundas e cada vez mais impossível de se enxergar a luz.
Procurei por esse período ser compreensivo com as
diferentes opiniões e formas das pessoas se manifestarem e escolherem suas
maneiras de viver e se comportar. Até porque, imerso em minha dor, pouco ânimo
eu tive nos primeiros anos depois que perdemos a Carol, de me envolver com
qualquer tipo de embates e polêmicas que pudessem significar um confronto com
alguém por simples divergências quanto às suas escolhas de vida, política e
ideológica.
Mas, aos poucos fui me reencontrando com o meu
passado, tristemente sem a minha filha, mas que, sem resgatá-lo eu me afundaria
mais e mais na depressão. A sensação de tê-la presente, conforme muito me
orientou a psicanálise, foi aos poucos me tirando da letargia e me trazendo de
volta para a realidade e para resgatar a impulsividade que me marcou por toda a
minha militância política, estudantil e sindical. Ainda assim, muito mais
compreensivo no entendimento das diferenças, e tendo aprendido muito com as
manifestações de solidariedade e carinho de amigos, amigas e até mesmo pessoas
distantes que passaram a conhecer nossas histórias, pelo livro que escrevi e
pelo projeto criado por minha esposa, Celma Oliveira, concretizado hoje na
existência do Instituto Ana Carol, e, através dele, mas que se tornou maior, a
Cooperativa de Bordadeiras – Bordana.
Assim como pelo amadurecimento na luta, e com uma
formação política inteligente que nos enche de orgulho, de nosso filho Iago,
atualmente presidente da União Nacional dos Estudantes, entidade da qual
participei em meus tempos de estudante. Embora orgulhosos com isso, o que
certamente nos motiva vê-lo seguindo nossos passos e se destacando, mesclamos
esse sentimento com outro, a preocupação com a situação de indefinição que
ronda o nosso país e a necessidade de ele precisar se enquadrar em um mercado
de trabalho que se tornará cada vez mais competitivo e excludente pelo ambiente
de crise e desemprego crescente. São sentimentos naturais, de pais que se
preocupam com o futuro de seu filho, agora único, mas, como já disse em outras
oportunidades, que carrega duas vidas pela consequência do acaso e do destino.
Vivemos, portanto, nesses treze anos uma luta intensa
contra a dor de perder uma filha. Superar tornou-se o verbo que passou a ser
por nós expressado intensamente, e superação o substantivo que nos impedia de
chegar ao limbo. Isso é algo permanente, que nos acompanhará para sempre. Mas,
tendo conseguido nos reencontrarmos com a intensidade que a vida nos impõe em
realidade, e sendo uma característica que sempre me acompanhou, percebi que
mais do que viver essa realidade eu deveria lutar para melhorá-la, mesmo que
como uma gota d’água em um oceano de problemas que nos afetam em nossas vidas
particulares, no país e no mundo.
Assim, juntamos nossas lutas, sem por nenhum momento
nos esquecermos de nossa pequena Carol, uma estrela que nos ilumina, um raio de
sol que aponta os nossos caminhos. Iago cada vez mais se afirmando como uma
liderança estudantil nacional, essencial para levantar a parcela da população
que mais grita e impõe medo aos governos, a juventude; Celma com seus projetos
de economia solidária e cooperativismo, se capacitando com uma pós-graduação
nessas área; e eu, imerso em um mundo que representa um microcosmo da
sociedade, mas que exerce uma enorme importância sobre ela: a universidade.
Apesar dos ataques toscos e da estúpida “guerra ideológica” escarnecida por um
governo medíocre adepto da necropolítica, sem nenhum respeito à vida, à ciência
e ao conhecimento.
Treze anos depois, (desde o dia 14 de dezembro de
2007, treze anos do sepultamento da nossa pequena, em que entramos na contagem
desses anos sem ela), certamente somos os mesmos, embora diferentes. Eu me
sinto muito mais tolerante no tratamento de situações em que o nosso julgamento
só pode atingir apenas uma superficialidade do acontecimento. Porque no mais,
ir além da superficialidade, impõe que eu conheça a realidade do outro, sua
forma de pensar e de viver, suas crenças e escolhas de caminhos por vezes
diferentes do meu. O que digo nessas últimas frases representa o sentido de
alteridade, aquela necessidade que temos, ou que deveríamos ter sempre, de nos
vermos no outro, para que isso facilite cada vez mais a nossa condição de
vivermos em sociedade aceitando o jeito diferente de cada um ser, sem
preconceitos e mais tolerantes. Caminho natural para adquirirmos empatia e
sabermos lidar com as diferenças.
Mas isso não tem sido fácil nos tempos atuais. As
recorrentes crises econômicas, que afetam as estruturas do sistema capitalista,
esse que se impôs hegemonicamente de forma unipolar a partir da última década
do século passado, acentuou embates terríveis dentro da sociedade, seja na
disputa pelo poder, seja na necessidade de se conquistar um lugar a fim de
adentrar o universo do consumismo. Se qualificar e ganhar muito bem, tornou-se
uma obsessão, que se descortinou como uma onda, principalmente pela maneira
como a burguesia mundial, por meio de seus mecanismos ideológicos de imposição
dos valores, via globalização e políticas neoliberais, consolidou na maior
parte do mundo. Mas fracassou.
Isso foi bem e criou uma fantasia de um mundo
deslumbrante mediado pela concorrência e pelo mercado, mas por pouco tempo. Só
que o tempo suficiente para o despontar de uma época marcada por esses valores
de forma tão intensa, em função dos meios tecnológicos que se desenvolveram
nesse período, que disseminou entre as pessoas um valor das coisas de forma
absolutamente fútil, e uma inversão daquilo que antes importava mais. Os
sentimentos se diluíram muito mais do que antes, embora já existisse, como uma
tendência que só era controlada devido à existência de um mundo socialista que
se apresentava como alternativa ao capitalismo egoísta e usurário. Quando
aquele mundo ruiu soterrou boa parte das esperanças, enquanto despertou neste a
ganância, a usura e o individualismo. Tudo isso em meio a uma crise
imensurável.
A pandemia gerada pela Covid19 chegou e nos atingiu em
meio a uma situação de fragilidade do mundo, de desespero gerado pelo
crescimento de desemprego e ampliação das desigualdades sociais. O
distanciamento social, tornado uma necessidade pela ferocidade da contaminação
do vírus SARS-COV2, aliado a negacionismos no trato de uma doença terrível pela
desconstrução da ciência, justamente a única capaz de apontar saídas para essa
tragédia, bem como o menosprezo por parte de um governo obtuso, que desvaloriza
a vida, nos deixou à mercê de incertezas piores do que aquelas que
vivenciávamos nos momentos mais difíceis da perda de nossa filha.
Karl Marx, a quem recorro sempre, possui frases que, mesmo destacadas do contexto em que abordou, são
emblemáticas porque se aplicam, filosoficamente compreendendo-as, a diversas
épocas. E uma que eu destaquei consta do Manifesto do Partido Comunista: “Tudo
o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as
pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e
suas relações recíprocas”.
Iago - Manifestação pela educação (Curitiba - PR) |
O mundo sem minha filha é esse em que, diante de uma
crise crônica, sistêmica, somos obrigados a compreender as condições sociais em
que estamos e como as relações estão sendo destruídas em ambientes onde se
fortalece o egoísmo, a ganância, a intolerância, a perversidade e o uso pérfido
e em vão de Deus, com a utilização da fé como instrumento de guerras santas
contra fantasmas criados e construídos por sicofantas hipócritas, vendilhões de
templos e aproveitadores de crenças alheias. Assim, meu desalento teima em
voltar, e torna mais tristes esses momentos que nos trazem memórias terríveis.
Contudo, fui percebendo que depois de tantos anos me
debatendo contra as injustiças sociais, estudando-as e participando ativamente
de lutas para combatê-las, isso se tornou um alimento que me fortalece e me dá
ânimo para encarar tempos tão difíceis, mas diante dos quais não podemos nos
entregar. Mesmo com o coração pesado por carregar tamanha dor e tristeza.
Neste dia 13 iremos ao cemitério mais uma vez, como fazemos
todos os anos, e, silenciosamente estabelecerei um monólogo com suas
lembranças, também como sempre faço, reforçando nossas saudades, e refletirei
sobre como ela se situaria neste mundo. Se seus desejos, enquanto criança
poderiam ter se concretizado, se meus sentimentos seriam diferentes caso não
tivesse passado por tamanha dor, se seus beijos e afagos por tantas vezes
repetidos manteriam a mesma singeleza num tempo de tantas incertezas, se suas
vontades se encontrariam com os verdugos da liberdade, se bateriam contra os
arautos da intolerância e encontrariam forças para gritar, como seu irmão, contra
as injustiças sociais. Cremos, com toda convicção, que ela carregaria nesses
tempos as mesmas indignações e desejos de transformações que correm em nosso
sangue, e estão presente no Iago, pois esses valores sempre nos acompanharam em
nosso cotidiano, na realidade que vivíamos no passado e vivemos no presente.
E, dentre tantas músicas que nos fazem sentir tanta
falta dela, quando as escutamos, “Você é linda”; “Jardim da Fantasia”;
“Carolina”; “Gostava tanto de você”; “Com a perna no mundo”; “Velha Infância”...
uma recitarei sempre de forma especial, porque como tantas sempre nos emociona,
e às vezes nos faz chorar, “Pedaço de Mim”: “Oh, pedaço de mim/ Oh, metade
adorada de mim/ Lava os olhos meus/ Que a saudade é o pior castigo/ E eu não
quero levar comigo/ A mortalha do amor/ Adeus”.
Nesse monólogo surdo com minha filha, como uma oração
de um ateu, crente que irá algum dia encontrá-la, “seja onde for, pra falar de
amor”, assim, eu expressarei em pensamento:
Celma e Carol - 1997 |
“Treze anos depois sem você, Carol, em seus vinte e três
anos construídos em nossas fantasias, nosso amor se mantém como nos dez anos em
que a tivemos ao nosso lado, presencialmente, com afeto, com carinho e com
alegria. Nossa vida terá sempre você ao nosso lado, a nos dar forças para
encarar os infortúnios, as incertezas e o tempo que nos encaminha para a
velhice. E você está sempre presente quando olhamos seu irmão, porque ali estão
juntos também seus traços, suas vontades, seus desejos de justiça, seus clamores
por um mundo mais justo e solidário e o coração repleto de bondade, empatia e
da luta pelo comum. Por um novo mundo, mais solidário.
E assim, a cada ano em que passamos mais tempo sem
você, nos leva a estarmos mais próximos do dia em que, quem sabe, possamos
estar para sempre ao seu lado. Beijos. Seu pai”.
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(*) Este artigo foi escrito originalmente em dezembro
de 2016. Atualizei-o, porque, em essência, continua a representar o pensamento
que me acompanha neste momento em que se completam treze anos da morte de Ana
Carolina Oliveira Campos, nossa eterna Ana Carol.
https://gramaticadomundo.blogspot.com/2016/12/nove-anos-sem-carol-o-que-mudou-em-mim.html
Amigo, continue escrevendo. Faz bem à alma. Tenho feito há mais de dois anos. Preenche vazios deixados por quem amamos e não está mais aqui. É como sentar-se com ela e conversar sobre coisas banais, mas carinhosas. Um abraço afetuoso. Continue escrevendo.
ResponderExcluirObrigado meu amigo Neto. É assim, procuramos sempre uma melhor maneira de suportar a dor da perda de entes queridos. A vida segue, e as saudades nos acompanham sempre. "Saudade é o amor que fica". Um forte abraço.
ExcluirBonita crônica, me remete à algumas angústias cotidianas de perda e obviamente do nosso suportar no dia a dia. Abraços fraternos
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