Escrevo neste artigo mais do que um texto de conteúdo geopolítico, ou de abordagem sobre os conflitos que vivemos na sociedade contemporânea. Como o blog Gramática do Mundo tem sido visitado por um número cada vez maior de leitores, coube-me uma preocupação relevante, já de tempos apontada por velhos amigos contumazes visitantes e empolgados comentaristas deste blog.
Não sou um especialista em textos literários. Observação primeira, importante para mim ressaltá-la porque muitos alunos, ex-alunos e colegas professores tem recebido os links das postagens, e certamente alguns lêem ou por interesse, ou por solidariedade ao amigo blogueiro.
O que tenho postado neste blog são olhares, compreensões, análises particulares (aliadas a uma formação política marxista) de um mundo em permanente transformação e profundas contradições. Quando decidi utilizar o termo “gramática” do mundo, o fiz em primeiro lugar como uma apropriação explícita e declarada em meu primeiro texto, da obra de Fernand Braudel “Gramática das Civilizações”.
Em segundo lugar, porque seguindo a própria construção braudeliana de ver as transformações das sociedades ao longo da história, é preciso muito mais do que conhecer determinado fato histórico. É preciso compreendê-lo em toda a sua dimensão, para que ele possa ser explicado por fatores múltiplos e não de maneira simplificada.
Em terceiro lugar, porque no sentido etmológico o termo “gramática” resgata exatamente uma parte da ciência que se preocupa com a arte de ler e escrever. E a partir dessa capacidade poder descrever um fato e interpretá-lo à luz de compreensões que estão ligadas à nossa interação social. E, claro, à maneira como a partir disso cada um de nós busca compreendê-lo, à medida que assimilamos criticamente e formamos nossas opiniões sobre algo. Daí, a necessidade de explicitá-lo. Isso tem um pouco a ver com a maneira como conceitua um dos maiores lingüistas da atualidade, Noam Chomsky.
No caso específico, da criação deste blog, fiz isso para contrapor a visão tradicional de uma mídia que usa de basófias, para exigir liberdade de imprensa, quando em verdade mente, manipula e transgride valores ao falsear fatos e informações. Seguindo valores ideológicos que estão por trás de corporações que dominam esse setor. Com raras exceções.
Mas não sou um literato, muito menos um romancista. Tenho sonho de algum dia escrever um romance, baseado em um fato histórico, e espero ser obstinado o suficiente para concretizá-lo. Mas, seguramente, se algum dia realizá-lo, precisarei de um especialista em literatura, e de um competente revisor, para completar a minha obra. Então ela nunca será somente minha, mas da somatória de esforços que envolvem a criação literária com a arte de escrever bem.
Meus textos são observações de um cotidiano geopolítico, marcado por injustiças somente possíveis de ser entendidas quando nos debruçamos sobre o que é o poder. Em suas micros e macros esferas, muito bem abordadas por um dos maiores filósofos contemporâneos, em minha opinião: Michel Foucault. Na geografia muito bem complementado por Claude Raffestin, com a sua “Geografia do Poder”, e do meu principal mestre na História, com toda sua competente obra, Eric Hobsbawm.
Então, o que faço, baseado nessas concepções de mundo, por mim assimiladas, é oferecer um contraponto à informação tradicional da grande mídia. Mas também para poder inserir um pouco mais de reflexão política a um conjunto de instrumentos utilizados pelas mais variadas espécies curiosas da blogosfera. A ânsia de informar, e de ser crítico, tem muitas vezes gerado uma enorme confusão.
Eu não quis consertá-la, mas também entrar nela, expor uma opinião que considero ser equilibrada. Embora jamais eliminada de conteúdo ideológico. Mas porque não fazê-la, se isso para mim era importante não somente por gerar polêmica, positivamente, e por outro lado, servir como catarse para minhas angústias motivadas pela perda de uma filha aos dez anos de idade? Ela é a minha grande inspiradora, me possibilita interpretar o presente, e esquecer do futuro que em parte desapareceu em uma névoa causada por sua partida.
Enfim, o blog Gramática do Mundo tem aumentado a cada dia o número de acesso. Com o aumento da quantidade de textos e temas abordados, isso só tem se ampliado, em função das pesquisas na rede. O que tem me deixado preocupado com a qualidade dos escritos. Não basta ter somente um bom tema para ser analisado, mas creio ser importante também ter o cuidado necessário sobre como vou interpretá-lo e transformá-lo em um texto que poderá lido também por estudantes de ensino médio. Considero essa, uma preocupação maior do que o permanente crivo a que sou submetido pelas críticas dos amigos.
Essa é, então, a razão que me motivou a escrever este artigo, a fim de alertar os leitores para alguma imprecisão na construção literária. Creio que posso usar essa expressão. Se por um lado reforço as minhas opiniões sobre os temas tratados, e o faço com a absoluta convicção, por outro, sou forçado a reconhecer a existência de uma série de erros na construção das frases, e eventualmente até mesmo no uso correto do tempo verbal.
Assim, reconhecendo esses deslizes e absorvendo as críticas que porventura apareçam, tento a cada texto melhorar, evitando erros crassos que possam confundir principalmente aqueles alunos que se preparam para entrar na Universidade e precisam conhecer bem as técnicas para uma boa redação.
Mas, alerto, o objetivo maior do “Gramática do Mundo”, é ler e escrever o mundo através da geopolítica. Ofereço uma leitura de fatos geopolíticos na contramão da mesmice midiática. Contudo, quanto à arte de escrever bem, tanto o leitor do blog, secundarista ou não, quanto eu mesmo, precisamos do auxílio dos especialistas, profissionais das letras e profundos conhecedores da literatura e da arte de saber dominar a escrita.
O nosso conhecimento é uma somatória de saberes, de variadas áreas, que compõem um mosaico extremamente diversificado de informações, jamais possível de ser dominado sem a conjunção deles todos. E isso é extremamente difícil. De minha parte me seguro naquilo que tenho me dedicado a estudar e a permanentemente atualizar nos últimos anos. As demais artes dos saberes devo buscar humildemente naqueles que sobre elas se debruçam, e que assim podem me auxiliar a cada vez mais melhorar os meus textos.
Então, uma ode aos literatos, aos profissionais das letras, aos doutores na arte de escrever bem. A eles eu me rendo, e aguardo sempre os seus auxílios.
A você que busca uma informação a olhar as contradições por trás dos fatos, terá sempre aqui um ótimo recheio. Mas não se esqueça de sempre indagar de seu professor de literatura e língua portuguesa como melhor expressar seus conhecimentos através da escrita.
Assim, me alivio das culpas por eventuais erros, alguns dos quais pela pressa em postá-los, nas dezenas de artigos que estão á disposição do leitor deste blog. Mas, claro, seguirei também buscando aperfeiçoar essa técnica, ou mais do que isso, essa arte, de saber construir bem cada frase, cada parágrafo e todo o conjunto de um texto.
Caro mestre,
ResponderExcluirVocê é um articulista do mundo, tem boa avaliação dos acontecimentos políticos, mesmo alimentado por sua visão marxista, mas você é fundamentalmente um provocador e a provocação, por natureza, prescinde de regras.
Não escreva para ninguém, tampouco justifica suas omissões ou falhas, elas são irrelevantes diante das suas valorosas idéias.
Deixe que a história julge avalie a pertinencia de suas idéias.
Abraços