AOS AMIGOS E AMIGAS, EM ESPECIAL AOS DA COMUNIDADE VIRTUAL DO FACEBOOK.
Amigos e amigas, 2011 vai se encerrando. Já estamos em dezembro e este é um mês em que minhas angústias se acentuam. A saudade de minha filha aumenta, tanto mais quanto se aproxima o dia de sua partida: 13 de dezembro. E as datas e festas que se sucedem já não têm, para mim, a mesma alegria de outrora.
Este foi o ano em que me tornei mais um membro da comunidade virtual. Com muita satisfação, em pouco tempo ultrapassei mil amigos nesse ambiente de polêmica, discussões acaloradas e futilidades. Aqui provoquei e fui provocado sobre vários temas, mas o que mais me manifestei foi sobre aquilo que muito me animou neste ano. O futebol, uma paixão que carrego por 40 anos, o amor pelo Clube de Regatas Vasco da Gama. Esta foi minha grande alegria.
Isso me leva a lembrar do tempo em que minha filhinha corria a me abraçar todas as vezes que eu vibrava com um gol do Vasco. Mas ela, que também se dizia vascaína, não me perdoava quando eu xingava em excessos durante a empolgação exagerada dos jogos. Isso eu ainda me lembro, sempre, quando estou no calor das partidas, e algum palavrão sai inesperadamente. De imediato olho para o seu retrato, que fica postado ao lado do aparelho de televisão. Tento me controlar, mas é impossível, e o meu olhar lhe implora perdão. Afinal, tem sido o futebol que preenche os vazios dos finais de semana sem sua presença.
Divertimento que buscamos a fim de completar nossa vida cotidiana, rotineira e entremeada de altos e baixos, de alegrias e tristezas. Posso somar a isso uma feliz convivência com a família, minha esposa Celma e meu filho Iago. Além de minha mãe, irmã, irmãos e outros parentes, próximos ou distantes, que buscamos sempre reencontrar. Alegria também por ver meu filho se tornar estudante de História, na UFG, e também por vê-lo se incorporar à nação vascaína, naturalmente.
Este foi um ano de muitos problemas de saúde e de mais uma perda na família, meu irmão Kleber faleceu no mês de setembro, ampliando o trauma pelo desaparecimento de alguém querido. Um botafoguense fanático, que mesmo em seus últimos momentos, no leito do hospital, se alegrava e sofria com seu time. Sobre isso ainda pudemos conversar em nosso último contato por telefone, alguns dias antes de sua morte. No ano passado, ele esteve conosco nesse período de festas. Mais uma lembrança a nos entristecer, em uma época que é marcada por alegrias e esperanças.
Nos próximos dias, pretendo restringir minha participação no Facebook. Entrego-me após isso ao silêncio das minhas lembranças e a me dedicar a “brincar” com as imagens que me acompanham permanentemente, do jeitinho alegre e faceiro de minha querida Carol. Na terça-feira (13/12), quando se completarem quatro anos de sua morte, verterei, seguramente, mais lágrimas, que irão irrigar de amor a terra onde está seu corpinho (que hoje teria 14 anos), sepultado ao lado do seu avô, meu pai. Seguindo uma rotina que fazemos pelo menos três vezes por ano – no dia de seu aniversário, no dia de finados e na data de sua morte – cumprirei um ritual simbólico, embora eu carregue sua lembrança, permanentemente, cotidianamente, todos os dias, em minha memória, no meu coração, onde eu estiver.
Eu, que não professo nenhuma religião, carrego comigo outros elementos simbólicos, alguns deles construídos desde a minha infância, outros reforçados pelo jeito curioso e carinhoso da Carol. Dentre esses, algo que é marcante nos finais de ano: a árvore de natal. Tornou-se para mim uma obrigação vê-la montada no mesmo lugar em que ela se habituou a colocá-la, desde quando seu avô era vivo, e ela o acompanhava nessa empreitada. Em todos os dezembros faço questão de vê-la montada. A mesma árvore, os mesmos enfeites, com suas luzinhas piscando, e cada uma delas indicando que ali está presente minha bela pequena.
Carol, na praia de Itapoã (BA), 2006 |
Minha “belinha”, como eu a chamava, para em seguida cantar a música de Caetano Veloso: “você é linda, mais que demais, você é linda, sim... onda do mar, do amor, que bateu em mim”. Algo que eu repetia desde que ela era bem pequena, de tal forma que ela se acostumou a dizer, sempre que a ouvia: “olhe pai, a minha música”.
Os dezembros, os natais, as passagens de ano, já não trazem as mesmas alegrias de antes. Seguimos com o prazer de viver pelos que aqui estão, por aqueles que amamos, e que nos amam. Mas, sem a Carol, os dias jamais serão os mesmos. Nessa época, os dias tornam-se tristes e sombrios, vazios, permeados de sentimentos que se contrapõem à explosão de esperança que toma conta da sociedade. Não consigo mais sentir alegria nessa época, e não sei por quanto tempo isso vai durar.
Quando sentir a necessidade de fazer explodir meus sentimentos e abrandar minhas angústias retornarei à rotina divertida e provocante, que tornou-se para mim uma catarse, de navegar pelo facebook e provocar e ser provocado pelos amigos.
O meu blog seguirá, enquanto eu conseguir atualizá-lo, pois ele é movido por esse sentimento, de perda, de saudades da minha filha e ânsia de poder ajudar, de alguma forma, a entender o mundo e contribuir para sua transformação. Mas sem o ânimo que marcou a minha vida por trinta anos de militância política. A morte de minha filha tornou para mim o futuro mais incerto do que normalmente ele é. Uso então o blog como instrumento a suprir esse retraimento a que me impus na luta política.
Mas estarei sempre atento ao que está acontecendo com os amigos, e pelo menos um dia na semana lerei as mensagens, e os que quiserem se comunicar comigo de outra forma, é só olhar o email no meu perfil. Fiquem á vontade para enviar mensagens, terei prazer em recebê-las e responder.
Enquanto isso tento finalizar a revisão do meu livro (no que aproveito para fazer uma divulgação) sobre a Guerrilha do Araguaia, que estarei relançando no próximo ano, quando se completam 40 anos do início do movimento guerrilheiro. A primeira edição foi publicada no ano em que a Carol nasceu, 1997. Será para ela a primeira dedicatória dessa nova edição. Em sua memória, em sua lembrança: “Ana Carolina Oliveira Campos: uma parte de mim que faltava... uma parte de mim que se foi”.
“SAUDADE, É O AMOR QUE FICA!”
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BOAS FESTAS, UM FINAL DE ANO CALMO, TRANQUILO E FELIZ PARA TODOS (AS).
CARPE DIEM!
Até breve.
Caro Professor Romualdo, li emocionado seu relato, deixo aqui meus sentimentos ao Sr. e à sua família. Fica a reflexão sobre os bons momentos que vocês tiveram com a pequena Ana Carolina, sou pai de um garoto chamado Gabriel, ele tem sete anos e é a legria de meu viver. Posso então, tentar entender a dor que vocês sentem. Não tenho palavras para tentar consolá-los mas deixo um abraço e a mão amiga, de eterna gratidão de aprender muito com o senhor, tenho um aluno no Ensino Médio que passou para a segunda fase da UFG para Geografia, indiquei seu Blog como fonte de estudos. Quem sabe ele passará e terá a honra de ser seu aluno?
ResponderExcluirGrande abraço camarada, saudações!
Rúbio Dorneles de Bessa
Ciências Sociais 199/2003
Sem palavras !
ResponderExcluirSou mãe e imagino sim o que sente...somente Deus pra nos dar força! bjoca te adoro Romuca..
ResponderExcluirlindo de mas esse amar que nem depois da morte se acaba bj
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