A
guerra faz parte da história da humanidade. Estudemos história. O ser humano
não melhorou nesses milênios do surgimento das "civilizações". Se
tornou mais perverso, belicoso e se armou com armas muito mais sofisticadas e
destruidoras. A usura e a ganância potencializaram isso.
Por trás dos jogos
de guerra estão os jogos de Poder. Tudo isso juntos e misturados. Então não
temos, necessariamente, que escolher um lado. Mas precisamos conhecer a
história e como se montam, se estruturam e se fortalecem as máquinas de
guerras. Na atualidade a maior máquina de guerra é a OTAN. Paradoxalmente,
criada para combater o avanço do poder soviético e socialista, mas que se
manteve forte e aumentando seu poderio como sempre fizeram os antigos impérios.
Derrotado o nazismo, o ocidente mirava na expansão do poder soviético e do
socialismo. No entanto, o fim da União Soviética, e das transformações das
estruturas políticas e econômicas dos países que a compunham, não significou o
fim da OTAN. A partir daí já não há mais uma disputa ideológica a alimentar
essa máquina de guerra, e sim a manutenção de um sistema, que como os demais
existentes no passado, se enfraquece e vê despontar novos atores na luta pela
hegemonia mundial. Quem controla essa máquina, não deseja perder essa
hegemonia. Afinal, quem tem poder só deseja uma coisa... mais poder.
Vivemos em um
tempo de fluidez, dos deslocamentos rápidos, da informação ágil e em tempo
real. Ao mesmo tempo, vivemos em uma época em que essas mesmas informações se
esfumaçam rapidamente, e desconsideram-se a história, apaga-se o passado. A era
do Tik Tok e do Instagram, das redes sociais interpessoais, consolidou a Era da
Estupidez, do protagonismo do(a) ignorante. Ignorante em seu sentido etimológico,
e até mesmo do seu significado ontológico, considerando-se as circunstâncias
que levaram a construção desses elementos no aspecto do distanciamento da
realidade, do desconhecimento dela. Os dias de hoje transformaram ignorantes em
experts em tudo.
Aí nós passamos a
necessidade do entendimento de que por trás da máquina de guerra existe uma
máquina de poder midiático: o poder da propaganda. Como uma arma de guerra
poderosíssima, aproveitando-se dessa característica dos tempos atuais, com
informações curtas e desconectadas com a história, apostando no esquecimento. A
manipulação grosseira, e a disseminação de mecanismos seja por noticiários, ou
programas medíocres, a fim de manter as pessoas nesse estágio de uma ignorância
orgulhosa de si. Ah, some-se a isso o surgimento de uma outra máquina de
controle ideológico: a religião, principalmente a de viés neopentecostal, da
chamada “teologia da prosperidade”, de um deus perverso, vingativo e
ganancioso. Mas para outros lados do mundo, os deuses são outros, não menos
belicosos e perversos.
Mas há um outro
Poder em disputa. Para além da guerra, mas retroalimentando-se dela: o Poder
econômico. E aí, nesse ponto, vamos encontrar as razões pelas quais as máquinas
de guerras só se fortalecem. Mesmo em tempos de paz. Contudo, a máxima que está
na essência das preocupações daqueles que se beneficiam desses poderes é: “se
desejas a paz, prepara-te para a guerra”. E criou-se uma indústria por trás
disso. Essa frase já foi dita até mesmo por uma figura nefasta, ignorante, que
foi jogado numa cadeira presidencial em um certo país latino-americano. O maior
do Sul do Continente.
Para finalizar, visto que esse textão já se estendeu demasiadamente, que deixemos claro na análise dessa guerra em curso. Mais uma, aliás, porque diversas outras estão acontecendo e já aconteceram nessas duas décadas deste século belicoso. Essa não é uma guerra de viés ideológico, como prevaleceu durante a Guerra Fria. Os países que se enfrentam, o fazem em um mundo praticamente funcionando integralmente dentro da lógica do sistema capitalista, e fortemente integrado. Com raríssimas e pequenas exceções. Embora possamos identificar diversas formações econômico sociais, o determinante e reinante é o modo de produção capitalista. Os embates vigorosos nesse momento que opõe um forte oponente euroasiático (Rússia) e os EUA (leia-se OTAN), tendo a Ucrânia como bode expiatório (não vou entrar nos aspectos geoestratégicos, para isso já escrevi um artigo em meu blog, peço que leiam: https://gramaticadomundo.blogspot.com/2014/05/o-coracao-da-terra-prestes-se-incendiar.html) se dão, portanto, dentro de um mundo dominado pelos capitalistas.
E já que se falam
dos autocratas russos, que foram “descobertos” agora, o que dizer, então, dos
autocratas ocidentais, muitos deles “senhores da guerra”, que se aproveitam das
destruições de países, porque são acionistas de grandes corporações da guerra, e se
beneficiam depois, pois também são acionistas das grandes corporações que irão
reconstruir aquele país destruído em suas infraestruturas. Os autocratas estão
aí, num mundo que não é democrático, mas plutocrático.
Enfim, termino
citando Yves Lacoste, geógrafo francês, que no seu livro “A Geografia, isso
serve em primeiro lugar para fazer a guerra”, escreveu que “o mundo é muito
mais complexo do que nos querem fazer crer”. Para saber mais... só estudando a
história e a geografia.
Escrevi esse texto, originalmente, como um TBT, e publiquei em meu perfil no Facebook. Mas, nitidamente, os algoritmos estão mais seletivos nessa guerra. A visibilidade é reduzida quando o tema é a guerra e não esteja de acordo com a visão estadunidense. Uma forma de "censura democrática", que o Ocidente plutocrata nos oferece sutilmente.
Boa quinta-feira e
bom final de semana. Sem guerra... mas nos preparando para ela. Afinal, somos
seres humanos. Enfim...
(*) SUGESTÕES DE
DOCUMENTÁRIOS:
1 – SOB A NÉVOA DA
GUERRA (DEPOIMENTO DE ROBERT MCNAMARA) – YOUTUBE
2 – ENTREVISTAS COM
PUTIN (Direção de Oliver Stone) – NETFLIX
3 – ANÍBAL – O MAIOR
PESADELO DE ROMA – YOUTUBE
4 – A ARTE DA
GUERRA (HISTORY CHANNEL) – YOUTUBE. * Mas é melhor ler o livro antes.
5 – A DOUTRINA DO
CHOQUE – YOUTUBE
Como sempre, mais um texto ótimo. Parabéns Romualdo.
ResponderExcluirObrigada pela reflexão, sempre certeira, aliás, Romualdo. Parabéns.
ResponderExcluirMuito bom! Parabéns Professor Romualdo.
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