segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A GUERRA CONTRA O TERRORISMO, AO INFINITO E ALÉM!

Nos últimos dias repercutiu-se intensamente a declaração da Presidenta Dilma Roussef, na 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 24 de setembro. Eu pude assistir ao seu pronunciamento ao vivo, e depois ouvi a gravação que foi publicado no Blog Vi o Mundo, que reproduziu o mesmo do Palácio do Planalto. Evidentemente que houve uso político, através de manipulações grosseiras do que ela havia dito. Isso feito não somente por candidatos, como também por meios de comunicação.
O Globonews Painel, da emissora a cabo do mesmo nome, apresentou um debate farsesco, com convidados selecionados a dedo, que demonstravam não só uma evidência de pouco caráter, dado à maneira como abordaram a questão, como deixaram bem claro um completo desconhecimento das posições de outros países, notadamente a Rússia e o Irã. Quanto ao seu apresentador, dispensa comentários, seus posicionamentos conservadores alinhados com os EUA são visíveis desde quando foi repórter internacional e cobriu a crise da União Soviética.
Mas o que disse mesmo a Presidenta Dilma, e que se encontra gravado? [1]
“O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina; no massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação nacional do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia.
“A cada intervenção militar não caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos.
“Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios.

“O Conselho de Segurança tem encontrado dificuldade em promover a solução pacífica desses conflitos. Para vencer esses impasses será necessária uma verdadeira reforma do Conselho de Segurança, processo que se arrasta há muito tempo”.
Analisemos os fatos.
Em 02 de julho de 2014, a capa da revista Carta Capital[2] expunha aquilo que todo estudioso de geopolítica, ou qualquer um que busca informações em conteúdos honestos, sabem: “Iraque, a guerra inventada por Bush cria o mais perigoso estado terrorista do mundo”.
A reação ao discurso da Presidenta Dilma não é somente postura motivada pelo momento eleitoral, é o comportamento daqueles que sempre se alinharam aos interesses dos Estados Unidos. Isso desde quando aquele país apoiou o golpe militar brasileiro, com o apoio da burguesia de lá e daqui. Repete-se nesse momento, uma situação semelhante, quando a geopolítica da guerra fria impunha as escolhas sobre qual dos lados se deveria ficar. Nitidamente, esse alinhamento é a contrapartida dada por tais candidatos à preferência explícita de Washington, tanto a Aécio Neves, quanto, principalmente, a Marina Silva, porque esta, além de mais frágil politicamente, representa melhor o que para eles pode significar a desconstrução dos governos do PT.
Mas o que está por trás dos discursos proferidos na Assembleia Geral das Nações Unidas, tem muito mais abrangência e aborda aquilo que pode vir a ser o estopim de mais uma grande guerra mundial. Assim como, a análise do comportamento dos EUA e países europeus, não pode ser descolada da abordagem da crise econômica que afeta o mundo, e em especial os países mais ricos.
Para simplificar algo complexo, vou começar por estabelecer um parâmetro entre a grande depressão da década de 1930 e a Segunda Guerra Mundial. Um dos fatores que levou os EUA a sair da crise foi o alto investimento do Estado na indústria bélica, e de lá para cá, acentuou-se a níveis estratosféricos os investimentos nesse setor. Legal, ou ilegalmente.
Repercussão na imprensa
do escândalo Irã-Gate
Basta pegar o exemplo do caso Irã-Contras, também conhecido como Irã-Gate. Creio que poucos se lembram desse fato, ocorrido em 1986. Em plena guerra Irã x Iraque, com os EUA apoiando o Iraque de Sadam Hussein (é isso aí mesmo que está escrito), estabeleceu-se uma relação promíscua, sorrateira, com o contrabando de armas, coordenado pelo assessor do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, coronel Oliver North. A venda de armas para o Irã, resultaria em mais uma ligação perniciosa expondo os tentáculos da política externa desse país. Segundo as investigações desse escândalo os lucros desse negócio foram enviados para os “Contras”, grupo direitista que combatia os Sandinistas na Nicarágua. [3]
Logo em seguida, embora em um affair construído no início dos anos 1980, quando a União Soviética invadiu o Afeganistão, as ações de parlamentares, da CIA e depois envolvendo diretamente o governo dos Estados Unidos, também durante o governo Ronald Reagan, possibilitou uma aliança que traria futuras dores de cabeça. Determinados a derrotar os soviéticos, principais inimigos na guerra fria, os EUA não vacilaram em dar apoio à Osama Bin Laden e aos seus seguidores Talibãs. Chamados por Reagan de “guerrilheiros da Liberdade”.[4]
Ronald Reagan se encontra com os talibans (1985)
“Estes senhores são os equivalentes morais
 dos pais fundadores da América”. (Reagan)
Seguindo-se a máxima de que “o inimigo do meu inimigo é o meu amigo”, a política externa dos EUA desde há muito se baseava no pragmatismo oportunista, de derrotar adversários financiando e armando os inimigos destes.[5] Com isso, alimentava a indústria da guerra, aquela mesma que ajudou na alavancagem da economia na grande depressão da década de 1930 e se tornou desde então base da economia estadunidense. Listamos assim dois casos, de fortalecimento de governos ou governantes que seriam depois alvos de acusações por possíveis apoios a grupos terroristas, o Sadam Hussein, na guerra contra o Irã, e os Talibãs, na guerra contra os Soviéticos. Mas tem mais.
O ano de 2001 representa um divisor de águas. O ataque ao Word Trade Center redefiniria os alvos do império. Serem atacados em pleno coração econômico e político deixaram cegos os dirigentes estadunidenses, e uma tragédia de erros foi desencadeada quando a vingança desejada, mas a guerra já de antemão planejada, levou os EUA a abrirem uma nova caixa de Pandora. O que se seguiu em termos de política externa não fugiu à regra das estratégias gerais geopolíticas definidas desde Nicholas Spykman e sua teoria da contenção. 
Contudo, erros grosseiros na forma da guerra, com uma estratégia equivocada que mirava um inimigo invisível, ou, quando visível, rapidamente substituído quando eliminado. A guerra ao terror, uma nova modalidade de combate que mirava em inimigos por todas as partes, e identificava em qualquer opositor um demônio terrorista a ser eliminado. O problema é que esse é um inimigo imprevisível, muito embora possa ser identificado, e que se reproduz na medida em que se reage a ele com o mesmo grau de estupidez e semelhança. Combater o terror sectário religioso com o terrorismo de Estado, fere por completo a civilidade definida em tratados internacionais e abre caminho para o fim dos valores criados quando da criação da Organização das Nações Unidas.
Tão grave quanto isso, e como efeito colateral, é a proliferação de grupos terroristas, criaturas que se reproduzem em meio à absoluta falta de regras nos combates das coalizões formadas à revelia da ONU. Estados organizados, verdadeiras potências econômicas e militares, são forçadas pelos erros estratégicos assumidos na origem, a adotarem os mesmos comportamentos dos grupos terroristas. São engolidos pela “guerra santa” dos jihadistas e adotam um tipo de guerra que não envolvem combates em terra, mas explodem vidas indistintamente, e colaboram diretamente para a explosão de acampamentos de refugiados espalhados por todas as fronteiras do Oriente Médio, acentuando uma crise humanitária que se reflete não somente lá, mas por todo o mundo. Principalmente na Europa, que vê seus países serem invadidos por povos de todas as partes do mundo fugindo das desgraças que lhes atormentam.
Ayman al-Zawahiri, líder da
Al Qaeda
O assassinato de Osama Bin Laden, representou o momento que seria o auge da vingança em resposta aos atentados de 11 de setembro. Definia-se como o ápice da luta terrorista. Mas, rei morto, rei posto. Bin Laden era apenas o primeiro na hierarquia de uma estrutura já consolidada. E, como tanto em organizações revolucionárias, quanto em criminosas, existe uma ordem de comando, onde as peças são substituídas naturalmente. Era sabido que a forma como Bin Laden foi caçado levaria ao crescimento do número de seus seguidores, na mesma proporção em que se ampliava o ódio aos EUA, aos europeus e aos demais países aliados.
Com isso, as células jihadistas se multiplicaram, e as organizações terroristas se espalharam pela Ásia e pela África. Mas o foco da “guerra contra o terror” era aqueles países de importância estratégica. Iraque, Afeganistão, Irã, Coréia do Norte, Líbia, Síria. E assim, a justificativa de combater “terroristas” encobriam ações que visavam estabelecer o controle de territórios potencialmente ricos em petróleo. A estratégia foi ampliada e passou a visar a derrocada de governos indesejáveis. Tendo destruído as infraestruturas do Iraque e do Afeganistão, deixando-os serem reconstruídos pelas corporações dos países aliados da coalização, os EUA miraram aqueles países que resistiam à chamada “Primavera Árabe”. Passaram então, a insuflar rebeliões com o intuito de enfraquecerem os governos da Líbia e da Síria. Na resistência desses encaminharam para o financiamento de grupos de oposição, armando-os para favorecer o combate aberto, armado, que pudesse por fim aos “ditadores”, agora demonizados, antes aliados.
Pelo tempo em que se deu esse financiamento e armamento, as organizações proliferaram e a Al Qaeda, agora sem Bin Laden, mas com o seu novo líder, Sheikh Abu Muhammad Ayman al-Zawahiri, foi transformada em uma verdadeira franquia, a ponto do mesmo ter anunciado recentemente uma nova frente de ação desse grupo, na região da Caxemira. Território disputado entre duas potências nucleares, a Índia e o Paquistão.
A Frente al-Nusra/al-Qaeda executa civis 
na região de Aleppo (Síria)
Enquanto produzo esse texto, me deparo com uma entrevista do presidente Obama, reconhecendo ter os EUA se desligado do perigo que esses grupos, citando especificamente o ISIS (da sigla em inglês, Exército Islâmico do Iraque e da Síria), representavam.[6] Ora, foram os Estados Unidos e países europeus que os fortaleceram. Tanto na guerra da Líbia, que deixou um país completamente devastado e entregue a grupos sectários armados e com governo fraco, como na Síria, onde sabidamente os grupos não somente eram armados como também recebiam voluntários islâmicos jihadistas, ou mercenários, europeus, aos milhares.  O objetivo era derrubar o governo de Bashar Al Assad, aliado da Rússia e do Irã. Transformaram, assim, o território sírio, em um campo minado, com um poder crescente nas mãos desses grupos. [7]
Ao mesmo tempo, em meio aos sectarismo fomentado por um governo xiita, opressor dos sunitas, antigos aliados de Sadam Hussein, e a um Iraque igualmente devastado por anos de guerras, de perseguições e de centenas de milhares de mortos, esses grupos foram agindo dos dois lados da fronteira e avançando sobre cidades mal defendidas e com governos frágeis e corruptos, vinculados a grupos tribais.
Os degoladores da Frente al-Nusra/al Qaeda
 (financiados e armados pelos EUA
 via Arabia Saudita, Jordânia e Turquia) 
distribuem fotos e vídeos
 de seus "feitos e conquistas"
  na internet (2013, na Síria)
Ora, como tais organizações, segundo reportagem publicada no Jornal O Popular[8] em número de quinze (as mais importantes), sendo nove delas surgidas depois dos ataques ao Word Trade Center, se armaram a ponto de se constituir num primeiro momento nos “rebeldes sírios”?
1) Os armamentos adquiridos pelos grupos sectários que usam da barbárie e do terror não são de tudo roubados. Boa parte foram conseguidos pelo financiamento dos países ocidentais (inclusive os EUA) aos grupos que lutavam (e ainda lutam) contra o governo sírio, entre esses a Al Qaeda e o Estado Islâmico;
2) Esses recursos foram enviados (e continuam sendo) através das monarquias árabes aliadas (Arábia Saudita, Qatar etc. );
3) Por todo esse tempo ouvimos que o trabalho dos jornalistas estavam sendo impedidos por ação do ditador sírio. Na verdade eram esses grupos sectários que estavam sequestrando jornalistas, muito embora alguns tenham, de fato, tido dificuldades causadas pelo governo sírio. Sabe-se que pelo menos mais vinte jornalistas estão desaparecidos. Por uma estranha intervenção do governo do Qatar um desses jornalistas foi solto, demonstrando uma influência desse país com os grupos terroristas que agem na Síria.
Brzezinski é um geoestrategista que
assessorou vários presidentes dos EUA,
na foto durante o governo Reagan
Todo esse crescimento de ações de barbáries, assassinatos e execuções em massa, e o fortalecimento desses grupos sectários, são efeitos colaterais das guerras promovidas pelos EUA, seja diretamente por meio de intervenções (Iraque e afeganistão), ou indiretamente, por meio do apoio a esses agrupamentos (Líbia e Síria). O Estado islâmico, assim como os Talibâs, são criaturas pérfidas criadas para se constituírem em instrumentos a serviço de interesses estratégicos dos EUA no oriente Médio desde o período da guerra fria. Para melhor conhecimento dessas estratégias estúpidas aconselho a leitura do livro de Moniz Bandeira, "A Segunda Guerra Fria".
A Coalizão agora formada (mais uma vez, repetindo as ações do governo Bush em 2002) atuará de duas maneiras. Garantindo o envio de armas para o Iraque, a fim de ajudar no combate ao grupo sectário do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (o comércio de armamentos bélicos é sempre uma boa saída para a crise econômica). Ou seja, depois de armá-los para derrotar o governo sírio, pretendem agora armar os que se opõem a eles para derrotá-os(?). Talvez não haja mesmo outra coisa a fazer, já que enviar tropas incorreria na morte de soldados, impactando na opinião pública.
E, principalmente, por via aérea, com utilização de caças e de drones, com a sequência de bombardeios em áreas estratégicas, de possíveis alvos identificados como importantes para o Estado Islâmico. Medida ineficaz para derrotar a organização Estado Islâmico, embora possa destruir parte de sua capacidade bélica. Não se ganha nenhuma guerra somente com bombardeios, sem a ação de tropas de infantarias. Mas, seguramente ampliará os problemas que afetam as populações. E se milhares de moradores de cidades ocupadas pelos jihadistas já se deslocaram para as fronteiras com outros países, os bombardeios da coalizão levará a mais deslocamento, ampliando a crise humanitária e os conflitos que já levaram a confrontos com tropas turcas na fronteira da Síria com a Turquia.
Não se sabe até quando se insistirá em uma guerra cara e ineficaz. Mas o bombardeio em território sírio, sem autorização da ONU e à revelia do governo daquele país, já motivou o protesto da Rússia e do Irã. Desde último, pelo fato de ter sido excluído da coalização, já que o governo iraquiano, xiita, é aliado dos iranianos, e por ser essa corrente islâmica a principal vítima das ações criminosas, com execuções em massa, dos ataques do ISIS.
Armar os inimigos de seus inimigos corresponde a uma trágica e estúpida estratégia de luta de contenção, utilizada pelos Estados Unidos e aliados, que por todo esse tempo tem transformado o Oriente Médio em um verdadeiro inferno. Mas que se estende também para a Ásia, Europa Oriental (Ucrânia) e alimentou também os rebeldes islâmicos na região autônoma chinesa de Xinjiang.[9]
Ora, voltando ao começo, vemos que os argumentos da presidenta estão corretísimos. E são óbvios, embora deturpados pela grande mídia, e por candidatos conservadores, no intuito de atacá-la pelo momento político e pelo alinhamento com os EUA que esses setores possuem.
Por todos esses anos, mesmo anteriormente a 2001, mas piorando a partir daí, a política externa dos EUA tem sido desastrosa, e responsável pela disseminação de grupos terroristas com financiamento de armamentos e com a dissolução das estruturas de governos, fragilizando os estados e facilitando o controle de partes de territórios nacionais por organizações extremistas, sectárias, pregadoras da “jihad”, a guerra santa. Alimentaram, assim, os próprios terroristas que agora eles combatem.
É nítido, portanto, o fracasso da estratégia adotada pelos EUA, muito embora sirva aos interesses de grandes corporações, sejam das que atuam no suporte às tropas militares, sejam às que, como abutres, aproveitam-se da destruição para lucrarem com a reconstrução dos países destruídos pelos bombardeios dessas coalizões.
Não se sabem bem como sair dessa enrascada. O fato é que o uso da mesma estratégia poderá fazer a guerra se estender por todo o Oriente Médio, atingindo a Ásia e deixando a Europa insegura quanto à possibilidade de atentados terroristas. Assim como, tende a acentuar a neurose em torno daqueles que professam o islamismo, principalmente nos países europeus, levando ao aumento das restrições das liberdades individuais com a suspeição indiscriminada e as prisões escoradas em atos de exceções.
O que se propõe, e a presidenta foi clara nesse ponto, é a necessária reforma do Conselho de Segurança da ONU, de forma a criar novas condições para se sair de um comportamento submisso perante os EUA e alterar as formas de lidar com os vários governos, mesmo aqueles que se opõem às ações imperialistas, e os daqueles países cuja maioria de seu povo professa o islã. Além de conter as ações criminosas de agentes espalhados por todo o mundo, principalmente de governos não alinhados às grandes potências que espalham crises e intervêm nos países visando gerar instabilidades e derrubá-los,[10] financiando opositores que, quando não conseguem atingir seus intentos pela via democrática agem no sentido de fomentar grupos terroristas, gerando criaturas que depois voltam-se contra os seus criadores.
Tudo isso são fatores geradores da instabilidade que afeta algumas regiões do mundo, principalmente o Oriente Médio e grande parte da Ásia, atingindo áreas extremamente complexas, como aquela definida por Halford Mackinder – antigo geopolítico britânico –  como o Heartland, ou o “coração da terra”[11]. Me refiro à Ucrânia, explosiva fronteira com a Rússia, e onde as ações dos EUA e da OTAN visam, seguindo a estratégia de contenção, citada anteriormente, imprensar a Rússia em seu território e limitar suas ações que ampliem seus poderes regionais.
O mundo vive um dos seus momentos mais inseguros. A possibilidade desses conflitos regionais envolverem mais países e espalharem-se por outros continentes não é improvável. A necessidade de uma estratégia que vise a paz, torna-se essencial, substituindo a agressividade que tem gerado mais inseguranças e ampliado o poder dos grupos sectários, gerado mais terrorismo e ampliado o número de pessoas deslocadas de seus territórios vivendo em condições sub-humanas em campos de refugiados ou arriscando-se em travessias perigosas por meio de embarcações que em muitos casos não chegam aos destinos. E quando chegam, ampliam nos países que escolhem a xenofobia e os problemas sociais, já potencializados por uma crise econômica que afetam boa parte dos países do mundo, principalmente a Europa.
É inegável que os EUA fracassaram em sua lunática guerra contra o terrorismo. E a frase que usei para intitular esse artigo foi apropriada de um personagem de animação, do filme Toy Store. Buzz Lightyear, um astronauta de brinquedo que se julga um “super-herói”, cujo poder era superestimado, e repetia sempre o mesmo bordão: “ao infinito... e além”. Assim me parece ser a tentativa dos EUA de declarar guerra a um inimigo difuso e invisível, criado por suas próprias ações.




[2] QUEIROZ, Antonio Luiz M. C. Costa. O caos será tua herança. Iraque: o resultado da “guerra ao terror”iniciada por Bush é a criação do mais cruel e perigoso estado terrorista do mundo moderno. Revista Carta Capital, nº 806, 02.07.2004. Pp, 22-27.
[7] Pepe Escobar: Como os EUA estão criando o “Siriastão”: http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/09/pepe-escobar-como-os-eua-estao-criando.html
[8] Jornal O Popular. Edição de 28.09.2014. Pág. 15
[9] BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. A Segunda Guerra Fria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. Cap. 6, Pag.  119.
[10] PERKINS, John. Confissões de um assassino econômico. São Paulo: Editora Cultrix, 2005.
[11] MACKINDER, Halford. O pivô geográfico da História. In: Revista de Geopolítica, v. 2, nº 2, p. 3 – 27. Natal-RN, Jul/dez. 2011

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