Nos últimos dias repercutiu-se
intensamente a declaração da Presidenta Dilma Roussef, na 69ª Assembleia Geral
das Nações Unidas, no dia 24 de setembro. Eu pude assistir ao seu
pronunciamento ao vivo, e depois ouvi a gravação que foi publicado no Blog Vi o Mundo, que reproduziu o mesmo
do Palácio do Planalto. Evidentemente que houve uso político, através de
manipulações grosseiras do que ela havia dito. Isso feito não somente por
candidatos, como também por meios de comunicação.
O Globonews Painel, da emissora a
cabo do mesmo nome, apresentou um debate farsesco, com convidados selecionados
a dedo, que demonstravam não só uma evidência de pouco caráter, dado à maneira
como abordaram a questão, como deixaram bem claro um completo desconhecimento
das posições de outros países, notadamente a Rússia e o Irã. Quanto ao seu
apresentador, dispensa comentários, seus posicionamentos conservadores
alinhados com os EUA são visíveis desde quando foi repórter internacional e
cobriu a crise da União Soviética.
Mas o que disse mesmo a Presidenta
Dilma, e que se encontra gravado? [1]
“O uso da força é incapaz de
eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da
Questão Palestina; no massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação
nacional do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos
embates na Ucrânia.
“A cada intervenção militar não
caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos.
“Verifica-se uma trágica multiplicação
do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que
essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos,
morais e civilizatórios.
“O Conselho de Segurança tem
encontrado dificuldade em promover a solução pacífica desses conflitos. Para
vencer esses impasses será necessária uma verdadeira reforma do Conselho de
Segurança, processo que se arrasta há muito tempo”.
Analisemos os fatos.
Em 02 de julho de 2014, a capa da
revista Carta Capital[2]
expunha aquilo que todo estudioso de geopolítica, ou qualquer um que busca
informações em conteúdos honestos, sabem: “Iraque, a guerra inventada por Bush
cria o mais perigoso estado terrorista do mundo”.
A reação ao discurso da Presidenta
Dilma não é somente postura motivada pelo momento eleitoral, é o comportamento
daqueles que sempre se alinharam aos interesses dos Estados Unidos. Isso desde
quando aquele país apoiou o golpe militar brasileiro, com o apoio da burguesia
de lá e daqui. Repete-se nesse momento, uma situação semelhante, quando a
geopolítica da guerra fria impunha as escolhas sobre qual dos lados se deveria
ficar. Nitidamente, esse alinhamento é a contrapartida dada por tais candidatos
à preferência explícita de Washington, tanto a Aécio Neves, quanto, principalmente,
a Marina Silva, porque esta, além de mais frágil politicamente, representa
melhor o que para eles pode significar a desconstrução dos governos do PT.
Mas o que está por trás dos
discursos proferidos na Assembleia Geral das Nações Unidas, tem muito mais
abrangência e aborda aquilo que pode vir a ser o estopim de mais uma grande
guerra mundial. Assim como, a análise do comportamento dos EUA e países
europeus, não pode ser descolada da abordagem da crise econômica que afeta o
mundo, e em especial os países mais ricos.
Para simplificar algo complexo, vou
começar por estabelecer um parâmetro entre a grande depressão da década de 1930
e a Segunda Guerra Mundial. Um dos fatores que levou os EUA a sair da crise foi
o alto investimento do Estado na indústria bélica, e de lá para cá, acentuou-se
a níveis estratosféricos os investimentos nesse setor. Legal, ou ilegalmente.
Repercussão na imprensa do escândalo Irã-Gate |
Basta pegar o exemplo do caso
Irã-Contras, também conhecido como Irã-Gate. Creio que poucos se lembram desse fato,
ocorrido em 1986. Em plena guerra Irã x Iraque, com os EUA apoiando o Iraque de
Sadam Hussein (é isso aí mesmo que está escrito), estabeleceu-se uma relação
promíscua, sorrateira, com o contrabando de armas, coordenado pelo assessor do
Conselho de Segurança Nacional dos EUA, coronel Oliver North. A venda de armas
para o Irã, resultaria em mais uma ligação perniciosa expondo os tentáculos da
política externa desse país. Segundo as investigações desse escândalo os lucros
desse negócio foram enviados para os “Contras”, grupo direitista que combatia
os Sandinistas na Nicarágua. [3]
Logo em seguida, embora em um affair construído no início dos anos
1980, quando a União Soviética invadiu o Afeganistão, as ações de
parlamentares, da CIA e depois envolvendo diretamente o governo dos Estados
Unidos, também durante o governo Ronald Reagan, possibilitou uma aliança que
traria futuras dores de cabeça. Determinados a derrotar os soviéticos,
principais inimigos na guerra fria, os EUA não vacilaram em dar apoio à Osama
Bin Laden e aos seus seguidores Talibãs. Chamados por Reagan de “guerrilheiros
da Liberdade”.[4]
Ronald
Reagan se encontra com os talibans (1985)
“Estes
senhores são os equivalentes morais
dos pais
fundadores da América”. (Reagan)
|
Seguindo-se a máxima de que “o
inimigo do meu inimigo é o meu amigo”, a política externa dos EUA desde há
muito se baseava no pragmatismo oportunista, de derrotar adversários
financiando e armando os inimigos destes.[5]
Com isso, alimentava a indústria da guerra, aquela mesma que ajudou na
alavancagem da economia na grande depressão da década de 1930 e se tornou desde
então base da economia estadunidense. Listamos assim dois casos, de
fortalecimento de governos ou governantes que seriam depois alvos de acusações
por possíveis apoios a grupos terroristas, o Sadam Hussein, na guerra contra o
Irã, e os Talibãs, na guerra contra os Soviéticos. Mas tem mais.
O ano de 2001 representa um divisor
de águas. O ataque ao Word Trade Center redefiniria os alvos do império. Serem
atacados em pleno coração econômico e político deixaram cegos os dirigentes
estadunidenses, e uma tragédia de erros foi desencadeada quando a vingança
desejada, mas a guerra já de antemão planejada, levou os EUA a abrirem uma nova
caixa de Pandora. O que se seguiu em termos de política externa não fugiu à
regra das estratégias gerais geopolíticas definidas desde Nicholas Spykman e
sua teoria da contenção.
Contudo, erros grosseiros na forma da guerra, com uma
estratégia equivocada que mirava um inimigo invisível, ou, quando visível,
rapidamente substituído quando eliminado. A guerra ao terror, uma nova
modalidade de combate que mirava em inimigos por todas as partes, e
identificava em qualquer opositor um demônio terrorista a ser eliminado. O
problema é que esse é um inimigo imprevisível, muito embora possa ser
identificado, e que se reproduz na medida em que se reage a ele com o mesmo
grau de estupidez e semelhança. Combater o terror sectário religioso com o
terrorismo de Estado, fere por completo a civilidade definida em tratados
internacionais e abre caminho para o fim dos valores criados quando da
criação da Organização das Nações Unidas.
Tão grave quanto isso, e como
efeito colateral, é a proliferação de grupos terroristas, criaturas que se
reproduzem em meio à absoluta falta de regras nos combates das coalizões
formadas à revelia da ONU. Estados organizados, verdadeiras potências
econômicas e militares, são forçadas pelos erros estratégicos assumidos na
origem, a adotarem os mesmos comportamentos dos grupos terroristas. São
engolidos pela “guerra santa” dos jihadistas e adotam um tipo de guerra que não
envolvem combates em terra, mas explodem vidas indistintamente, e colaboram
diretamente para a explosão de acampamentos de refugiados espalhados por todas
as fronteiras do Oriente Médio, acentuando uma crise humanitária que se reflete
não somente lá, mas por todo o mundo. Principalmente na Europa, que vê seus
países serem invadidos por povos de todas as partes do mundo fugindo das
desgraças que lhes atormentam.
Ayman al-Zawahiri, líder da Al Qaeda |
O assassinato de Osama Bin Laden,
representou o momento que seria o auge da vingança em resposta aos atentados de
11 de setembro. Definia-se como o ápice da luta terrorista. Mas, rei morto, rei
posto. Bin Laden era apenas o primeiro na hierarquia de uma estrutura já
consolidada. E, como tanto em organizações revolucionárias, quanto em
criminosas, existe uma ordem de comando, onde as peças são substituídas
naturalmente. Era sabido que a forma como Bin Laden foi caçado levaria ao
crescimento do número de seus seguidores, na mesma proporção em que se ampliava
o ódio aos EUA, aos europeus e aos demais países aliados.
Com isso, as células jihadistas se
multiplicaram, e as organizações terroristas se espalharam pela Ásia e pela
África. Mas o foco da “guerra contra o terror” era aqueles países de
importância estratégica. Iraque, Afeganistão, Irã, Coréia do Norte, Líbia,
Síria. E assim, a justificativa de combater “terroristas” encobriam ações que
visavam estabelecer o controle de territórios potencialmente ricos em petróleo.
A estratégia foi ampliada e passou a visar a derrocada de governos
indesejáveis. Tendo destruído as infraestruturas do Iraque e do Afeganistão,
deixando-os serem reconstruídos pelas corporações dos países aliados da
coalização, os EUA miraram aqueles países que resistiam à chamada “Primavera
Árabe”. Passaram então, a insuflar rebeliões com o intuito de enfraquecerem os
governos da Líbia e da Síria. Na resistência desses encaminharam para o
financiamento de grupos de oposição, armando-os para favorecer o combate
aberto, armado, que pudesse por fim aos “ditadores”, agora demonizados, antes
aliados.
Pelo tempo em que se deu esse
financiamento e armamento, as organizações proliferaram e a Al Qaeda, agora sem
Bin Laden, mas com o seu novo líder, Sheikh Abu Muhammad Ayman al-Zawahiri, foi transformada em uma verdadeira
franquia, a ponto do mesmo ter anunciado recentemente uma nova frente de ação
desse grupo, na região da Caxemira. Território disputado entre duas potências
nucleares, a Índia e o Paquistão.
A
Frente al-Nusra/al-Qaeda executa civis
na região de Aleppo (Síria)
|
Enquanto
produzo esse texto, me deparo com uma entrevista do presidente Obama,
reconhecendo ter os EUA se desligado do perigo que esses grupos, citando especificamente
o ISIS (da sigla em inglês, Exército Islâmico do Iraque e da Síria), representavam.[6] Ora,
foram os Estados Unidos e países europeus que os fortaleceram. Tanto na guerra
da Líbia, que deixou um país completamente devastado e entregue a grupos
sectários armados e com governo fraco, como na Síria, onde sabidamente os
grupos não somente eram armados como também recebiam voluntários islâmicos
jihadistas, ou mercenários, europeus, aos milhares. O objetivo era derrubar o governo de Bashar
Al Assad, aliado da Rússia e do Irã. Transformaram, assim, o território sírio,
em um campo minado, com um poder crescente nas mãos desses grupos. [7]
Ao mesmo
tempo, em meio aos sectarismo fomentado por um governo xiita, opressor dos
sunitas, antigos aliados de Sadam Hussein, e a um Iraque igualmente devastado
por anos de guerras, de perseguições e de centenas de milhares de mortos, esses
grupos foram agindo dos dois lados da fronteira e avançando sobre cidades mal
defendidas e com governos frágeis e corruptos, vinculados a grupos tribais.
Ora, como
tais organizações, segundo reportagem publicada no Jornal O Popular[8] em
número de quinze (as mais importantes), sendo nove delas surgidas depois dos
ataques ao Word Trade Center, se armaram a ponto de se constituir num primeiro
momento nos “rebeldes sírios”?
1)
Os armamentos adquiridos pelos grupos sectários que usam da barbárie e
do terror não são de tudo roubados. Boa parte foram conseguidos pelo
financiamento dos países ocidentais (inclusive os EUA) aos grupos que lutavam
(e ainda lutam) contra o governo sírio, entre esses a Al Qaeda e o Estado
Islâmico;
2) Esses
recursos foram enviados (e continuam sendo) através das monarquias árabes
aliadas (Arábia Saudita, Qatar etc. );
3) Por todo esse tempo ouvimos que o trabalho
dos jornalistas estavam sendo impedidos por ação do ditador sírio. Na verdade
eram esses grupos sectários que estavam sequestrando jornalistas, muito embora
alguns tenham, de fato, tido dificuldades causadas pelo governo sírio. Sabe-se
que pelo menos mais vinte jornalistas estão desaparecidos. Por uma estranha
intervenção do governo do Qatar um desses jornalistas foi solto, demonstrando
uma influência desse país com os grupos terroristas que agem na Síria.
Brzezinski é um geoestrategista que assessorou vários presidentes dos EUA, na foto durante o governo Reagan |
Todo esse crescimento de ações de barbáries,
assassinatos e execuções em massa, e o fortalecimento desses grupos sectários,
são efeitos colaterais das guerras promovidas pelos EUA, seja diretamente por
meio de intervenções (Iraque e afeganistão), ou indiretamente, por meio do
apoio a esses agrupamentos (Líbia e Síria). O Estado islâmico, assim como os
Talibâs, são criaturas pérfidas criadas para se constituírem em instrumentos a
serviço de interesses estratégicos dos EUA no oriente Médio desde o período da
guerra fria. Para melhor conhecimento dessas estratégias estúpidas aconselho a
leitura do livro de Moniz Bandeira, "A Segunda Guerra Fria".
A Coalizão agora formada (mais uma vez, repetindo
as ações do governo Bush em 2002) atuará de duas maneiras. Garantindo o envio
de armas para o Iraque, a fim de ajudar no combate ao grupo sectário do Estado
Islâmico do Iraque e do Levante (o comércio de armamentos bélicos é sempre uma
boa saída para a crise econômica). Ou seja, depois de armá-los para derrotar o
governo sírio, pretendem agora armar os que se opõem a eles para derrotá-os(?).
Talvez não haja mesmo outra coisa a fazer, já que enviar tropas incorreria na
morte de soldados, impactando na opinião pública.
E, principalmente, por via aérea, com
utilização de caças e de drones, com a sequência de bombardeios em áreas
estratégicas, de possíveis alvos identificados como importantes para o Estado
Islâmico. Medida ineficaz para derrotar a organização Estado Islâmico, embora
possa destruir parte de sua capacidade bélica. Não se ganha nenhuma guerra
somente com bombardeios, sem a ação de tropas de infantarias. Mas, seguramente
ampliará os problemas que afetam as populações. E se milhares de moradores de
cidades ocupadas pelos jihadistas já se deslocaram para as fronteiras com
outros países, os bombardeios da coalizão levará a mais deslocamento, ampliando
a crise humanitária e os conflitos que já levaram a confrontos com tropas
turcas na fronteira da Síria com a Turquia.
Não se sabe até quando se insistirá em uma
guerra cara e ineficaz. Mas o bombardeio em território sírio, sem autorização
da ONU e à revelia do governo daquele país, já motivou o protesto da Rússia e
do Irã. Desde último, pelo fato de ter sido excluído da coalização, já que o
governo iraquiano, xiita, é aliado dos iranianos, e por ser essa corrente
islâmica a principal vítima das ações criminosas, com execuções em massa, dos
ataques do ISIS.
Armar os inimigos de seus inimigos corresponde
a uma trágica e estúpida estratégia de luta de contenção, utilizada pelos
Estados Unidos e aliados, que por todo esse tempo tem transformado o Oriente
Médio em um verdadeiro inferno. Mas que se estende também para a Ásia, Europa
Oriental (Ucrânia) e alimentou também os rebeldes islâmicos na região autônoma
chinesa de Xinjiang.[9]
Ora, voltando ao começo, vemos que
os argumentos da presidenta estão corretísimos. E são óbvios, embora deturpados
pela grande mídia, e por candidatos conservadores, no intuito de atacá-la pelo
momento político e pelo alinhamento com os EUA que esses setores possuem.
Por todos esses anos, mesmo
anteriormente a 2001, mas piorando a partir daí, a política externa dos EUA tem
sido desastrosa, e responsável pela disseminação de grupos terroristas com financiamento
de armamentos e com a dissolução das estruturas de governos, fragilizando os
estados e facilitando o controle de partes de territórios nacionais por
organizações extremistas, sectárias, pregadoras da “jihad”, a guerra santa.
Alimentaram, assim, os próprios terroristas que agora eles combatem.
É nítido, portanto, o fracasso da
estratégia adotada pelos EUA, muito embora sirva aos interesses de grandes
corporações, sejam das que atuam no suporte às tropas militares, sejam às que,
como abutres, aproveitam-se da destruição para lucrarem com a reconstrução dos
países destruídos pelos bombardeios dessas coalizões.
Não se sabem bem como sair dessa
enrascada. O fato é que o uso da mesma estratégia poderá fazer a guerra se
estender por todo o Oriente Médio, atingindo a Ásia e deixando a Europa
insegura quanto à possibilidade de atentados terroristas. Assim como, tende a
acentuar a neurose em torno daqueles que professam o islamismo, principalmente
nos países europeus, levando ao aumento das restrições das liberdades
individuais com a suspeição indiscriminada e as prisões escoradas em atos de
exceções.
O que se propõe, e a presidenta foi
clara nesse ponto, é a necessária reforma do Conselho de Segurança da ONU, de
forma a criar novas condições para se sair de um comportamento submisso perante
os EUA e alterar as formas de lidar com os vários governos, mesmo aqueles que
se opõem às ações imperialistas, e os daqueles países cuja maioria de seu povo
professa o islã. Além de conter as ações criminosas de agentes espalhados por
todo o mundo, principalmente de governos não alinhados às grandes potências que
espalham crises e intervêm nos países visando gerar instabilidades e
derrubá-los,[10]
financiando opositores que, quando não conseguem atingir seus intentos pela via
democrática agem no sentido de fomentar grupos terroristas, gerando criaturas
que depois voltam-se contra os seus criadores.
Tudo isso são fatores geradores da instabilidade que afeta algumas regiões do mundo,
principalmente o Oriente Médio e grande parte da Ásia, atingindo áreas extremamente
complexas, como aquela definida por Halford Mackinder – antigo geopolítico
britânico – como o Heartland, ou o “coração
da terra”[11].
Me refiro à Ucrânia, explosiva fronteira com a Rússia, e onde as ações dos EUA
e da OTAN visam, seguindo a estratégia de contenção, citada anteriormente,
imprensar a Rússia em seu território e limitar suas ações que ampliem seus
poderes regionais.
O mundo vive um dos seus momentos
mais inseguros. A possibilidade desses conflitos regionais envolverem mais
países e espalharem-se por outros continentes não é improvável. A necessidade
de uma estratégia que vise a paz, torna-se essencial, substituindo a
agressividade que tem gerado mais inseguranças e ampliado o poder dos grupos
sectários, gerado mais terrorismo e ampliado o número de pessoas deslocadas de
seus territórios vivendo em condições sub-humanas em campos de refugiados ou
arriscando-se em travessias perigosas por meio de embarcações que em muitos
casos não chegam aos destinos. E quando chegam, ampliam nos países que escolhem
a xenofobia e os problemas sociais, já potencializados por uma crise econômica
que afetam boa parte dos países do mundo, principalmente a Europa.
É inegável que os EUA fracassaram
em sua lunática guerra contra o terrorismo. E a frase que usei para intitular
esse artigo foi apropriada de um personagem de animação, do filme Toy Store. Buzz Lightyear, um astronauta
de brinquedo que se julga um “super-herói”, cujo poder era superestimado, e
repetia sempre o mesmo bordão: “ao infinito... e além”. Assim me parece ser a
tentativa dos EUA de declarar guerra a um inimigo difuso e invisível, criado
por suas próprias ações.
[2] QUEIROZ, Antonio Luiz M. C.
Costa. O caos será tua herança. Iraque: o
resultado da “guerra ao terror”iniciada por Bush é a criação do mais cruel e
perigoso estado terrorista do mundo moderno. Revista Carta Capital, nº 806,
02.07.2004. Pp, 22-27.
[5] Washington apoiou e armou os
Talibans: http://ivarfjeld.com/2011/05/14/washington-supported-and-armed-the-taliban/
[7] Pepe Escobar: Como os EUA estão
criando o “Siriastão”: http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/09/pepe-escobar-como-os-eua-estao-criando.html
[8] Jornal O Popular. Edição de
28.09.2014. Pág. 15
[9] BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. A Segunda Guerra Fria. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2013. Cap. 6, Pag. 119.
[10] PERKINS, John. Confissões de um assassino econômico. São
Paulo: Editora Cultrix, 2005.
[11] MACKINDER, Halford. O pivô
geográfico da História. In: Revista de Geopolítica, v. 2, nº 2, p. 3 – 27.
Natal-RN, Jul/dez. 2011
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