ESSE FILME É REPRISE.
Já disse Karl Marx, ironizando os que diziam que a história se repete: ela se repete "da primeira vez como tragédia, da segunda vez como uma farsa".
Foto: site Carta Maior |
EUA e países europeus ameaçam
atacar a Síria. Já vimos esse filme, diversas vezes. Só para avivar a memória,
uma matéria do jornal O Estado de São Paulo (para não deixar duvida quanto a
abordagem ideológica, segue link abaixo) relembra a farsa das armas de destruição em massa, que justificou a invasão do Iraque há dez anos.
As bolsas despencaram em todo o mundo só com essa
notícia do possível, e provavelmente eminente, bombardeio á Síria. Resultado: os grandes investidores, especuladores contumazes, se
aproveitam das baixas geradas pelo medo da guerra, e compram ações em seus
preços em queda.
Os EUA esperaram o momento
adequado, a valorização do dólar. E se aproveitam de um ataque perverso, muito
embora sem explicação sobre quem cometeu o ataque contra a população, podendo
ser também uma ação de grupos terroristas, como a Al Qaeda, que lutam ao lado
dos rebeldes sírios. Afinal, o governo sírio era sabedor de que se usasse esse tipo
de armas estaria provocando as grandes potências. Uma armadilha? Quem sabe? Mas
os velhos aliados não estão preocupados em obter essa resposta. Desejam uma
guerra. A crise econômica exige uma saída. E a guerra é sempre uma saída para a
crise. Vender armamentos é um ótimo negócio, as ações das empresas bélicas são
as únicas que disparam nesses períodos.
Foto: EPA - Voz da Rússia |
Acredito também que exista uma
espécie de retaliação dos EUA à Rússia, pela concessão do visto a Edward
Snowden (que denunciou o "big brother" estadunidense). Como se sabe,
a Rússia, além de maior aliada da Síria, mantém uma base militar naquele país.
A Única base militar russa no Mediterrâneo. Por outro lado, a Síria é o maior
empecilho para se atingir o Irã por terra, via Mediterrâneo. Já que pelo Golfo
Pérsico seriam alvos fáceis da Marinha iraniana.
Aliás, na semana passada foi
confirmado por autoridades da CIA, que os EUA participaram no golpe de Estado
que aconteceu no Irã em 1953. Quem sabe também não tem dedo da CIA nesse ataque
em Damasco? A resposta pode não ser necessariamente uma teoria conspiratória.
Qual o resultado desses ataques? Basta olhar para, a Líbia, o Iraque, o
Afeganistão, e encontrará a resposta. Ou para o Egito, por um caminho
diferente, embora de resultados igualmente trágicos. Enfim, os que sempre se
colocam na condição de libertadores das tiranias são os antigos e atuais
responsáveis pelo caos reinante no Oriente Médio. Da colonização, na
descolonização e na globalização.
O governo dos EUA não passou o "relatório" sobre o uso de armas
químicas para a imprensa. E é estranho ele poder chegar ao número exato de
1429, mortos. Como isso foi conseguido diante do caos reinante na área
bombardeada? Quem passou esses dados? Como a investigação foi feita e por qual
lado? É possível que grupos terroristas que atuam entre os rebeldes possam ter
usado uma estratégia terrorista para atrair o ocidente para a guerra civil
síria. Porque se afirma aquilo que a Casa Branca deseja? Pode ter sido o
governo Sírio o culpado? Tudo pode numa guerra, mas teria sido uma decisão
burra, já que o governo sírio está ganhando a guerra e retomando posições
importantes.
O discurso de Obama é parecido com o de Bush. Até hoje estão procurando as
armas de destruição em massa do Iraque. Na Síria, de fato houve um ataque
covarde à população, mas como confiar em grupos rebeldes sendo que em seu meio,
cada vez mais forte, está atuante à Al Qaeda. Somente na Síria esse grupo não é
terrorista? Todos os dias eles explodem bombas por lá. Isso se parece com a
maneira como os Talibãs foram tratados pelos EUA no Afeganistão para expulsar
os soviéticos. Ronald Reagan, então presidente os chamavam de
"Guerrilheiros da Liberdade". O medo dos EUA, em verdade, é que esses
armamentos químicos, sejam do lado do Assad ou dos rebeldes, possam ser usados
em ações terroristas contra eles próprios. O discurso de defesa humanitária é
"conversa fiada para boi dormir". Se eles atacarem possíveis
depósitos de armas químicas, os efeitos colaterais podem ser pior do que o
rastro de morte que eles deixaram no Iraque. Bombardear um país em guerra civil
só fará aumentar o caos na região. E nenhum país tem o direito de fazer isso
unilateralmente. Os resultados dessa estupidez são maiores do que a estupidez
da própria guerra civil.
Em 2012 escrevi um artigo no Blog Gramática do Mundo sobre a crise na Síria.
Segue o link logo abaixo:
O DISCURSO "HUMANITÁRIO" ALIMENTANDO
MAIS GUERRA, MAIS MORTES E ILUDINDO AS PESSOAS
Essa intervenção não é por direitos
humanos, nem pelas vidas que estão sendo ceifadas em uma guerra estúpida. É
pelo poder e hegemonia em uma das regiões estrategicamente mais importante da
terra, pela riqueza que ela produz e pela necessidade de conter o avanço de
potências regionais como a Rússia e o Irã.
Desde o século XIX geopolíticos
britânicos e estadunidenses escreviam sobre a necessidade de criar um círculo
no entorno do que era considerado como o "heartland" (ou o coração do
mundo), a Rússia e as estepes asiáticas (Mackinder, geopolítico britânico).
Dizia ele que quem controlasse essa região dominaria o mundo. Spykman
(geopolítico) estadunidense concordava com Mackinder sobre o heartland (ou
ilha-mundo), mas dizia que era preciso controlar as franjas que cercavam essa
região (Rimland). Para Spykman para dominar o mundo não é preciso controlar
diretamente o "coração", mas basta cercar o que ele chamava de
"crescente interior". Depois da segunda guerra essa estratégia foi
aplicada pelos EUA, principalmente com a criação da OTAN, e segue sendo assim
mesmo depois da guerra fria.
A necessidade da guerra é por esse
controle, então ameaçado pela eminência do Irã se armar atomicamente, pela
recuperação da Rússia e pelo crescimento econômico da China. Ademais, a guerra
sempre possibilita as economias, principalmente aquelas que estão distanciadas do
centro do conflito (como os EUA, beneficiado geograficamente), se beneficiarem
com o aumento da venda de armamentos. As armas enviadas pelos EUA e potências
européias para alimentar a guerra civil na Síria, e outras, fomentam a
indústria da guerra, são pagas pelos Estados em crise e destroem vidas em todas
as partes do mundo.
O discurso humanitário é um engodo,
difundido pela mídia para iludir incautos, ingênuos e alienados. Criticar isso
não significa tomar partido em algum lado, mas demonstrar, em essência, o que
está por trás dessa guerra. Nenhuma guerra
tem razões humanitárias. E uma guerra, e toda a estupidez que ela
apresenta significa a falência da política. Não há bonzinhos nessa história, há
justas e necessárias reações a governos ditatoriais e fascistas, mas os limites
das fronteiras dos países devem ser respeitados. Os rebeldes que atuam na Síria
são considerados terroristas fora dela, inclusive a AlQaeda que está se
fortalecendo em meio à guerra civil, apesar do avanço sobre áreas dominadas por
eles, pelo exército Sírio.
A PARCIALIDADE DA MÍDIA E A
DESINFORMAÇÃO DOS JORNALISTAS
A mídia brasileira compra o peixe
conforme ele é vendido pelos EUA. Os jornalistas brasileiros, em sua maioria,
reproduzem os informativos do porta-voz da Casa Branca, e não se preocupam em
investigar o que estão noticiando. Sequer buscam na história fatos semelhantes
para desmascarar o poder imperial. Cedem a ele e reafirmam a total submissão
aos seus interesses. Infelizmente não se pode criticar somente os grandes meios
de comunicação. Os jornalistas, em geral, são desinformados sobre a geopolítica
mundial.
No link do jornal Estadão a farsa
preparada para justificar a invasão do Iraque:
http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,com-justificativa-falsa-iraque-era-invadido-ha-10-anos,8951,0.htm
Vejam também:
Artigo de Michel Chossudovsky:
http://real-agenda.com/2013/06/18/eua-dando-armas-quimicas-para-al-qaeda-na-siria/#sthash.JOqGHIXJ.dpbs
Artigo de Robert Fisk:
"O verdadeiro alvo do Ocidente é o Irã, e não a Síria".
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22628
Vejam também:
Artigo de Michel Chossudovsky:
http://real-agenda.com/2013/06/18/eua-dando-armas-quimicas-para-al-qaeda-na-siria/#sthash.JOqGHIXJ.dpbs
Artigo de Robert Fisk:
"O verdadeiro alvo do Ocidente é o Irã, e não a Síria".
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22628
Mais um ótimo artigo meu caro amigo Romualdo. Parabéns. Um grande abraço.
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