domingo, 19 de setembro de 2010

A RADICALIZAÇÃO DA CAMPANHA ELEITORAL, E O DESEJO DO POVO

Nos últimos dias, como acontece no final de todo processo eleitoral, a campanha segue um rumo de radicalidade. O velho denuncismo, uma prática nefasta da política brasileira, porque se baseia muito mais em boatos e evidências do que em fatos concretos, e assim somente possível de ser comprovado depois das eleições, segue ditando o ritmo da eleição presidencial. Na última eleição do Lula, aliás, quiseram até mesmo responsabilizá-lo pela queda do avião da Tam na cidade de São Paulo.

Mas um aspecto do discurso da oposição ao governo Lula tem me chamado a atenção, pelo absoluto despropósito de sua afirmação.

Muito se diz que a democracia é a vontade do povo, expressa livremente e de preferência em caráter absoluto, garantindo que a maioria defina qual o governo deseja.

Acontece que pelos discursos dos derrotados, ou dos assumidamente derrotados, já que não conseguem fazer avançar seu candidato mesmo com toda a avalanche de denúncias, algumas maquiavelicamente guardadas a sete chaves por vários meses para serem desovadas à quinze dias das eleições, o povo é o grande errado nessa história.

Como pode querer o povo eleger uma candidata que dê continuidade ao governo atual, e ao mesmo tempo fazer um limpa no Senado e Câmara Federal, deixando de fora aqueles mequetrefes que arrotaram arrogância, alguns até ameaçando dar surra no presidente da República?

Ora, pelo discurso dos desesperados o povo não deve vetar esses “guardiões”, visto que isso significaria aniquilar a oposição, deixando assim “capenga” a democracia.

Vejam só, a democracia não serve! Como é possível ao povo não eleger a oposição? Por essa lógica, enviesada, de ponta-cabeça, a democracia seria aquele regime onde o povo deveria se preocupar em eleger uma oposição para um governo que ele considera legítimo, popular, e que tem garantido melhorias para a sociedade.

Portanto, garantir maioria parlamentar para um governo que tem aceitação popular, seria golpismo, uma tentativa de “aniquilar” a oposição. E acusam o presidente Lula de, com seus discursos, contribuir para esse esmagamento.

Pobre oposição. Sugerir que o povo não vote segundo seus anseios, democraticamente, é assinar um atestado de incompetência. Daí partir para o desespero, e recorrer ao velho denuncismo, na esperança de que, seguindo os ensinamentos de Goebbels, Ministro de Propaganda de Hitler, esses últimos quinze dias consigam mediante a massificação de denúncias, fazer inverter a vontade popular. Se isso não acontecer, o povo será culpado, por jogar a oposição golpista na lata de lixo.

A sabedoria popular sabe que isso é o que deve acontecer. Para o bem da democracia. Se há necessidade de haver oposição, e essa é uma premissa verdadeira (para um desejo falso dos antigos senhores do poder, que segundo o falecido Sergio Mota, deveriam ficar pelo menos 20 anos no governo) esta deve ser refundada, excluindo para sempre os velhos coronéis, os brucutus de discursos arrogantes, que se apóiam na complacência da velha mídia para arrotarem ofensas e ameaças a fim de retornarem ao poder.

Aliás, devem ser excluídos os coronéis que existem dos dois lados, pois é fato que há também ao lado do governo Lula, e no apoio à Dilma, alguns dessa estirpe, posando de velhos democratas, quando em sua existência tudo que fizeram foi usar da máquina pública para enriquecer-se.

Embora eu defenda a candidatura de Dilma Russef, por uma necessidade de manter o país em um ritmo forte de crescimento, escorado na força e no papel do Estado a fim de reduzir as desigualdades sociais, coisa que essa oposição moribunda jamais fez, ao contrário, sempre governou para os ricos, acredito que uma reforma política é condição sine qua non para começar a dar uma guinada na democracia brasileira.

Portanto, ao contrário do chororô da oposição ao governo Lula, acredito que é fundamental para o país consolidar o seu ciclo de modernização reduzindo esses setores à sua devida insignificância em termos de importância nessa caminhada do Brasil para se tornar uma grande potência mundial, embora o caminho ainda seja longo e conturbado.

Os que sobreviverem aos desejos democráticos do povo saberão que será necessário mudar o rumo de seus discursos. Parar de bajular os Estados Unidos, preocupar-se com a população pobre, reconhecer a importância do Estado para o desenvolvimento Nacional e, investir na educação e no desenvolvimento científico e tecnológico, e, principalmente, perceber que práticas tradicionais de um tempo em que se fazia política à custa da ignorância do povo devem ser revistas, garantindo a esse povo o mínimo de decência e auto-estima.

3 comentários:

  1. Ah, mas aí toda ordem é revertida. Todo progresso é ameaçado. O Brasil não há de avançar senão pelas mãos de um senhor (do sexo masculino mesmo), de reconhecida formação intelectual e que tenha sido nascido, criado e vivido no e para o comando.
    O que este blog propõe é a própria (ou quase) revolução.
    *Não sei se a escolha da Dilma para presidenta representa a definição de um projeto brasileiro de Brasil, mas é certo que sua vitória, sendo ela assim como Lula tão diferente daqueles que estiveram à frente deste país, indica a percepção social desta necessidade.
    **Gostei muito do texto.

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  2. Como se diz por aqui: "É muita safadeza..."
    Ler e ouvir tanta porcaria é uma verdadeira tortura, mas, infelizmente, também faz parte da democracia.
    Quanto ao povo, não me preocupo, ele já compreendeu o seu papel.

    Bj.

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  3. Concordo com sua opinião. E o povo concerteza saberá decidir. Mesmo sabendo que temos um analfabetismo político muito grande, acredito na força do povo sempre.

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