quinta-feira, 16 de setembro de 2010

MÍDIA BRASILEIRA - MANIPULAÇÃO E GOLPISMO

Diante da verdadeira guerra de informações que se trava atualmente no Brasil, por conta do processo eleitoral, em que, abertamente a grande mídia já fez opção por um candidato, e tenta de todas as formas aplicar um último golpe que altere, à força, os desejos do povo brasileiro, resolvi também entrar nessa briga.

Não pude participar no mês de agosto do Encontro Nacional de Blogueiros, em São Paulo, porque estava na Expedição do Araguaia. Lamentei profundamente, porque nos cabe uma tarefa hercúlea de combater incansavelmente o papel vergonhoso que a grande mídia brasileira tem desempenhado nos processos eleitorais aqui em nosso país, desde o escândalo patrocinado pela Rede Globo, para fraudar a eleição de Leonel Brizola no Rio de Janeiro em 1982 (escândalo Proconsult) , passando pela farsa montada no último debate entre Collor e Lula, na primeira eleição pós-redemocratização em 1989, até à última eleição quando outra farsa foi montada no primeiro turno, com fotos preparadas e estampadas em todos os jornais a fim de criar um clima que pudesse levar as eleições ao segundo turno em 2006. E foi o que aconteceu.

Desta vez, o vale-tudo assume proporções escandalosas, e a preferência da mídia por um candidato que tem uma rejeição popular de 50% nas pesquisas de intenção de voto, desanda de tal forma que um ex-presidiário, preso por roubo de cargas, sonegação fiscal e outros crimes, tendo ficado dez meses presos, tornou-se a última fonte de denúncias (sem comprovação) exposta pela Folha de São Paulo. Isso sem falar na pustulenta revista Veja, uma publicação necrótica que não merece nenhuma credibilidade.

Parafraseando um ditado popular, "há algo de podre no reino da mídia brasileira". Certamente a alteração do centro do poder, que deixa de ser a política do eixo SP-MG e assume uma maior diversidade territorial, incomoda aqueles setores que por muito tempo tiveram no Estado brasileiro um porto seguro para ampliar seus negócios. Isso já acontecera em nossa história, e levou à Revolução de 1930 e ao Estado Novo. Depois ao intenso combate à Juscelino Kubstischeck que culminou com o golpe de Estado em 1964.

Rede Globo, Grupo Abril, Grupo Estado de São Paulo, Grupo Folha de São Paulo, constituem-se nos principais monopolizadores da comunicação no país, e temem as transformações que tem ocorrido ultimamente na América Latina.

Cabe-nos neste momento cumprir o papel oposto, e desencadear, como a maioria dos blogueiros sérios estão fazendo, uma verdadeira contra-ofensiva, uma tática de guerra de guerrilhas na comunicação, para combater poderosas estruturas de uma mídia, principalmente televisiva (por ser mais vista), que manipula e falseia as informações causando estragos irreparáveis naqueles que são vítimas das aleivosias dessas corporações.

A internet pode cumprir um papel importante neste momento. Mas ela própria está completamente impregnada de sordidez, na medida em que circulam livremente informações caluniosas, sem a mínima preocupação em se comprovar o que está sendo divulgado e repassado de emails em emails, atingindo milhões de pessoas, transgredindo valores e transformando a propalada "democracia" num velho baú apodrecido de boas intenções, e a "liberdade", num instrumento de achincalhes e ofensas impossíveis de serem reparadas.

Assim, a partir de agora vou repercutir neste blog alguns textos que considerar interessante para melhor esclarecer aqueles que nos lêem. E, eventualmente, também expressarei minha opiniões a respeito da guerra que se trava hoje no Brasil para suceder o mais popular dos presidentes brasileiros, por sete anos achincalhado perversamente, numa tradição da elite que nos acompanha desde os tempos coloniais, por essa mídia representativa de interesses dos setores mais ricos do país.

Vejam o desabafo de Dilma Rouseff à uma matéria mentirosa da Folha de São Paulo:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=137455&id_secao=1

Para começar insiro abaixo um texto de Leandro Fortes, sobre como a revista semanal Carta Capital passa quase que como invisível, na medida em que é a única que procura desvendar as maracutais e os interesses de grandes grupos econômicos.




15.10.2010

A quem interessa tornar a Carta Capital invisível?

Vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo. O artigo é de Leandro Fortes.

Data: 15/09/2010

Do blog Brasília, eu vi - Leandro Fortes

Desde o fim de semana passado, tenho recebido uma dezena de e-mails por dia que, invariavelmente, me perguntam sobre a razão de ninguém repercutir, na chamada “grande imprensa”, a matéria da CartaCapital sobre a monumental quebra de sigilo bancário promovida, em 2001, pela empresa Decidir.com, das sócias Verônica Serra (filha de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República) e Verônica Dantas (irmã de Daniel Dantas, banqueiro condenado por subornar um delegado federal). Juntas, as Verônicas quebraram o sigilo bancário de estimados 60 milhões de correntistas brasileiros graças a um acordo obscuro fechado, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, sob os auspícios do Banco Central. Nada foi feito, desde então, para se apurar esse fato gravíssimo, apesar de o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), ter oficiado o BC a respeito. Nada, nenhuma providência. Impunidade total.

Temer, atualmente, é candidato da vice na chapa da petista Dilma Rousseff, candidata do mesmo governo que, nos últimos dias, mobilizou o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República para investigar uma outra denúncia, feita contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, publicada na revista Veja no mesmíssimo dia em que a Carta trazia a incrível história das Verônicas e a quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros.

Justíssima a preocupação do governo em responder à denúncia da Veja, até porque faz parte da rotina do Planalto fazer isso toda semana, desde 1º de janeiro de 2003. É quase um vício, por assim dizer. Mas por que não se moveu uma palha para se investigar as responsabilidades sobre, provavelmente, a maior quebra de sigilo do mundo ocorrida, vejam vocês, no Brasil de FHC? Que a mídia hegemônica não repercuta o caso é, para nós, da Carta, uma piada velha. Os muitos amigos que tenho em diversos veículos de comunicação Brasil afora me contam, entre constrangidos e divertidos, que é, simplesmente, proibido citar o nome da revista em qualquer um dos noticiários, assim como levantar a possibilidade, nas reuniões de pauta, de se repercutir quaisquer notícias publicadas no semanário do incontrolável Mino Carta. Então, vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo.

Enquanto o governo mete-se em mais uma guerra de informações com a Veja e seus veículos co-irmãos, nem uma palha foi mexida para se averiguar a história das Verônicas S. e D., metidas que estão numa cabeludíssima denúncia de quebra de sigilo bancário, justamente quando uma delas, a filha de Serra, posava de vítima de quebra de sigilo fiscal por funcionários da Receita acusados de estar a serviço da campanha de Dilma Rousseff. Nem o Ministério da Justiça, nem a Polícia Federal, nem a CGU, nem Banco Central tomaram qualquer providência a respeito. Nenhum líder governista no Congresso deu as caras para convocar os suspeitos de terem facilitado a vida das Verônicas – os tucanos Pedro Malan e Armínio Fraga, por exemplo. Nada, nada.

Então, quando me perguntam o porquê de não haver repercussão das matérias da CartaCapital na velha mídia, eu respondo com facilidade: é proibido. Ponto final. Agora, se me perguntarem por que o governo, aliás, sistematicamente acusado de ter na Carta um veículo de apoio servil, não fazer nada para apurar a história da quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros, eu digo: não faço a menor idéia.

Talvez fosse melhor vocês mandarem e-mails para o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a CGU e o Banco Central.

5 comentários:

  1. ótimos textos professor.Vou utilizá-los em uma aula.

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  2. Muito bonita suas palavras. A grande mídia manipula, a Veja, a Globo (todo o grupo). Mas, não é, essa sua iniciativa, outra tentativa de manipulação?
    Seria coincidência você apedrejar (tirando todo o mérito de uma das revistas mais antigas do Brasil) por que ela tem uma "tendência" direitista e encher de elogios a CartaCapital que usou várias páginas para se declarar, abertamente, aliada da campanha da Ex Ministra Dilma??
    Então a corja do PT e PMDB não devem ter questionado e expostos as falcatruas que aprontam? (e todos sabem que são incontáveis)
    Seu texto não se preocupa tanto com a verdade, e sim com a mídia falando mal das pessoas do seu partido. Pois ficou claro que você é no mínimo um simpatizante petista, (partido envolvido em pútridos escândalos nesses últimos 7 anos) por isso é do seu INTERESSE defendê-los. É engraçado ler você dizendo "EU vou esclarecer", ou, "EU vou informar", sendo que desde o primeiro parágrafo ficou claro sua total parcialidade por um partido (PT/PMDB). Então, se é para acreditar em alguém que NÃO está tentando informar e sim aliciar, convencer, porque eleger você e não uma revista que está no mercado a tanto tempo, onde trabalham inúmeros profissionais reconhecidos e gabaritados para o papel que exercem?
    Na verdade não tiro sua razão quando diz que a mídia é tendenciosa, mas eleger a Carta Capital como a certa só por ela estar de acordo com sua ideologia(atual) é um ato impensado. Você tem que decidir, ou se propõe a "desmascarar" a mídia tendenciosa(aí você não pode deixar de fora a CartaCapital com sua campanha pró Dilma) ou se sua proposta é combater a mídia QUE VAI CONTRA sua opinião política (que é exatamente o que você está fazendo).
    Nem PT, PMDB, PSDB e todos os outros Ps são certos por natureza, todos (independente de partido) devem ser questionados (pela mídia e PRINCIPALMENTE pela população) quando se enveredam por caminhos tortuosos, e mais do que isso, devem ser PUNIDOS.
    E a mídia, toda ela, deve primar pela informação mais pura possível, livre (na medida do possível) de interferências externas.
    E os blogueiros que se ALISTAM para a missão de ESCLARECER o cidadão, também deve se despir o máximo da opinião pessoal (até criando uma antítese da função do blog)e conhecer um pouco mais sobre a história e função da mídia e do jornalismo (principalmente brasileiro). Caso contrário ele (o blogueiro) irá apenas se contradizer, ou simplesmente irá ressonar o que é dito na grande imprensa (selecionada por ele como a certa).
    Devemos, sim, ler essas revistas e assistir TV com desconfiança. Debater o assunto e primar pela educação da população (afinal só assim é possível notar as artimanhas dos detentores do poder), mas vamos fazer isso sem o pré-conceito, sem valorar, de forma positiva, a mídia que apregoa nossa opinião pessoal, e de forma negativa a que choca com nossos gostos (principalmente político).
    Reafirmo, o papel da mídia é (também) expor (ao máximo) informações que a população quer e precisam saber. E nenhuma delas agem de forma correta ao tender a um partido e realçar apenas o lado positivo desse e o negativo do outro.

    Leandro Amaral

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  3. Leandro,
    O que você expressa é uma parcialidade. O que eu expresso também. O que pode confirmar o que dizemos é a história. Quem tem memória sabe entender o que está acontecendo no Brasil. Você por acaso já viu alguma denuncia sobre tráfico de influência e corrupção no Estado de São Paulo? Não existe? E a roubalheira do rodo-anel da capital paulista? Porque isso não é noticiado? Portanto não seja ingênuo, é claro que temos nosssas escolhas. Cada um faz a sua de acordo com suas convicções ideológicas. A resposta a esses entendimentos é a nossa escolha, mas não queira comparar a posição de Carta Captal a uma campanha sórdida, orquestrada pelos maiores grupos de comunicação do país, cujo objetivo é trazer de volta ao poder aqueles que faliram o nosso país. Ou você já se esqueceu como estava o Brasil quando FHC se foi sem deixar saudades? E o processo de privatização das teles. Leia o livro de Aloysio Biondi, o Brasil Privatizado e encontrará a resposta. O que você diz dos blogueiros é verdade (e é o dircurso desesperado do Serra), mas a internet é o que nos salva, imagine se o que eu escrevo aqui teria espaço em algum desses órgãos de comunicação. Nem você poderia incluir esse seu comentário, mesmo considerando seu discurso saudosista de um tempo perverso para o nosso povo. Discordamos, mas ainda assim ouvimos e repelimos com a crítica.
    Bom, mas por conveniência há pessoas que enxergam bem menos do que os deficientes visuais. São, como dizia Milton Santos, os deficientes cívicos.
    PROF. ROMUALDO PESSOA

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  4. Professor,você é uma luz focada nesse túnel de mentiras, leia, pesquise, fale, escreva e saiba de uma coisa muito importante na vida de um grande professor. Você formou mentes poderosas, para as quais a VEJA,O GLOBO, A FOLHA são uma lástima.
    Abraços de seu discípulo
    Ademir

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