sexta-feira, 9 de junho de 2017

É PRA FRENTE QUE SE ANDA!!

ENTREVISTA DO PROFESSOR ROMUALDO PESSOA AO JORNAL DO PROFESSOR – ADUFG (JUNHO 2017)(*)

1) O que te move a concorrer ao cargo de reitor?
 R – A universidade se acomodou a partir de uma euforia com uma quantidade grande de recursos aplicados pelo governo federal no processo de expansão com o Reuni. O ambiente acadêmico retraiu-se, consolidando suas unidades e laboratórios, mas faltou reforçar a essência da universidade, que se perde quando se fragmenta. Esse olhar crítico que tenho expressado em artigos publicados em meu blog (www.gramáticadomundo.blogspot.com.br) há pelo menos dois anos, me motivou e despertou uma marca que carrego comigo há décadas de lutas na universidade. O desejo de agir quando me incomodo com uma situação que não me agrada. Penso que por todos esses anos, mesmo com muitos recursos e com governos progressistas, até o segundo governo da presidenta Dilma, houve aqui na UFG um processo de desmonte da universidade, com o enfraquecimento de sua estrutura administrativa, com a substituição de técnicos efetivos por terceirizados. Ao mesmo tempo desprezou-se a importância da graduação, e dentro desta a necessidade de fortalecer as licenciaturas. Por esse tempo houve também um ensimesmamento na universidade, e, portanto uma retração na relação com a sociedade. Deixamos de ser protagonistas nas discussões de muitas questões que nos dizia respeito e que envolveu a sociedade intensamente. Tudo isso, e a certeza de que a experiência de anos de luta estudantil, sindical e acadêmica, poderia me possibilitar apresentar novos rumos, me fez deflagrar esse processo e ser o primeiro a colocar o meu nome em discussão para ocupar a reitoria da UFG a partir de 2018.
2) Nesse momento de escassez de recursos, com a conturbação política, quais serão os principais desafios de uma gestão de reitoria?
R – Em primeiro lugar ter muita disposição de lutar pela recomposição dos recursos orçamentários, bem como para garantir que aquilo que a Universidade consegue arrecadar por vários serviços prestados sejam totalmente investidos em nossa instituição. O desafio principal é não se acomodar, procurar unificar os representantes políticos goianos também nessa luta, provocar na Andifes um sentimento maior de combatividade na defesa das instituições federais e, principalmente, unificar a comunidade universitária nessa luta. Precisamos recompor e fortalecer os setores que compõem o ambiente acadêmico para que tenhamos uma universidade forte e com poder de reivindicação e destaque perante o MEC e o MPOG, mas também criar um fórum de defesa de nossa universidade, aglutinando diversos setores da sociedade organizada, governos estadual e municipal. Já fizemos isso em outros momentos de dificuldades e conseguimos passar por períodos igualmente turbulentos com determinação e não se curvando às pressões. Juntar essa luta também com a defesa de nossa autonomia. Agora, acreditamos que para termos sucesso precisamos fazer diferente de tudo que tem sido feito nas últimas gestões, na forma de lidar com as dificuldades. Ser mais proativo, ter coragem de tomar decisões e procurar se antecipar a situações de crises que possam nos desagregar.
 3) Qual a avaliação o professor faz da gestão do professor Orlando?
R – Eu prefiro não olhar somente a gestão do professor Orlando. Para mim sua gestão representa uma continuidade do que foi feito a partir das duas administrações anteriores do professor Edward. Ele foi Pró-Reitor de Administração e Finanças nas duas gestões, portanto não tem como separar sua administração das anteriores. Há diferenças de estilo, mas creio que houve continuidade à maneira como a UFG tem sido administrada nas últimas gestões. Claro que as dificuldades financeiras impactaram numa situação de instabilidade política e de cortes de recursos, mas isso se agravou também por uma opção feita de investir em contratação de técnicos terceirizados. Com isso reduzindo as verbas para custeio e não aumentando o número de técnicos-administrativos, que complica com a diminuição dos terceirizados. Além de ter acentuado uma gestão muito burocrática e excessivamente submissa aos controles que reduzem a autonomia da universidade. E também repetiu os erros cometidos anteriormente em não reforçar a graduação. Sintomaticamente temos nesse processo eleitoral tanto um ex-reitor participando que de forma inédita em nossa história deseja ser reitor pela terceira vez, como também um ex pró-reitor de graduação, que estava no cargo até o final do mês de abril. E essa foi uma área pouco valorizada nas três últimas gestões, embora haja números positivos, e que devem ser melhorados, em relação à inclusão por meio de ações e programas de cotas. Mas faltou focar na qualidade, na revisão curricular para adequar os programas dos cursos às mudanças que ocorreram desde o ENEM até ao SISU. Enfim, faltou nos últimos anos fazer da universidade uma instituição plena, com força e qualidade nos três setores que compõem o tripé acadêmico: ensino, pesquisa e extensão. Tornamos-nos uma instituição fragmentada,  clientelista e fragilizada em sua estrutura admistrativa. Vamos corrigir isso, diminuindo a burocracia, buscando estreitar as relações entre as áreas e conter a alta evasão que afeta os cursos de graduação.
4) O que o professor considera como sendo o ponto mais forte da sua candidatura?
R – A nossa vontade de fazer diferente, promovendo uma mudança completa no quadro de gestores de nossa universidade, a fim de conter certos vícios que se fortalecem com a continuidade de um mesmo grupo no comando, a disposição de refazer o sentido de ser universidade e a proposta de realizar planejamento estratégico, algo que não tem sido feito. Também retomar o protagonismo da UFG na relação com a sociedade e criar um ambiente de debate e discussão sobre problemas que são cruciais dentro e fora da universidade. Em nossas discussões com a comunidade universitária tem havido uma concordância com a necessidade de a UFG mudar de rumo. Podemos fazer mais e melhor, tendo como foco a qualidade e o respeito às diferenças.
5) Para a consulta à comunidade, a sua força de votos maior está entre estudantes, técnicos ou professores?
R – Há uma tradição, não só na UFG, mas nas eleições em outras universidades, que é a fragmentação dos votos entre os professores quando há uma grande quantidade de candidatos em disputa. Creio que isso acontecerá nessas eleições. Os estudantes, só se tornam decisivos quando vota um número elevado, em decorrência do peso proporcional, pelo fato de a quantidade ser bem maior. A não ser que haja uma votação muito expressiva, e é o que desejamos e estimularemos. Já os técnicos administrativos podem ser decisivos, já que costumam votar mais coesos. Nesse ponto, pelas propostas que tenho apresentado e que representam demandas antigas da categoria, como a flexibilização da jornada com turnos contínuos e 30 horas semanais, e a atenção à qualificação e à saúde, tem me permitido transitar com facilidade nesse segmento. Ao mesmo tempo, existem dois outros candidatos que representam o modelo de gestão que até agora não valorizaram muito a categoria e não fizeram ampliar o quadro de técnicos efetivos. Optaram por criar comissões que sempre protelaram decisões que já poderiam ter sido tomadas. Por minha história de luta desde os tempos do movimento estudantil e também por ter sido duas vezes presidente do nosso sindicato (ADUFG) e da SBPC, creio que conseguirei obter votos expressivos em todas as categorias. São trinta e cinco anos lutando em defesa da UFG, creio que haverá um reconhecimento a isso e o momento de crise reforça a necessidade de termos um reitor com perfil de luta, coragem, determinação e que consiga angariar respeito nos três segmentos que compõem a comunidade acadêmica.


UFG PRA VOCÊ! DIVERSIDADE & QUALIDADE.



*Essa é a íntegra da entrevista que concedi ao Jornal do Professor. Por razões de espaço a entrevista foi editada. Publico aqui em toda a sua integridade, as razões pelas quais nos colocamos como candidato a reitor da UFG.


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