Algo de podre está acontecendo nas
redes sociais diretamente, e na grande mídia de forma dissimulada. Com a
proximidade das eleições, estão despertando um lado perverso e canalha de algumas
pessoas. Um comportamento que não se manifesta no contato interpessoal, mas
encontra no mundo virtual a coragem de expor comentários virulentos, ofensivos
e desrespeitosos. Além de acusações contra desafetos políticos sem que se
apresente qualquer tipo de provas. Aliado a isso, o pessimismo, a descrença, o
medo, vão sendo alardeados de tal forma que as pessoas se sentem vivendo dentro
daquilo que está sendo construído por essas intervenções virtuais. As condições
reais de nossas existências são tridimensionadas e elevadas a um patamar muito
mais exagerado do que a própria realidade se apresenta. O sentimento de
impotência e revolta surge naturalmente e torna as pessoas alvos fáceis das
manipulações.
Esse sentimento tem sido despertado
mediante uma estratégia que já foi adotada em outros países. Estou lendo o
livro “A Segunda Guerra Fria”, de Moniz Bandeira, e os relatos são
impressionantes. Recheados de dados e referências, o autor demonstra como a maioria
das “revoluções”, ou revoltas, que derrubaram governos em várias partes do
mundo, alguns eleitos legitimamente, iniciaram através de ações desenvolvidas
por ONGs estadunidenses, e até mesmo órgãos oficiais daquele país, como a CIA e a
USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional - United States Agency for International
Development).
Uma citação, à página 96, demonstra
claramente isso:
“Intervir em eleições estrangeiras
sob a máscara de interesse imparcial de ajudar a sociedade civil tornou-se o
precedente do pós-moderno coup d’etat
patrocinado pela CIA, no Terceiro Mundo, adaptado às condições pós-soviéticas”.
Johathan Steele, do The Guardian de
Londres, em novembro de 2004.
Dessa data para cá se
intensificaram as ações que possibilitaram as chamadas “resistências pacíficas”,
inspiradas nos ensinamentos de Gene Sharp, através de seu livro “Da ditadura à
democracia”, todas elas devidamente apoiadas politicamente por uma infinidade
de ONGs, todas elas financiadas pelo governo dos EUA ou por grandes
financistas, como George Soros.
A situação vivida pela Venezuela é
consequência dessa estratégia. Como também o foi na Ucrânia, na Síria, em
Honduras etc. Seguramente, isso irá acontecer aqui no Brasil até as eleições e,
acredito, se intensificará na eminência de continuidade do governo atual, com a
reeleição da presidenta Dilma Roussef.
As análises sobre esses processos
demonstra que ao não obter sucesso no processo eleitoral democrático, essas
forças ampliam as pressões e instigam revoltas no intuito de desestabilizar os
governos eleitos até o limite da repressão ocasionada pelas forças militares
internas. Para isso é preciso construir uma sensação de desesperança e crença
que a desordem e o caos estão imperando. Retira-se, assim, qualquer ímpeto de
resistência a uma possível ação desestabilizadora.
O que estamos assistindo é um
reposicionamento das forças geopolíticas mundiais em consequência do agravamento
da crise econômica, escondida pela grande mídia e só divulgado en passant, quando no limite e com escassos
comentários. Essa situação de crise tem gerado enormes dificuldades para os
governos de países centrais, tanto os EUA como os principais países europeus,
que nesse primeiro trimestre de 2014 não chegaram a 1% no crescimento de seus
PIBs, com a maioria deles atingindo decrescimento. E o maior índice foi da
Alemanha, com 0,8% (http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/05/zona-do-euro-cresce-02-no-primeiro-trimestre-de-2014.html)
Isso força essas potências a
ampliarem seus negócios, mediante o controle político dos países que estão fora
de suas zonas de influência, de forma a pressionarem por mais abertura nos
mercados e o controle de setores estratégicos, para que assim suas corporações
possam agir mais livremente de acordo com seus interesses.
A desinformação, a preguiça de ir
atrás da veracidade daquilo que está sendo divulgado, aliado à alienação
peculiar, facilita a adoção desses mecanismos manipuladores, que repetidos à
exaustão assume ares de verdades insofismáveis. Quando, em verdade, e
realmente, são situações determinadas e localizadas, sem representar, como se
apregoa, o declínio da civilização contemporânea, ou algo que o valha. Prato
cheio para oportunistas, fascistas e para aqueles que desejam convencer as
pessoas a ingressarem no mundo da ficção religiosa, de seitas que se deleitam
com a desesperança e com o medo das pessoas.
Repercuti em minha página pessoal
no Facebook essa percepção, e aqui a reproduzo.
Estou impressionado com a
quantidade de pessoas que estão compartilhando postagens produzidas por páginas
organizadas por "fakes". Matérias falsas, ou propagandas
subliminares, são repercutidas sem que haja um mínimo de averiguação sobre a
origem das notícias, em sua maioria, falsas. Algumas são boatos, e boa parte
deturpações de notícias antigas. E o que é pior, muitos que repercutem isso
estão na universidade ou tem curso superior. Por causa desse comportamento uma
dona de casa foi linchada e assassinada em Guarujá, SP. Fico em dúvida se é
desinformação, alienação, oportunismo ou má fé mesmo.
Vivemos, um tempo, de
potencialidades de práticas antigas, mescladas com ares de modernidade
tecnológica. O boato se dissemina virtualmente, e organiza em júbilo antros de
acusadores odiosos, mas seu prólogo acontece nas formas tradicionais, da
violência estúpida em grupo, nos justiceiros que assumem o papel de juízes,
júri e carrascos. Sob os argumentos de ausências de autoridades, mas diante de situações que são reais, como o descontrole do aparato repressivo e a agressividade
de um setor cada vez mais sob pressão: as polícias militares. Sob o medo,
seduzido por ele e manipulado por outros, a multidão torna-se instrumento
daqueles interesses que não se apresentam perceptivelmente.
Nas sombras, escondem-se os reais
interesses, de grupos que disputam avidamente o poder político e desejam
concentrar cada vez mais o poder econômico. Instigam e aproveitam-se dessas
situações, para afinal dar o bote sobre as carcaças de uma sociedade onde as
pessoas não se veem nela, mas apenas os outros. Nesse momento surgem os
reformadores do caos, os mesmos, aqueles que por décadas e séculos controlam as
riquezas, concentram rendas e constroem mundos partidos, sectarizados, mas que
vivem protegidos em muralhas repetindo-se, sob novas conformações, mundos
antigos e medievais. E as massas, como sempre, cumprem bem o papel de massa
de manobra. Com o perdão da redundância.
Está na hora de construir uma
brigada da desconstrução do pessimismo. Mas, como confrontar o grande poder
midiático e o financiamento de grandes corporações e governos hostis, que se
disseminam disfarçadamente nas redes sociais? This is the question!
Para os que consideram exagero as
minhas conclusões, finalizo com a indicação de uma leitura. Um artigo escrito
por Glenn Greenwald, baseado em documentos dos EUA, vazados pelo analista de
sistema que atuava em uma empresa prestadora de serviços para órgãos de
espionagem daquele país, Edward Snowden, atualmente sob proteção da Rússia, que
lhe concedeu asilo.
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