quinta-feira, 15 de maio de 2014

FAKES, FALSÁRIOS E FASCISTAS: COMO DESPERTAR O LADO SOMBRIO DAS PESSOAS

Algo de podre está acontecendo nas redes sociais diretamente, e na grande mídia de forma dissimulada. Com a proximidade das eleições, estão despertando um lado perverso e canalha de algumas pessoas. Um comportamento que não se manifesta no contato interpessoal, mas encontra no mundo virtual a coragem de expor comentários virulentos, ofensivos e desrespeitosos. Além de acusações contra desafetos políticos sem que se apresente qualquer tipo de provas. Aliado a isso, o pessimismo, a descrença, o medo, vão sendo alardeados de tal forma que as pessoas se sentem vivendo dentro daquilo que está sendo construído por essas intervenções virtuais. As condições reais de nossas existências são tridimensionadas e elevadas a um patamar muito mais exagerado do que a própria realidade se apresenta. O sentimento de impotência e revolta surge naturalmente e torna as pessoas alvos fáceis das manipulações.
Esse sentimento tem sido despertado mediante uma estratégia que já foi adotada em outros países. Estou lendo o livro “A Segunda Guerra Fria”, de Moniz Bandeira, e os relatos são impressionantes. Recheados de dados e referências, o autor demonstra como a maioria das “revoluções”, ou revoltas, que derrubaram governos em várias partes do mundo, alguns eleitos legitimamente, iniciaram através de ações desenvolvidas por ONGs estadunidenses, e até mesmo órgãos oficiais daquele país, como a CIA  e  a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional  - United States Agency for International Development).
Uma citação, à página 96, demonstra claramente isso:
“Intervir em eleições estrangeiras sob a máscara de interesse imparcial de ajudar a sociedade civil tornou-se o precedente do pós-moderno coup d’etat patrocinado pela CIA, no Terceiro Mundo, adaptado às condições pós-soviéticas”. Johathan Steele, do The Guardian de Londres, em novembro de 2004.
Dessa data para cá se intensificaram as ações que possibilitaram as chamadas “resistências pacíficas”, inspiradas nos ensinamentos de Gene Sharp, através de seu livro “Da ditadura à democracia”, todas elas devidamente apoiadas politicamente por uma infinidade de ONGs, todas elas financiadas pelo governo dos EUA ou por grandes financistas, como George Soros.
A situação vivida pela Venezuela é consequência dessa estratégia. Como também o foi na Ucrânia, na Síria, em Honduras etc. Seguramente, isso irá acontecer aqui no Brasil até as eleições e, acredito, se intensificará na eminência de continuidade do governo atual, com a reeleição da presidenta Dilma Roussef.
As análises sobre esses processos demonstra que ao não obter sucesso no processo eleitoral democrático, essas forças ampliam as pressões e instigam revoltas no intuito de desestabilizar os governos eleitos até o limite da repressão ocasionada pelas forças militares internas. Para isso é preciso construir uma sensação de desesperança e crença que a desordem e o caos estão imperando. Retira-se, assim, qualquer ímpeto de resistência a uma possível ação desestabilizadora.
O que estamos assistindo é um reposicionamento das forças geopolíticas mundiais em consequência do agravamento da crise econômica, escondida pela grande mídia e só divulgado en passant, quando no limite e com escassos comentários. Essa situação de crise tem gerado enormes dificuldades para os governos de países centrais, tanto os EUA como os principais países europeus, que nesse primeiro trimestre de 2014 não chegaram a 1% no crescimento de seus PIBs, com a maioria deles atingindo decrescimento. E o maior índice foi da Alemanha, com 0,8% (http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/05/zona-do-euro-cresce-02-no-primeiro-trimestre-de-2014.html)
Isso força essas potências a ampliarem seus negócios, mediante o controle político dos países que estão fora de suas zonas de influência, de forma a pressionarem por mais abertura nos mercados e o controle de setores estratégicos, para que assim suas corporações possam agir mais livremente de acordo com seus interesses.
A desinformação, a preguiça de ir atrás da veracidade daquilo que está sendo divulgado, aliado à alienação peculiar, facilita a adoção desses mecanismos manipuladores, que repetidos à exaustão assume ares de verdades insofismáveis. Quando, em verdade, e realmente, são situações determinadas e localizadas, sem representar, como se apregoa, o declínio da civilização contemporânea, ou algo que o valha. Prato cheio para oportunistas, fascistas e para aqueles que desejam convencer as pessoas a ingressarem no mundo da ficção religiosa, de seitas que se deleitam com a desesperança e com o medo das pessoas.
Repercuti em minha página pessoal no Facebook essa percepção, e aqui a reproduzo.
Estou impressionado com a quantidade de pessoas que estão compartilhando postagens produzidas por páginas organizadas por "fakes". Matérias falsas, ou propagandas subliminares, são repercutidas sem que haja um mínimo de averiguação sobre a origem das notícias, em sua maioria, falsas. Algumas são boatos, e boa parte deturpações de notícias antigas. E o que é pior, muitos que repercutem isso estão na universidade ou tem curso superior. Por causa desse comportamento uma dona de casa foi linchada e assassinada em Guarujá, SP. Fico em dúvida se é desinformação, alienação, oportunismo ou má fé mesmo.
Vivemos, um tempo, de potencialidades de práticas antigas, mescladas com ares de modernidade tecnológica. O boato se dissemina virtualmente, e organiza em júbilo antros de acusadores odiosos, mas seu prólogo acontece nas formas tradicionais, da violência estúpida em grupo, nos justiceiros que assumem o papel de juízes, júri e carrascos. Sob os argumentos de ausências de autoridades, mas diante de situações que são reais, como o descontrole do aparato repressivo e a agressividade de um setor cada vez mais sob pressão: as polícias militares. Sob o medo, seduzido por ele e manipulado por outros, a multidão torna-se instrumento daqueles interesses que não se apresentam perceptivelmente.
Nas sombras, escondem-se os reais interesses, de grupos que disputam avidamente o poder político e desejam concentrar cada vez mais o poder econômico. Instigam e aproveitam-se dessas situações, para afinal dar o bote sobre as carcaças de uma sociedade onde as pessoas não se veem nela, mas apenas os outros. Nesse momento surgem os reformadores do caos, os mesmos, aqueles que por décadas e séculos controlam as riquezas, concentram rendas e constroem mundos partidos, sectarizados, mas que vivem protegidos em muralhas repetindo-se, sob novas conformações, mundos antigos e medievais. E as massas, como sempre, cumprem bem o papel de massa de manobra. Com o perdão da redundância.
Está na hora de construir uma brigada da desconstrução do pessimismo. Mas, como confrontar o grande poder midiático e o financiamento de grandes corporações e governos hostis, que se disseminam disfarçadamente nas redes sociais? This is the question!
Para os que consideram exagero as minhas conclusões, finalizo com a indicação de uma leitura. Um artigo escrito por Glenn Greenwald, baseado em documentos dos EUA, vazados pelo analista de sistema que atuava em uma empresa prestadora de serviços para órgãos de espionagem daquele país, Edward Snowden, atualmente sob proteção da Rússia, que lhe concedeu asilo.

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