O
programa de Pós Graduação em Geografia convida a todos para participação na
Defesa de Tese de ROMUALDO PESSOA CAMPOS FILHO, intitulada: ARAGUAIA:
DEPOIS DA GUERRILHA, OUTRA GUERRA A Luta pela terra no Sul do Pará, impregnada
pela Ideologia da Segurança Nacional (1975-2000), a ser realizada no
dia 22/11/2013 às 14h, no Instituto de Estudos Socioambientais
da Universidade Federal de Goiás.
Resumo
Esta tese analisa as transformações
que ocorreram na região Sul do Pará no período posterior à Guerrilha do
Araguaia. Os estudos sobre a região tiveram como objetivo entender a maneira
como o Estado brasileiro, ainda sob o domínio dos militares, adotou políticas
públicas para exercer o controle efetivo sobre uma região recém-saída de um
movimento guerrilheiro, cuja repressão ao mesmo afetou duramente a população,
com muitas pessoas tendo sido presas e submetidas a prisões e torturas. E a
delimitação de um poder paramilitar construído pelo Major Curió. A
caracterização da região visa apresentar as condições de um ambiente inóspito,
profundamente transformado por desmatamentos descontrolados para a
comercialização clandestina de madeira, e posteriormente, tendo como objetivo
transformá-la para a produção agropastoril. As categorias geográficas, região,
território e lugar foram conceitualizadas e compreendidas em suas
peculiaridades, sendo fundamentais na análise do objeto de pesquisa. Estuda as
ações do Estado brasileiro, que define a região, a parte oriental da Amazônia,
como estratégica e, por meio de planos nacional e regional de desenvolvimentos
tentaram exercer um controle sobre ela. Identificamos na pesquisa que as
medidas adotadas seguiram os preceitos contidos na ideologia de Segurança
Nacional, e por ela os movimentos sociais foram criminalizados. Comprovamos que
os órgãos de informação, principalmente SNI e CIE, atuaram com muita ênfase
para conter a organização camponesa e reforçaram o poder do Major Curió, que
desde o final da Guerrilha do Araguaia constituiu-se no elemento chave da
ditadura militar na região, na formação de um poder paramilitar e definindo um
território extenso em que as ações foram duramente executadas mediante um temor
do ressurgimento guerrilheiro. Analisa os conflitos que aconteceram depois da
Guerrilha, fruto da luta camponesa para garantir a posse da terra. Fazendeiros,
autoridades judiciais e policiais, grandes empresários aliaram-se às políticas
implementadas nos planos da ditadura militar e transformaram a região em uma
das mais violentas do País. Foi possível comprovar nossas hipóteses de que os
agentes do Estado brasileiro agiram fundamentados em princípios definidos pela
doutrina de Segurança Nacional, que transformava em inimigos internos aqueles
que reagiram aos roubos de terras públicas praticados impunemente e com o apoio
das autoridades. Assassinatos se sucediam, quando eram eliminadas lideranças
sindicais, clericais e parlamentares, praticadas por pistoleiros e policiais a
mando dos fazendeiros. Ao fim, as hipóteses comprovaram-se, na demonstração da
existência de um poder paramilitar sob o comando do Major Curió, do uso da
ideologia de Segurança Nacional para combater os que lutavam pela posse da
terra e da execução de políticas que favoreciam aos grandes proprietários de
terras e/ou empresas que investiram na região onde antes viviam famílias de
camponeses. Concluímos que as ações do Estado brasileiro foram fundamentais
para gerar as violências que caracterizaram a região diante de um temor
obsessivo da possível reorganização do movimento guerrilheiro. Para tal,
utilizou-se teoria abalizada centrada em obras de autores clássicos da
geopolítica, tanto em suas origens quanto dos estudos brasileiros, neste caso
daqueles vinculados às doutrinas militares geradas em torno da Escola Superior
de Guerra (ESG); as pesquisas feitas anteriormente na região, que analisaram o
fenômeno da ocupação como frentes de expansão e pioneira em trabalhos que se
tornaram clássicos e os relatos de personagens que viveram o cotidiano da
violência e estiveram marcados para morrer
Palavras-chaves:
Guerrilha
do Araguaia; Doutrina de Segurança Nacional; Ideologia de Segurança Nacional;
Ditadura Militar; Violência no Sul do Pará
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