Não somente pelo meu histórico de
participação política, muita intensa no movimento estudantil, à frente da nossa
entidade de professores na UFG e como Secretário Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC) por duas vezes, mas também pelo conteúdo das disciplinas que leciono na Universidade, no
âmbito da geopolítica, tenho sido instado por estudantes a me posicionar em
relação às lutas que tem sido travadas em várias escolas pela juventude
secundarista de Goiás.
Manifesto então publicamente, meu apoio á luta
dos estudantes e professores, principalmente contra a militarização de escolas.
Aliás, sou pela desmilitarização da polícia, que dirá ver essa instituição como
responsável pela preparação educacional de jovens. Não é função da polícia
cuidar da educação, isso pode trazer como efeito uma formação autoritária.
Quanto as OS, penso que os modelos
de gestão das instituições educacionais particulares não devem servir como
parâmetros para as melhorias que nosso sistema de ensino está precisando.
Embora lentamente, a educação tem melhorado no país. Muita coisa precisa ser
feita. Mas não será enrijecendo a disciplina e voltando atrás nos avanços
pedagógicos que os problemas serão superados. Ao contrário, precisamos sair das
imposições neoliberais que nosso sistema educacional se vê amarrado há duas
décadas. Simplesmente porque elas não deram certo. E não me refiro
especificamente só a Goiás. Embora as escolas não moldem o caráter dos
indivíduos, e que portanto jamais substituirá a educação familiar, ela deve,
sim, se constituir em espaços de respeito, tolerância e liberdade, sem abrir
mão de preceitos educativos que exigem a valorização do trabalho dos
professores: deve-se manter o princípio da autoridade, como diria Che, “Sin
perder la ternura jamás”
Vivemos uma crise de valores,
porque também nos encontramos em meio a uma transição de modelo de sociedade,
mas que por enquanto não sabemos para onde isso nos levará. Mas não é desejável
retornar ao tempo dos colégios internos, de disciplinas religiosas rígidas e
autoritárias, para onde os pais enviavam seus filhos, a fim de se livrarem dos
conflitos comuns a todos adolescentes. No entanto, compreendo que as mudanças
desejadas só serão possíveis de ser solucionadas com o envolvimento da
comunidade e a participação efetiva dos pais e alunos de cada escola,
procurando envolvê-los em discussão de forma também a encontrar nessas
participações alternativas que melhorem, inclusive, a relação entre alunos e
professores.
A valorização do magistério, com
melhores salários e uma política de requalificação dos professores, é o
primeiro passo. Mas também será a saída para intensos embates que levam a
greves prolongadas e prejudicam o aprendizado da juventude. Tais paralisações,
e, principalmente, radicalizações de todos os lados que impedem acordos,
terminam por se constituir em pretexto do Estado para medidas autoritárias, e
também dos pais dos alunos, que desejam vê-los em instituições que possam
cumprir com seus objetivos e optam, erroneamente, por buscar escolas geridas
por militares.
O Estado precisa encontrar
alternativas que façam avançar a relação institucional, democraticamente, pois
qualquer outra saída levará, sempre, a confrontos desgastantes e prejudiciais à
formação da juventude.
A Universidade também pode dar a
sua contribuição, efetivamente, não por meio de notas curtas e vazias, mas
buscando elaborar sugestões, de forma permanente, que contribuam para encontrar
caminhos que possam qualificar melhor os jovens que em algum momento estarão
buscando seu espaço em algum curso superior. Cuidar mais dos cursos de
graduação, principalmente os de licenciatura, e ter preocupações que extrapolem
as políticas de cotas. A mesma universidade que tem avançado nas pesquisas tem
também sido negligente com a formação de professores. E me refiro aqui como
política educacional geral, e não somente especifica das instituições federais
de Goiás, para além de números e estatísticas que, em muitos casos criam uma
cortina de fumaça.
Pensar na qualidade da formação
secundária dos alunos das escolas públicas, é a condição para que no futuro não
seja mais necessário à universidade a adoção de políticas de inclusão e de
cotas. Até lá, só haverá a possibilidade de selecionar pelo mérito, quando o
ensino público, fundamental e médio, superar crises que são recorrentes.
Portanto, é, sim, uma preocupação
que nos diz respeito, a luta travada nesse momento em Goiás, e assim também o
foi no Estado de São Paulo, e por outros cantos, em busca de alternativas que
não retrocedam às conquistas. Mas que melhorem as condições das escolas, a
qualificação e o salário dos professores, a gestão administrativa e que
valorize os aspectos pedagógicos que focam na formação de jovens com espíritos
de cidadania, respeito à democracia e uma disciplina que garanta os princípios
da autoridade na relação professor-aluno, mas que não incorra no erro de
imposições autoritárias a fim de moldar jovens cordatos e alienados,
distanciados das condições reais e objetivas que lhes cercam.
· QUE
AS ESCOLAS SEJAM ESPAÇOS DE FORMAÇÕES SOLIDÁRIAS, HUMANAS, DE TOLERÂNCIA E
RESPEITO.
· QUE
OS PROFESSORES SEJAM VALORIZADOS PELO QUE REPRESENTAM E NÃO SEJAM HOSTILIZADOS
EM SEUS AMBIENTES DE TRABALHO.
· QUE
SE ESTABELEÇA UM AMBIENTE DEMOCRÁTICO, MAS QUE OS MESTRES NÃO PERCAM A
AUTORIDADE EM SUA SALA DE AULA.
· QUE
OS PAIS NÃO VEJAM NA ESCOLA UM ESPAÇO A SUBSTITUIR O AMBIENTE FAMILIAR.
· QUE
O ESTADO NÃO ENCARE AS DIVERGÊNCIAS COMO UMA DECLARAÇÃO DE GUERRA
· QUE
OS PROFESSORES E DEMAIS SERVIDORES BUSQUEM ALTERNATIVAS DE LUTAS QUE NÃO CAUSEM
PREJUÍZOS À FORMAÇÃO DA JUVENTUDE.
· QUE
A GESTÃO SEJA PARTICIPATIVA, EM CORRESPONSABILIDADE, ENVOLVENDO
ESTADO-ESCOLA-COMUNIDADE.
· PELO FORTALECIMENTO E O RESPEITO ÀS ENTIDADES ESTUDANTIS SECUNDARISTAS.
· PELO FORTALECIMENTO E O RESPEITO ÀS ENTIDADES ESTUDANTIS SECUNDARISTAS.
DE ACORDO
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