Infelizmente não
estamos livres dos vícios, da agressividade, do discurso de ódio e das ações
maldosas que permeiam o ambiente virtual que se espalharam pelas redes sociais
desde 2017. Embora sabendo que esse comportamento é milenar, mas traduzido como
mentiras, principalmente em ambientes de disputas pelo poder e de guerras, foi a
partir das eleições estadunidenses daquele ano que essa expressão “fake news”
se popularizou, tanto em sua referência quanto na prática.
Junto a isso, e
com a disseminação das redes sociais, mas levado pelo ambiente político
criado pelo uso das fake news, tornou-se também comum a ação de pessoas
provocadoras, que pelo discurso passaram a serem chamadas de “haters”, ou
“odiadores”.
Essas duas práticas são irmãs gêmeas, no sentido de destruir reputações, infernizar a vida de algum oponente ou de alguém que expresse opinião polêmica, não aceita por segmentos políticos conservadores, ou até mesmo por quem deseja desqualificar determinadas ideias, concepções e/ou opiniões, mas que não possuem argumentos sólidos, concretos ou até mesmo que sejam coerentes.
As “fake news” se
disseminam como um raio pelas redes sociais, numa situação de difícil
contestação, porque já se sabe, por estudos e pesquisas realizadas, que há uma
tendência de que as pessoas se guiem mais pelas mentiras do que pelas notícias
fundamentadas em fatos reais. Esse é um mal que corrói a sociedade em tempos de
informações digitalizadas, da velocidade com que a informação chega nas pessoas
e como ela é compartilhada milhares de vezes, sem a observância da veracidade,
ou até mesmo porque algumas pessoas desejam acreditar naquilo que está lendo.
Neste último caso, essa prática se denominou, também principalmente a partir de
2017, como “pós-verdade”. Ou seja, o fato de as pessoas acreditarem somente
naquilo que elas desejam acreditar. Não há espaço para o contraditório.
Nos últimos anos,
aqui no Brasil a partir de 2018, essa prática se disseminou na mesma velocidade
com que a extrema-direita tomou corpo. Obviamente porque desde
então, acentuando-se com a eleição de Jair Bolsonaro e piorando durante a pandemia,
isso se transformou numa arma política e ideológica.
A mentira sempre
foi uma arma utilizada estrategicamente durante os períodos de guerra. E muito
já se repetiu uma frase, “numa guerra a primeira vítima é a verdade”, cujo
autor provavelmente seja Ésquilo, dramaturgo grego que viveu no ano VI antes da
era cristã, pelo calendário ocidental. Porque esconder a verdade, ou espalhar
mentiras, sempre foi uma prática para gerar confusão, omitir como os fatos
reais de fato acontecem, além de demonizar adversários gerando dúvidas nas
pessoas, que terminam por acreditar na versão mais propagandeada.
Bom, se essa já era uma preocupação há mais de dois milênios, nos imaginemos numa realidade em que a informação circula o mundo em segundos. Pois é neste mundo em que vivemos. E por essa velocidade, e com seus mecanismos que possibilitam essa rapidez, que as perversões atingiram uma proporção epidêmica, no Brasil e no mundo.
Essa prática perversa, por mais incrível que isso possa parecer, tem sido utilizada por setores do movimento docente, que defendem ardorosamente a postura sectária da entidade que se diz “sindicato nacional”. Num primeiro momento isso foi feito para atacar o nosso sindicato Adufg, espalhando de forma mentirosa que o modelo de plebiscito eletrônico não era confiável. Sim, algo parecido com a insistência da extrema-direita em acusar as urnas eletrônicas de não serem confiáveis.
Não bastasse
espalhar mentiras para gerar dúvidas, passaram acusar o sindicato, argumentando
que o mesmo não iria conduzir o movimento caso a greve fosse aprovada. Logo em
seguida, agora atuando como “haters”, passaram a replicar com virulência,
comentários nas postagens do sindicato nas redes sociais, e até mesmo em um
vídeo que produzi logo depois da deflagração da greve, reafirmando nossa
posição que a direção do movimento grevista seria de responsabilidade da
diretoria do sindicato, legitimamente eleita pela maioria dos professores e
professoras, para conduzir nossas lutas.
Essa sequência de
mentiras tinha, claro, um objetivo. Desqualificar o nosso sindicato, e, por
extensão, atingir a nossa federação, à qual o Adufg é vinculado, por sua
capacidade já comprovada de conduzir negociações vitoriosas com o governo, como
foi no caso da reformulação de nossa carreira, durante o Governo Dilma Roussef.
Assim, tentando enfraquecer o sindicato por meio de mentiras (ou fake news),
gerando dúvidas entre professores e professoras, visavam forçar a criação de um
“comando local” de greve, pelo qual a condução da greve se daria por esse
“comando”, ficando a diretoria submetida às decisões “democráticas” do que eles
chamam de “base”. Para nós, que conhecemos essa prática de há muito tempo, uma
clara tentativa golpista de usurpar o poder da diretoria do sindicato, delegado
no processo eleitoral legítimo.
Esse tal “comando
local de greve” (já criado paralelamente de forma desrespeitosa, dividindo o
movimento) reportaria ao “comando nacional de greve” do Andes. O que seria
outro golpe, pelo fato de o Adufg-Sindicato não ser vinculado à essa
organização, mas sim ao Proifes-Federação. Essa confusão, há anos é
provocativamente reforçada, por um grupo de colegas que faz oposição à
diretoria do Sindicato. Nas assembleias, por meio de discursos dissimulados,
nos acusam de estarmos alinhados ao governo, e com confusões também propositalmente
criadas nesses fóruns, com o objetivo de dispersar uma parte dos colegas
presentes, a fim de poder levar a cabo suas intenções golpistas, e por meio do
“comando” o que desejam seria assumir o controle das decisões a serem “obrigatoriamente”
implementadas pela diretoria da Adufg, porque pretensamente teria sido decisão
da “base”.
Além dessas duas
questões, que envolvem Andes x Proifes, em nível nacional, e diretoria do
Sindicato-Adufg x golpe de quem não aceita resultado eleitoral, há outros
elementos. Aí entramos no campo do uso de uma forma de luta legítima, mas que
deve ser utilizada estrategicamente no momento de impasse final de negociações:
a greve. Esses nossos colegas opositores, professores e professoras, que se
julgam serem eles os “verdadeiros democratas”, e assim se denominam em grupo
recém-criado responsável por criar esse “comando” paralelo, e que replicam aqui
essa postura e comportamento sectário do Andes, tem na greve um fim, e não um
meio, dentro de um processo de negociação. Ademais, buscam inserir um número
grande de reivindicações, para além das questões salariais, para que, quando a última contraproposta for apresentada e não ser aquela por
eles indicada desde o primeiro momento, possam assim defender o prosseguimento
da greve ad-infinitum, conforme já aconteceu em anos anteriores.
A história está
aí, é só pesquisar. Quantas vezes a Andes prosseguiu teimosamente na greve
mesmo em fim de negociação, sem conseguir nenhum resultado positivo para sua
proposta. Porque a greve passa mais a se constituir em uma arma política para
emparedar e desgastar o governo, mesmo sendo este progressista e estar disposto
a atender nossas demandas, apesar de que pela conjuntura isso se dê de forma
mais lenta do que desejamos.
Entre fake-news, e
ação de haters, o objetivo é claro. Nos conduzir para uma greve sem fim, com o
objetivo de atender a seus interesses políticos de segmentos minoritários de
extrema-esquerda, que neste particular se alinha à extrema-direita na estratégia
de enfraquecer o governo Lula.
De nossa parte nos
interessa conseguir, por meio da mesa de negociação em curso, algum avanço
positivo em relação à proposta inicial feita pelo governo. Já avançamos, mas
pensamos que podemos exigir mais e que o governo pode ceder um pouco mais.
Assim se negocia, e dessa forma vamos chegando a acordos mesmo que não seja o
ideal, mas que seja o possível em meio às situações difíceis pelas quais passa
o governo, emparedado pelo Congresso e por bancadas fortemente organizada de
setores de direita e extrema direita que sequestraram um terço do orçamento,
por meio das chamadas “emendas impositivas”. Mas que seja o acordo possível,
dando-se as garantias de correção em nossas carreiras, mantendo-se aberta mesa
de negociação especificamente para a categoria docente, assim como também tenta
fazer os servidores técnicos-administrativos.
A história se faz
com verdades, não se faz com mentiras. A democracia pressupõe o livre desejo da
maioria, seja para entrar em uma greve, seja para sair dela. O resultado disso
deve ser respeitado, como também deve ser respeitado as escolhas legítimas nas
eleições sindicais, sem que se tente o tempo inteiro usurpar um poder
legitimamente concedido no processo eleitoral, pela maioria dos professores e
professoras. Nosso sindicato, um dos mais forte do país, em termos de
estruturas e de percentual de professores e professoras sindicalizados, tanto
entre ativos como entre aposentados, merece respeito. E não será por meio de
golpes que conseguirão nos dobrar, nem impedir que lideremos nossa categoria e
conduzamos o movimento grevista com seriedade e sem manipulações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário